Tradutor “mais estiloso do mundo” vai à CAN, mas antes promoveu ação solidária na Guiné-Bissau – CAN

Manik Mané distribuiu camisolas oferecidas pelo Famalicão a crianças e jovens do país das suas raízes


Manik Mané começou a atrair a atenção mediática há cerca de quatro anos, quando em março de 2020 foi o tradutor nas conferências de imprensa relativas ao Sp. Braga-Rangers da Liga Europa, impressionando pela indumentária. Desde então, já surgiu noutras conferências dos arsenalistas em compromissos europeus e também é frequentemente requisitado fora do país, até porque, apesar de ser natural de Guimarães, tem vindo a residir no Reino Unido.

Aos 30 anos, prepara-se para um novo desafio: foi requisitado para ser um dos intérpretes oficiais da CAN, que arranca precisamente este sábado, com um duelo entre a anfitriã Costa do Marfim e a Guiné-Bissau (20 horas). Nem de propósito, as suas origens familiares são da Guiné-Bissau e foi por lá que esteve nos últimos dias a promover (mais) uma ação solidária.

“Vim cá pela primeira vez aos 26 anos, a cultura guineense sempre fez parte da minha vida em casa”, começa por dizer, em conversa com Record, ele que é filho de Abdu Mané, antigo jogador do V. Guimarães e do Gil Vicente, e primo de Cafú, antigo capitão dos vimaranenses. 



Com Carlos Carvalhal e Castro, no Sp. Braga, numa conferência da Liga Europa em 2021



A ligação sentimental a esta nação da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a informação que foi recolhendo in loco fez com que começasse a promover ações solidárias junto dos mais novos e mais necessitados.

“Na primeira vez que vim cá, reparei que há um grande défice infraestrutural e de recursos para a educação e desporto, então, quando voltei, decidi que com os próprios meios (que não são muitos) queria ajudar as crianças na medida do possível. Já há quase dois anos que todos os meses faço algumas compras de materiais escolares e, quando tenho uma certa quantidade, envio com a ajuda da minha mãe”, explica-nos.

“O mesmo se aplica a artigos de futebol. No ano passado, o Clube Desportivo de Ponte ajudou-me imenso com mais de 100 equipamentos e 20 pares de chuteiras, luvas e fiz o mesmo, ou seja, distribuí por escolas de futebol mais carenciadas, vizinhos e amigos. Este ano foram o Futebol Clube de Famalicão e o Clube Operário de Campelos a ajudar-me nestas iniciativas! Um agradecimento especial a ambos”, acrescenta. 

Um povo em dificuldades, mas entusiasmado

“Vi uma população extremamente jovem em comparação com Portugal, o futebol na Guiné é uma religião e domina os sentimentos da população, um pouco como em Portugal. Neste momento, o povo está empolgado para o começo da Taça da Nações Africanas, visto que a Guiné-Bissau irá participar e jogar a partida inaugural, contra a Costa do Marfim”, refere Manik Mané.

“Mas, infelizmente, o país tem um grande défice de condições ideais para a prática de futebol: os campos pelados imperam em todas as camadas até aos seniores. Os clubes são geridos com poucos meios e a esmagadora maioria trabalha sem remuneração, faltam bolas, chuteiras… Enfim, é um cenário complicado, mas a vontade e o amor do guineense pelo futebol consegue atenuar todas essas contrariedades, o que é de ressalvar”, conta-nos o tradutor.



A ‘dar cartas’ ao lado de Steven Gerrard em 2020



“Penso sempre em contribuir um pouco. Não consigo vir à Guiné-Bissau sem fazer o pouco que seja para ajudar os mais necessitados. O meu ponto essencial é sempre a educação e usando uma frase do lendário Nelson Mandela: ‘A educação é a arma mais poderosa que podes usar para mudar o mundo’. É importante empoderar os mais jovens e é com isso em mente que faço estas iniciativas. Eu sempre acho que é escasso, mas quando vejo o sorriso estampado nos rostos e a forma que me receberam aqui com cartazes e mensagens emotivas com o meu nome, fico com a sensação de que realmente vale a pena todo o meu esforço”, anota ainda Manik Mané.

Imagem de marca

A verdade é que Manik Mané não passa despercebido sempre que surge em qualquer conferência de imprensa, atendendo, como já mencionámos, às suas escolhas de guarda-roupa. “Jamais pensei que esse rótulo de mais estiloso do mundo viesse para ficar, mas com o passar do tempo ficou mesmo associado a mim. Para meu espanto, no mês passado, na COP 28 das Nações Unidas, no Dubai, vários intérpretes da minha geração e mesmo os mais velhos já me conheciam e falavam mesmo disso das minhas modas”, confessa.

E não será difícil adivinhar que estão aí a chegar novos ‘outfits’ de Manik Mané quando estiver no exercício das suas funções de intérprete durante a CAN.


Manik Mané começou a atrair a atenção mediática há cerca de quatro anos, quando em março de 2020 foi o tradutor nas conferências de imprensa relativas ao Sp. Braga-Rangers da Liga Europa, impressionando …



Por André Gonçalves


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