Retrospetiva – Economia: Crescimento moderado num ano que Cabo Verde foi contemplado com terceiro pacote do MCC

A decisão foi comunicada no dia 14 de Dezembro e, segundo o MCC, Cabo Verde foi seleccionado em reconhecimento do compromisso claro do país com a governação democrática e os seus significativos desafios de desenvolvimento e redução da pobreza.

A notícia foi celebrada por diversos actores políticos que classificaram o feito como “uma grande vitória” do país, que tinha sido
contemplado com pacotes similares em 2004 e em 2011, nos montantes de 110 e 66 milhões de dólares, respectivamente.

Essa notícia aconteceu num ano em que a economia cabo-verdiana continuou a crescer, embora de forma mais moderada e num nível muito inferior ao ano anterior.

Segundo o Banco de Cabo Verde (BCV), o crescimento económico do país registou um abrandamento no primeiro semestre de 2023 e a fraca procura, os critérios de concessão de crédito ligeiramente mais restritivos para as empresas e a moderação da procura externa turística são apontados como causas.

No seu relatório público em Outubro de 2023, o BCV adianta que, decorrentes desses condicionantes, houve a moderação do consumo privado e das exportações líquidas e contração do investimento.

O abrandamento da actividade económica alargou-se a quase todos os sectores da economia, com particular destaque, para os serviços ligados ao turismo (nomeadamente, alojamento e restauração, transportes e comércio), o que, na perspectiva do BCV sugere que os efeitos positivos de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica, com o fim das restrições à mobilidade e a retoma turística, que teve início em 2021 e que culminou em 2022, poderão ter a desvanecido em 2023.

No primeiro semestre de 2023 a economia nacional cresceu 5,8% em termos homólogos, quando em igual período de 2022 expandiu 18,9%.

O ano fica marcado também pela redução da inflação. Segundo o BCV, a taxa de inflação média anual caiu de 6,6% em Agosto de 2022 para os 5,8% em Agosto de 2023. Essa redução traduziu-se principalmente, no abrandamento dos preços da classe de “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”, na redução dos preços da classe de “transportes”, bem com o abrandamento dos preços da classe de “habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis”.

Igualmente, o défice da balança corrente registou uma “melhoria ténue” face ao ano anterior. Segundo o BCV, no primeiro semestre de 2023 o défice corrente apresentou uma melhoria de 44,7 milhões de escudos, fixando-se nos 3.237,4 milhões de escudos, quando no ano passado tinha uma melhoria de 11.434,4 milhões de escudos para os 3.282,1 milhões de escudos.

Para esta evolução concorreram, sobretudo, o abrandamento registado no ritmo de crescimento das exportações de serviços de viagens de turismo e das remessas de emigrantes, a redução das exportações de serviços de transportes aéreos e das reexportações de combustíveis e víveres nos portos e aeroportos nacionais.

A nível económico o ano de 2023 ficou marcado pela passagem da gestão dos aeroportos à empresa Cabo Verde Airports, no quadro do Contrato de Concessão do Serviço Público Aeroportuário entre o Estado de Cabo Verde e a VINCI Airports.

O escândalo dos relatórios da Inspecção-Geral das Finanças aos Fundos de Ambiente e do Turismo, que apontam para irregularidades, e a notícia do abandono, por parte da Macau Legend, do projecto turístico do empresário David Chow no ilheu de Santa Maria foram outros assuntos que marcaram o ano que ora finda.

A nível financeiro realce para a manutenção das taxas de juros pelos bancos e o lançamento, por parte da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BCV), das primeiras obrigações verdes, obrigações azuis e obrigações sociais.

Durante o ano o país acolheu grandes eventos, a destacar a conferência internacional de parceiros, promovida pelo Governo, na ilha da Boa Vista, e que contou com a presença dos principais parceiros multilaterais e bilaterais, designadamente as Nações Unidas, a União Europeia, o Banco Mundial, o FMI, o Banco Árabe de Desenvolvimento, o BIDC, o BAD, parceiros privados nacionais e fundos de investimentos.

Realizado em finais de Abril, o encontro visava a mobilização de recursos financeiros para a implementação do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2022-2026 (PEDS II).

Outro evento de destaque do ano que que está prestes a terminar foi o African Caucus 2023, na ilha do Sal, encontro anual que junta ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais africanos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Outra novidade foi a instalação de uma representação permanente do FMI em Cabo Verde e a selecção do país para aceder ao Fundo Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade (RFS, na sigla em inglês), no montante de 32 milhões de dólares.

Inforpress

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