O fenómeno da escola militar chinesa que treina líderes africanos – Executive Digest

É em Nanjing, centro político e económico do sudeste chinês que vive na sombra de Pequim, onde fica situado o centro de comando do Exército de Libertação Popular da China, e onde desenvolve operações uma das mais prestigiadas escolas político-militares do regime de Pequim, direcionado para o treino de operações de combate terrestre. E esta escola é um verdadeiro caso de sucesso se olharmos aos alunos aqui formados e que acabam a desempenhar cargos de liderança política, militar, ou ambas em vários países africanos.

O ‘coração’ das forças armadas chinesas, a Escola de Comando Do Exército de Libertação Popular, acolhe muitos estudantes estrangeiros e tem no seu rol de alunos Presidentes de nações africanas, ministros da Defesa, comandantes e generais.

Ainda há pouco tempo, assinalava o jornal do regime South China Morning Post, que o Presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, em visita oficial a Pequim em março, recordou o treino militar recebido em Nanjing, em 1967.

“Foi uma experiência que desempenhou um papel importante na liderança da luta de 30 anos da Eritreia pela independência da Etiópia, que finalmente alcançámos em 1993”, assinalou este líder africano, que já estava debaixo de olho dos EUA por documentos divulgados no escândalo WikiLeaks que revelaram o apreço de Afwerki por Pequim e a vontade de manter uma relação próxima.

Outros nomes estão entre os ‘formados’ pela escola militar de Nanjing, como o Presidente do Zimbabué Emmerson Mnangagwa, que derrubou Mugabe em 2017, ou líderes militares como João Bernardo Vieira (Guiné-Bissau), Sam Nujoma (Namíbia), Jakaya Kikwete (Tanzânia), Fred Mugisha (Uganda), ou Lagos Lidimo (Moçambique).

Contam-se também, pelas contas do Instituto da Paz dos EUA, mais oito ministros da Defesa de países africanos. Isto sem contar com Pequim, onde a Universidade de Defesa Nacional do Exército de Libertação Popular da China também representa um grande fluxo de estudantes bolseiros vindos de África, e que acabam em cargos de chefia política e militar.

Antes da pandemia da Covid-19, de acordo com o El Mundo, cerca de 6% das 100 mil oportunidades de formação que a China oferecia a África a cada três anos, no âmbito de um protocolo conjunto, eram para educação militar. Foram interrompidas estas colaborações com as restrições, mas agora os intercâmbios para efeitos de treino militar já começaram a ser retomados.

“Os oficiais africanos frequentam escolas políticas do ELP que ensinam e proporcionam formação sobre os mecanismos que o partido no poder da China utiliza para exercer controlo sobre os militares, nomeadamente através do sistema de representantes políticos. Angola, Argélia, Cabo Verde, Etiópia “Eritreia, Guiné-Bissau, Mauritânia, Moçambique, Ruanda, Sudão do Sul, Tanzânia e Zimbabué adotaram várias formas deste modelo maoista de fusão do partido no poder e dos militares”, assinala o investigador Paul Nantulya, do Centro Africano de Estudos Estratégicos.

No horizonte, tudo indica que esta parceria só tenderá a ser acelerada. Na semana passada, Xi Jinpng esteve no continente africano pela primeira vez em cinco anos para a cimeira dos BRICS, na África do Sul. Lá, recorde-se o líder chinês prometeu reforçar a colaboração com o continente africano, bem como as parcerias e acordos na área militar.

“A China procura expandir a sua presença e fortalecer os laços com o continente em meio à sua rivalidade com os Estados Unidos”, assinala um editorial de hoje do jornal chinês do regime, dia em que começa o Fórum de Segurança em Pequim.

“A China também tem interesse na segurança africana, dados os seus grandes investimentos no continente e o grande número de empresas e trabalhadores chineses que trabalham em infraestruturas e outros projetos”, indicam os meios de comunicação social chineses.


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