Neste domingo o futebol sul-americano define seus dos representantes da Olimpíada de Paris, no meio do ano. Paraguai e Brasil entram com as maiores possibilidades, porque lideram o torneio e ambos dependem apenas de seus esforços: o Paraguai joga pelo empate diante da Venezuela, e o Brasil se classifica se vencer a Argentina. Para o torcedor “comum” e para alguns analistas, o time paraguaio será uma surpresa na Olimpíada. Certamente esses não viram esse time desde o início do Pré-Olímpico. Eu vi a estreia deles contra a Argentina (1 a 1) e a virada pra cima do forte Uruguai (4 a 3, após estar perdendo por 3 a 1) e comentei no Sportv: eles vão ao quadrangular final e vai ser carne de pescoço para superá-los. Surpresa, isto sim, é um Brasil com nomes como Endrick, John Kennedy, Andrey Santos, Mauricio, Marlon Gomes, Pec não ter conseguido montar um bom time. A soma dessas individualidades pode, claro, levar o Brasil aos Jogos Olímpicos. Mas, além da possibilidade de não ir (não será nenhuma zebra, a Argentina vencer domingo), o jogo burocrático, sem ideias, a fragilidade coletiva nos movimentos defensivos, ofensivos e de criação, isto sim é uma surpresa. Até porque Ramon Menezes já fez trabalhos melhores em outras seleções de base.
Paraguai x Uruguai – Compacto
Surpresa, para mim, é um Uruguai (recém campeão do mundo sub-20, com oito jogadores campeões no elenco pré-Olímpico, incluindo Luciano Rodriguez, autor do gol do título) comandado à beira do campo por ninguém menos do que Marcelo Loco Bielsa não chegando sequer ao quadrangular. Surpresa, para mim, é uma Argentina com jogadores talentosos como Echeverri, Redondo e o agora vascaíno Sforza chegar à última rodada precisando necessariamente vencer o Brasil para se classificar. Não o Paraguai. Até porque bastava ver quem estava no comando dos guaranis. Jara Saguier não apenas já classificara o Paraguai para a Olimpíada de Atenas em 2004, como chegou à final e ficou com a medalha de prata diante da Argentina (então comandada por… Marcelo Bielsa).
Depois de se impor à Argentina na estreia (sofreu o gol de empate no último lance do jogo, exatamente como nos 3 a 3 do último jogo), o Paraguai demorou a acordar diante do Uruguai. Quando a ficha caiu, estava 2 a 0 Uruguai, com dez minutos de jogo, dois gols do artilheiro Rodriguez. O Paraguai começou a reagir quando um dos melhores jogadores do Pré-Olímpico, o meia Gomez, entrou em cena. Mostrando, inclusive, o quanto aprendeu com Lionel Messi e Luisito Suarez, seus companheiros de clube, o Inter Miami. Ele bateu uma falta na cabeça do zagueiro de Jesus, que diminuiu. Mas o uruguaio Rodriguez é tão bom que ainda faria mais um gol: 3 a 1. Mas se Rodriguez é bom, Gomez é melhor. Antes do intervalo, ele acertou um chutaço cruzado, ao melhor estilo Suarez, e o Paraguai foi para o intervalo perdendo por “apenas” 3 a 2.
No segundo tempo, o Paraguai foi ao ataque, ressalte-se, de maneira organizada. E virou o jogo com dois golaços. O de empate com Fernandez, num toque de calcanhar que o saudoso Doutor Sócrates assinaria. E o da vitória numa falta batida, é claro, por Gomez, que deixou o goleiro uruguaio Randall apenas olhando. Depois de uma vitória como essa, não há como ninguém se surpreender com o Paraguai.
Vou torcer muito pelo Brasil neste domingo. Porque sou brasileiro e jornalista esportivo, o que me leva a entender com precisão o que significa a presença da seleção brasileira em qualquer torneio internacional. Tampouco caio nessa esparrela de que torneio olímpico de futebol não vale nada. Claro que uma derrota em Paris não causará a crise que causaria se o Brasil não tive sido ouro nas duas últimas edições olímpicas. Mas pelo fato de que não falamos das principais equipes do planeta, e, repito, o Brasil ter um baita elenco individual – que poderia, quem sabe, até ser reforçado por Vitor Roque se o Barcelona for maneiro – se formos a Paris precisamos, no mínimo, jogar bem.
Caso domingo dê aquilo para o que torço, fica a dica: a Copa América termina em 14 de julho, e o torneio olímpico dez dias depois. Assim como em 2016 Tite prestou uma fundamental “assessoria” ao técnico Rogério Micale, quando o Brasil teve uma “instabilidade” no meio do torneio, também Dorival Júnior seria muito bem-vindo na delegação brasileira do futebol olímpico em Paris.
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