Jogador do Vancouver Whitecaps em entrevista a Record
• Foto: USA Today Sports
Ryan Gauld assinou pelo Sporting em 2014 e esteve contratualmente ligado ao clube até 2019. Em Portugal, representou ainda V. Setúbal, Aves e Farense antes de se mudar para o Vancouver Whitecaps, equipa da Major League Soccer (MLS, campeonato que junta equipas dos Estados Unidos e Canadá), em 2021. Este ano fez aquele que diz ser um dos melhores da carreira. Nesta entrevista a Record, o jogador escocês, de 27 anos, fala do futuro (o contrato termina em dezembro de 2024) e das saudades que tem de Portugal e do futebol português.
RECORD – Marcou 12 golos e fez 17 assistências em 42 jogos (todas as provas), foi candidato a melhor jogador da MLS, eleito jogador do ano para o Vancouver Whitecaps, recordista de assistências (28) do clube na MLS, esteve no melhor onze em seis jornadas da MLS e sagrou-se campeão do Canadá pela segunda vez. Estamos a esquecer-nos de alguma coisa do seu rendimento em 2023? Foi o seu melhor ano?
RYAN GAULD – Foi um bom ano em termos individuais. Foi umas das melhores épocas da minha carreira, mas infelizmente não conseguimos fazer mais na liga: perdemos na primeira ronda do playoff. Ainda conseguimos ganhar a taça do Canadá e jogámos na Champions da CONCACAF. Foi uma boa oportunidade para os jogadores. Espero que na próxima época corra melhor.
R – E como se explica este rendimento? Maior adaptação ao campeonato e à equipa, por exemplo?
RG – Estava mais confortável no clube e com os colegas. Nem comecei bem a época, demorei três ou quatro meses para marcar um golo e fazer assistências. Quando estava mais confortável e a jogar na mesma posição comecei a sentir-me melhor e depois de entrar primeiro golo, entrou quase tudo o que rematava. Para a próxima época tenho de trabalhar mais no tempo que temos de férias para conseguir fazer ainda mais.
R – Há o ‘Godfather’ (‘O Padrinho’), um filme muito conhecido, e aí chamam-lhe o ‘Gauldfather’. Sente-se um protagonista?
RG – (Risos). Foi uma brincadeira. Quando cheguei ao clube isso saiu e foi mais uma brincadeira que, por acaso, muita gente do clube e da cidade gostou. Ainda continua com os adeptos.
R – Chamam-lhe isso na rua?
RG – Algumas pessoas sim.
R – Esta época jogou numa posição diferente: ala esquerdo a fazer todo o corredor. Como correu?
RG – Foi num jogo contra o LAFC. Perdemos duas vezes contra eles na Champions da CONCACAF e no jogo seguinte, na MLS, o treinador disse que queria mudar alguma coisa. Jogámos com três centrais e eu atuei como ala esquerdo e a pressionar quem estava à frente para a equipa ser mais agressiva. Jogámos bem, ganhámos 3-2 e eu gostei de jogar nessa posição. Na minha formação, até aos 15 anos, joguei sempre como ala esquerdo.
R – Disse a Record no ano passado que a MLS é incrível. Continua fascinado com o campeonato?
RG – Sim, sim. Gosto do campeonato e acho que ainda está a crescer. A liga tem ainda mais qualidade e, agora, com a chegada do Messi há mais olhos no campeonato. E vai continuar a crescer.
R – Há uma MLS antes de Messi e outra depois de Messi?
RG – Em termos de publicidade, sim. Todos os jogos dão na Apple TV e o número de subscritores quase duplicou. E isto porque o melhor jogador de sempre está na Liga e todos o querem ver. Espero que continue a crescer.
R – Como são de conferências diferentes, não pôde defrontar o Inter Miami – só se jogassem no playoff. Se jogasse contra ele e tivesse oportunidade de lhe dizer algo, o que lhe diria?
RG – Não sei se iria dizer alguma coisa. Não sou pessoa de falar muito, mas pediria para trocar de camisola. Gosto de trocar com os meus amigos no campeonato, mas ter a oportunidade de jogar contra Messi e pedir-lhe a camisola seria muito diferente.
R – O seu contrato com o Vancouver Whitecaps termina em dezembro 2024. Quer ficar ou pensa voltar para a Europa?
RG – Vamos ver. Estou no último ano e ainda não falámos. Gosto do clube e da cidade, mas depende do que querem e oferecem. Mas também gostei de jogar na Europa e vou ouvir quem quiser falar comigo e decidir.
R – Recebeu sondagens ou propostas neste último ano?
RG – Não, não recebi nada porque ainda tinha um ano e meio no contrato. Por isso estava focado em jogar e ajudar o clube e vai ser a mesma coisa no próximo ano. Tenho contrato e não vou pensar muito no futuro e sim como posso ajudar o clube.
R – Apesar de continuar fascinado com a MLS, há algo no futebol europeu de que sente falta e que a MLS ainda não tem?
RG – Acho que a paixão é diferente na Europa. Os adeptos são um pouco mais apaixonados. Aqui, se acabas em último lugar, é tranquilo. Pode mudar-se alguma coisa, mas continuas a jogar na liga; na Europa se acabas em último desces de divisão e é difícil subir outra vez. Falta um pouco disso na competitividade. Mas as coisas são assim aqui e é como sempre vão ser.
R – E sente falta de alguma coisa no futebol português?
RG – Tenho de saudades do país, de tudo. Eu adorei viver em Portugal, jogar em Portugal. Tenho amigos no país e espero um dia voltar a Portugal.
R – Para jogar ou para passar férias?
RG – Para os dois (risos).
R – Continua a visitar Portugal com regularidade?
RG – Ainda não voltei desde que assinei pelo Vancouver, mas este ano vou passar o Ano Novo em Portugal. Vai ser a primeira vez em dois anos e meio que volto. Vou aproveitar para comer bem (risos). Vou passar quatro dias em Vilamoura, onde tenho casa e depois vou uns dias para Lisboa. A minha casa é o Algarve, mas gosto muito de Lisboa.
R – O Sporting foi o clube que o trouxe para Portugal. Continua a acompanhar o clube?
RG – Tento ver alguns jogos, não só do Sporting mas também do Farense. Tento ver quando é possível, quando não é às quatro da manhã daqui. Gosto de ver o campeonato.
R – E o que está a achar do campeonato?
RG – Acho que está a ser um ano competitivo. Sporting, Benfica, FC Porto e Sp. Braga juntos na frente e vai ser uma luta até ao fim. E quanto ao Farense, começou bem e teve vitórias nas últimas semanas. Espero que o clube continue na 1.ª Divisão e encontre estabilidade.
Ryan Gauld esteve contratualmente ligado ao Sporting entre 2014 e 2019
Ryan Gauld assinou pelo Sporting em 2014 e esteve contratualmente ligado ao clube até 2019. Em Portugal, representou ainda V. Setúbal, Aves e Farense antes de se mudar para o Vancouver Whitecaps, equipa da Major League Soccer (MLS,…
Por David Novo
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