Renamo avisa para consequências para quem não aderir à paralisação de Maputo – Observador

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), avisou este domingo que “não se responsabiliza” pelas consequências para quem não aderir à paralisação da cidade de Maputo convocada para segunda-feira, contra os resultados oficiais das eleições autárquicas.

“A adesão a esta exortação é voluntária, pelo que declinar a mesma é legítimo, mas o partido Renamo na cidade de Maputo não se responsabiliza por quaisquer impactos sociais”, lê-se no comunicado da Renamo na capital, sem adiantar mais explicações sobre esse aviso.

“No âmbito da luta pela justiça eleitoral”, a Renamo “comunica a todos os munícipes, empresários, estudantes, trabalhadores do setor informal, residentes ou utentes de serviços na circunscrição da cidade de Maputo” que esta segunda-feira “haverá uma mega revindicação popular visando repudiar os resultados apresentados pelo Conselho Constitucional, denominada ‘Segunda-feira Paralisada: Maputo Faça Justiça Eleitoral’”.

“Nesta senda, exorta a toda população residente na cidade de Maputo e utentes desta no geral a ficar em casa”, acrescenta.

Segundo a Renamo, o objetivo “é sensibilizar de forma pacífica as instituições de Justiça de modo a repor à verdade eleitoral, pelo que somos pela manutenção de um ambiente de paz, ordeiro e de uma manifestação no âmbito dos direitos fundamentais dos cidadãos”.

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Em 28 de novembro, numa das dezenas de marchas em Maputo de contestação aos resultados anunciados, centenas de apoiantes da Renamo voltaram a dizer nas ruas que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) “não vai governar” a capital e com o candidato do partido, Venâncio Mondlane, a apelar para a paralisação da cidade.

“Chegou a altura de o povo provar que é o povo que está no poder”, avisou Venâncio Mondlane, ao dirigir-se à multidão que o aguardava à saída daquela que foi então a primeira marcha de protesto na capital após a proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional (CC), quatro dias antes.

“Vamos todos combinar para dois dias parar com tudo nesta cidade”, disse na altura, num apelo a todas as classes profissionais, garantindo que é necessária a “paralisação da economia” para contestar a “fraude” nas eleições autárquicas e “devolver a vitória ao povo”.

“A própria Constituição nos permite o direito à resistência. Havendo ordens ilegais, o povo tem o direito de resistir”, afirmou Mondlane.

“Já marchamos muito, já marchamos demais. Agora chegou a altura de paralisarmos a economia”, advertiu o candidato da Renamo, que continua a assumir-se como “autarca eleito” na capital.

A Renamodeu entrada na Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma queixa-crime contra os diretores do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), por alegada “falsificação e manipulação de resultados”, bem como contra os juízes do CC.

O CC, a última instância de recurso em processos eleitorais em Moçambique proclamou em 24 de novembro a Frelimo, partido no poder, vencedora das eleições autárquicas em 56 municípios, incluindo Maputo, contra as anteriores 64 anunciadas pela CNE, com a Renamo a passar de nenhuma para quatro, e mandou repetir eleições em outros quatro.

Logo no dia seguinte às eleições, Venâncio Mondlane garantiu que tinha vencido o escrutínio na capital, com 55% dos votos, através da contagem paralela realizada com base em todos os editais e atas originais das mesas de voto.

O CC proclamou a Frelimo vencedora das eleições autárquicas em Maputo, mas cortou quase 30.000 votos que tinham sido atribuídos anteriormente ao partido no poder na capital pela CNE.

Segundo o acórdão do CC, a Frelimo manteve a vitória, mas com 206.333 votos e 37 mandatos. Razaque Manhique, cabeça-de-lista da Frelimo, foi proclamado como novo autarca de Maputo, mas em 26 de outubro, a CNE tinha atribuído a vitória à Frelimo com 234.406 votos e 43 mandatos.

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