A embaixadora de Portugal junto das Nações Unidas (ONU), Ana Paula Zacarias, saiu esta sexta-feira em defesa do secretário-geral da organização, António Guterres, elogiando a sua “incansável defesa de corredores humanitários” em Gaza e apoiando os seus apelos a um cessar-fogo.
Ao justificar o voto favorável de Portugal numa resolução aprovada na Assembleia Geral da ONU que apela a uma “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada” em Gaza, Ana Paula Zacarias defendeu que, neste momento, a prioridade coletiva da comunidade internacional deve ser a proteção dos civis e a resolução da trágica situação humanitária no terreno.
A representante de Portugal disse que votou a favor da resolução porque a “humanidade comum deve prevalecer” e lamentou ainda que uma emenda à resolução proposta pelo Canadá – que condenava os ataques do Hamas e que apelava à imediata libertação dos reféns -, não tenha sido aprovada.
“Esta tragédia humana que se desenrola diante dos nossos olhos deve ser interrompida agora. Não importa o que aconteça, uma trégua humanitária deve ser estabelecida imediatamente e todas as partes devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e o direito dos direitos humanos”, frisou.
Reiterando a sua condenação inequívoca aos ataques terroristas do grupo islamita Hamas e reconhecendo o direito de Israel à autodefesa, a embaixadora salientou que, independentemente da “selvajaria do pior ataque terrorista da sua história, a ação de Israel deve respeitar o direito humanitário internacional”.
“Nenhuma das partes num conflito armado está acima do direito humanitário internacional. Tragicamente, a população civil, os hospitais, as instalações da ONU, incluindo escolas e outras infraestruturas críticas e civis, não estão a ser protegidas. O número de mortos de ambos os lados é impressionante”, disse Ana Paula Zacarias, defendendo o regresso à via diplomática para quebrar o ciclo de violência e extremismo.
A missão de Portugal na ONU disse ainda estar “profundamente desiludida” pelo facto de o uso do veto estar a impedir o Conselho de Segurança das Nações Unidas de abordar a situação em Israel e em Gaza.
A Assembleia Geral da ONU aprovou esta sexta-feira, com 120 votos a favor, uma resolução que apela a uma “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada” em Gaza e à rescisão da ordem de Israel para deslocação da população para o sul do enclave.
O projeto de resolução apresentado pela Jordânia, e copatrocinado por mais de 40 Estados-membros da ONU, obteve 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU.
A votação ocorreu numa sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU, convocada após o bloqueio do Conselho de Segurança, que até ao momento não conseguiu aprovar nenhuma das quatro resoluções que foram a votos sobre o tema.
Pelas regras da ONU, a Assembleia Geral pode convocar uma “sessão especial de emergência” no prazo de 24 horas, caso o Conselho de Segurança “deixe de exercer a sua responsabilidade primária” pela manutenção da paz e segurança internacionais.
Vários Estados-membros, liderados pela Jordânia, recorreram então à Assembleia Geral da ONU para uma sessão especial de emergência para abordar as “ações ilegais israelitas em Jerusalém Oriental ocupado e no resto do Território Palestiniano Ocupado”, que começou na quinta-feira e que culminou na votação desta resolução.
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