Em Cabo Verde, foi apresentado o primeiro relatório sobre a população estrangeira. O documento revela que a maioria dos imigrantes sentem-se integrados mas dizem que existe discriminação no arquipélago. Carmen Barros, presidente da Alta Autoridade para a Imigração do país, destacou à RFI as principais conclusões nesta matéria.
O desemprego da população estrangeira é de 2 por cento
“A nível do acesso ao mercado de trabalho, a taxa de atividade da população ativa é de 81 por cento, está acima da média. A taxa desemprego é de 2 por cento, muito abaixo dos valores a nível nacional. Relativamente às condições de permanência, cerca de 72 por cento revelaram que estão em situação regular. Há também a questão do envio de remessas para os países de origem. A maioria declararam que enviam remessas para os respetivos países. Outro ponto interessante é o sentimento de integração. O desejo de permanecer em Cabo Verde também é muito elevado. Cerca de 84 por cento dos imigrantes dizem que pretendem continuar no país”.
A maioria da população estrangeira nasceu no continente Africano
“Cerca de 60 por cento da população estrangeira nasceu no continente africano, principalmente na Guiné-Bissau, Senegal, Nigéria e Guiné Conacri. Com a Guiné-Bissau, há uma relação histórica profunda e há também uma relação cultural, linguística e politica muito fortes. Os fluxos migratórios entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde são tão antigos como a existências dos povos. Assim como em relação a Portugal e ao Senegal. São fluxos migratórios perenes. A frequência mantém- se ao longo do tempo e a intensidade muda. Há um acentuar da imigração da Guiné-Bissau para Cabo Verde em 1990, mas há um pico entre 2000 e 2010 motivado por razões históricas culturais e familiares.
Portugal é neste momento o terceiro país de maior proveniência de imigrantes, logo a seguir à Guiné-Bissau e ao Senegal”.
Imigrantes querem continuar no arquipélago mas dizem que há discriminação
“O relatório identificou vários tipos de discriminação: em função da cor da pele, da naturalidade, da língua, salários, religião e sexo. Os imigrantes declararam se já se sentiram discriminados em qualquer um destas situações. O relatório revela que 32 por cento já se sentiram discriminados e que a principal razão é a cor da pele, seguida pela naturalidade. Relativamente à perceção, se acham que existe discriminação, mais de metade disseram que sim. Os imigrantes que vêm da da África Ocidental são os que declararam um maior sentimento de discriminação”.
Carmen Barros considera que o relatório pode contribuir para as estratégias de luta contra discriminação no país e envia uma mensagem forte sobre a necessidade de medidas mais rigorosas nesta matéria.
O documento também sublinha a precariedade das condições de trabalho de muito imigrantes. Carmem Barros diz que há muitos desafios na promoção do trabalho digno entre a comunidade estrangeira.
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