MICAR 2023: O tom de pele continua a ser motivo de discórdia no século XXI?

A 9.ª edição da MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista decorre no Batalha Centro de Cinema de 3 a 5 de novembro. As sessões são gratuitas e convidam o público a refletir.

 

Durante três dias é possível assistir a obras cinematográficas que abordam vários temas como o racismo, imigração e minorias étnicas. Para além dos filmes há um espaço de diálogo com valores assentes numa sociedade mais justa, onde todos, independentemente do tom de pele, possam usufruir dos mesmos direitos de cidadania.

 

Os primeiros filmes a serem apresentados no dia 3 de novembro são “Migrópolis”, um filme de animação, que faz uma viagem ao passado de crianças que deixaram a sua terra natal e levaram apenas as memórias; “Zajota and the Boogie Spirit”, a história do colonialismo, da escravatura transatlântica e do espírito resiliente dos africanos; “Nayola”, que mostra a vida e os sonhos de três mulheres, a Guerra Civil angolana e os direitos humanos.

 

Há ainda “Daughters of the dust”, que fala da cultura Gullah das ilhas marítimas ao largo da costa da Carolina do Sul e da Geórgia. A última apresentação do dia, com o título “Sambizanga”, conta a história de um ativista angolano, Domingos Xavier, que foi torturado sem nunca denunciar os seus companheiros.

 

 

Para o dia 4 de novembro o destaque vai para “Música Invisível”, um registo documental sobre a música das comunidades ciganas; “I am what I am – The story of the Gipsy Mafia”, dois irmãos, Skill e Buddy, nas suas canções, criticam o racismo, a segregação dos ciganos e o capitalismo neoliberal; “Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta”, faz a recolha das memórias de antifascistas portugueses e nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde presos no Campo de Concentração do Tarrafal.

 

Há ainda “Sonhos de uma revolução”, onde as balas calaram-se há quase meio século, mas ainda se ouve o eco da guerra colonial; “Uma memória em três atos”, propõe e ensaia um retrato contemporâneo de Moçambique em três Atos, elaborada num estilo híbrido experimental entre a ficção e o documentário. E para fechar o dia, “Mueda, Memória e Massacre”, histórico na memória cinematográfica da descolonização, e no processo de luto do povo moçambicano.

 

 

No último dia da Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, os filmes em destaque são: “Debaixo do Tapete”, a história de Catarina Demony e o tráfico transatlântico de seres humanos; “Guiné-Bissau: da memória ao futuro”, uma reflexão sobre mais de quatro décadas de construção da Guiné-Bissau, das guerras coloniais e de libertação aos momentos controversos que se seguiram à independência; “Mais um dia de vida”, registo autobiográfico do jornalista e fotógrafo polaco Ryszard Kapuściński, centra-se na viagem a Angola, durante o conturbado verão de 1975.

 

Para fechar este ciclo de cinema, o filme “Prism”, um trabalho colaborativo de três realizadoras – Éléanore Yameogo, Rosine Mbakam e An van Dienderem – sobre o legado racista na tecnologia fotográfica e cinematográfica.

 

 

Após a apresentação dos filmes, há espaço para um debate com a presença dos realizadores e alguns convidados especiais, numa espécie de reflexão coletiva sobre os temas abordados. Os bilhetes são gratuitos e levantados no Batalha Centro de Cinema antes de cada sessão (no máximo dois bilhetes por pessoa).

 

Toda a programação está disponível em www.micar.sosracismo.pt.

 

Texto: Maria Bastos

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