Tecnologia permite mapear os sítios arqueológicos no Estado de São Paulo

O mesmo padrão é observado nos registros encontrados na serra da Capivara e em outras partes do Nordeste. Para os especialistas, é difícil precisar o significado das gravuras e pinturas, principalmente pela falta de contexto. Por isso, o trabalho dos pesquisadores da USP é mais voltado à catalogação, preservação e tipificação. É notável, no entanto, que possa ter havido algum tipo de intenção por parte de quem desenhou cenas e formas sobre rochas. “Os registros rupestres, seja pintura, seja gravura, são marcadores da memória dos grupos autores”, avalia Cisneiros.

Em São Paulo, as gravuras, talhadas diretamente na rocha, são mais frequentes do que as pinturas, que envolvem pigmentos e predominam no Nordeste. “No Sudeste, há domínio de formas geometrizadas, com poucas cenas e mais grafismos isolados: as figuras têm pouco dinamismo, são mais estáticas”, analisa a arqueóloga da UFPE. Boa parte dos registros no Nordeste fica em margens de rios e a céu aberto, ao contrário dos paulistas, que se localizam sobretudo em abrigos protegidos por rocha.

Todas as características dos registros rupestres fazem Cisneiros pensar sobre as pessoas que viveram ali há milhares de anos. “Entrar em contato com essas informações, poder ver essas gravuras, para mim é um encontro com a ancestralidade, vai muito além de uma descoberta científica”, reflete a pesquisadora.

Projeto
A ocupação humana do sudeste da América do Sul ao longo do Holoceno: Uma abordagem interdisciplinar, multiescalar e diacrônica (nº 19/18664-9); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Astolfo Gomes de Mello Araujo (USP); Investimento R$ 2.236.584,53.

Artigos científicos
AMARAL, M. P. V. et al. Registros rupestres na região central do estado de São Paulo: O Abrigo do Alvo, Analândia, São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. v. 17, n. 2. On-line. dez. 2022.
PERAZZO, M., et al. Caracterização e análise dos registros rupestres do sítio Santo Antônio, Serra Azul, SP ? Brasil. FUMDHAMentos. v. XVIII, n. 2, p. 73-101. mai. 2021.

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

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