JL: Como foi formada a CCGB?
Rita Ié: Um grupo de guineenses achou que para a difusão e congregação de tudo aquilo que faz parte da cultura guineense era importante criar uma casa aqui, na diáspora, em que pudéssemos acolher todos os promotores culturais da nossa identidade. Não foi a primeira tentativa, mas achámos que este era o momento para criar algo que ficasse e pudesse crescer, demonstrando a nossa diversidade cultural.
Qual será o plano de ação?
O objetivo é conciliar todas as tradições guineenses, das artes, do pensamento, das visões, através de personalidade com o devido valor e experiência no nosso cenário. Não só queremos agregar toda essa cultura dentro da casa, como aproveitar para difundi-la pelo mundo. Queremos mostrar os nossos artistas ao mundo e, ao mesmo tempo, interagir com outras realidades culturais.
E em termos concretos, o que vão fazer a curto prazo?
Em 2024, temos como grande eixo programático a comemoração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral. Pretendemos realizar sete grandes atividades. Entre elas, um colóquio sobre o legado cultural de Amílcar Cabral, o seu pensamento e tudo aquilo que ele representa não só na luta pela independência da Guiné e de Cabo Verde, mas também a nível mundial. Faremos um encontro nacional de artistas e escritores guineenses; a institucionalização de um prémio literário nacional, que tem como patrono Vasco Cabral, um grande poeta da nossa terra; e uma coleção de livros sobre o pensamento de Amílcar Cabral. Isto além de exposições de artes plásticas e artesanato, uma mostra de cinema e um concerto de homenagem José Carlos Schwarz, um grande músico da Guiné do período pré e pós-independência.
Com que apoios?
De momento, temos o apoio de várias entidades associadas à cultura e não, através de doações. Não termos um financiamento para tudo aquilo que pretendemos fazer. Mas temos encetado contactos com diferentes instituições para estabelecer parcerias, não só do setor público, mas também do setor privado, quer em Portugal que na Guiné-Bissau.
Acha que há um défice de conhecimento da cultura guineense em Portugal, comparando com outros países lusófonos?
Existe esse défice, em parte também por responsabilidade nossa, de não nos darmos a conhecer tanto quanto devíamos. Nos últimos tempos, temos sido mais expressivo e ativos. Mas ainda existe essa carência, daí a importância desta casa, para mostrar quilo que fazemos e o que nos identifica como povo.
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