O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, deu hoje posse aos membros do Governo de iniciativa presidencial que disse serem “soldados da República e dignos filhos da Guiné-Bissau” com os quais conta para “enfrentar os desafios”.
África 21 Digital com Lusa
Umaro Sissoco Embaló, presidente da Guiné-Bissau
Entre os desafios, Sissoco Embaló apontou o combate à corrupção como uma das principais tarefas do Governo que, disse, terá como chefe e coordenador o primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, e não o Presidente da República.
“Tem de ser um Governo de soldados da República. Um Governo que deve obediência ao primeiro-ministro. Não haverá nenhuma negociação. Aqui não se trata de Governo de partidos políticos. É verdade que todos os partidos estão representados, mas isso não é o essencial, escolhi entre os dignos filhos da Guiné-Bissau”, afirmou Embaló.
O Presidente guineense deixou aos novos membros do Governo “uma nota importante” de que o primeiro-ministro tem indicações para o informar sobre “qualquer sinal de insubordinação” e que nem será preciso uma proposta formal de substituição, “bastará apenas uma chamada telefónica”.
Umaro Sissoco Embaló frisou que Rui Duarte de Barros tem a sua “total confiança e solidariedade” e de quem espera “ordem, disciplina e progresso” e não “unidade, luta e progresso” que é a divisa do país.
O Presidente desejou “um bom Natal” ao novo Governo, que disse ser uma “equipa de sacrifícios” sobre a qual estará “muito atento”, conforme as expetativas do povo, disse.
O chefe de Estado defendeu que o povo guineense “falha sempre” de cada vez que é chamado a eleger os seus representantes e que o parlamento acaba por ser “foco de conspiração” contra os Presidentes eleitos desde 1994, quando se realizaram as primeiras eleições democráticas no país.
Disse que o parlamento “trouxe uma guerra no país” a seguir às eleições de 1994, numa alusão ao conflito político-militar de 11 meses entre junho de 1998 e maio de 1999, provocou a queda do Presidente Kumba Ialá, deposto por militares num golpe de Estado em 2003 e contra o próprio agora.
Embaló dissolveu o parlamento eleito em junho passado por considerar que o órgão estava a ser foco de instabilidade institucional e demitiu o Governo na sequência de confrontos entre os militares nos dias 30 de novembro e 01 deste mês, uma situação que considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.
O parlamento dissolvido era liderado pela Plataforma Aliança Inclusiva (PAI – Terra Ranka), encabeçada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as eleições legislativas de 04 de junho com uma maioria absoluta de 54 dos 102 deputados.
A Constituição guineense estipula que o Presidente não pode dissolver o Parlamento nos 12 meses seguintes às eleições legislativas.
A PAI- Terra Ranka formou um Governo com outras formações politicas, nomeadamente o Partido da Renovação Social (PRS), que tinha 12 deputados no parlamento, e o Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), que detinha seis mandatos.
Esta nova crise política na Guiné-Bissau acentuou as divergências entre o Presidente e o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, atual presidente do parlamento agora dissolvido, e que se arrastam desde as presidenciais de 2019, disputadas por ambos na segunda volta.
O chefe de Estado guineense reforçou a ideia já deixada no dia da posse do primeiro-ministro que o combate à corrupção será uma das tarefas do novo Governo e avisou que quem quiser enriquecer à custa das suas funções “que vá jogar no Barcelona, Real Madrid ou Chelsea”.
Umaro Sissoco Embaló anunciou a auditoria do Tribunal de Contas em todas as instituições públicas a começar pela Presidência da República, no mês de janeiro próximo.
“A Guiné-Bissau não pode parar. Se isso for custar a minha vida que custe, mas assim a próxima geração saberá que se combateu a corrupção neste país”, sublinhou.
Afirmou ainda que vai falar pessoalmente com os parceiros internacionais do país, nomeadamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) no sentido de apoiarem o novo Governo.
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