Lusafrica celebra 35 anos em Paris: “Não vi o tempo passar”

Já amanhã, no dia 02 de Novembro, a editora Lusafrica comemora em Paris com um grande espectáculo os seus 35 anos de existência. Em entrevista à RFI, José da Silva, diz que não viu o tempo passar e que após mais de 300 álbuns e mais de 3.500 canções lançadas, fica contente cada vez que houve uma música da sua editora tocar em qualquer canto do Mundo.

A festa de aniversário da Lusafrica decorre na quinta-feira, 02 de Novembro, no espaço “La Bellevilloise”, em Paris, e conta com espectáculos de artistas como Lucibela, Elida Almeida ou Teofilo Chantre. Para falar sobre esta celebração dos 35 anos da editora que deu a conhecer ao Mundo Cesária Évora e dezenas de artistas africanos, José da Silva, fundador desta editora, falou com a RFI, dizendo que o balanço destas mais de três décadas de trabalho é positivo.

O balanço é bom, é uma editora que mostra a qualidade da música africana e não só, porque também temos um catálogo latino importante. Não senti estes 35 anos passar. Gravámos mais de 300 álbuns, muitos artista, mais de 3.500 canções gravadas e fico sempre contente quando estou nalguma parte do Mundo e oiço uma música da Lusafrica“, afirmou.

Nas últimas décadas muito mudou na música, especialmente com o impacto da internet e das redes sociais na divulgação da música, criando fenómenos mundiais. No entanto, para José da Silva, antes era mais fácil promover um artista já que havia mais meios especializados em música.

Hoje em dia as pessoas podem ser conhecidas por uma música, uma ‘trend’ no TikTok, mas a realidade é que em 100 mil pessoas que tentam, tens 10 que conseguem isso. Acho que antes havia mais acesso porque havia mais rádios, televisões, programas, jornais dedicados integralmente dedicados às música do Mundo e ficou só internet e a internet é supersaturada. Uma pessoa tem de ter sorte“, declarou.

Com 70% da população africana a ter menos de 30 anos, a internet tornou-se incontornável, mas para José da Silva, “a forma de trabalhar não mudou”.

Gravar uma música com qualidade é como há 30 anos, o que mudou é a forma de divulgação. Hoje em dia quem está conectado são os jovens então o resultado vai ser melhor para artistas jovens que fazem música urbana. Os artistas mais tradicionais têm menos seguidores nas redes sociais e vivem mais dos espéctaculos“, contou.

A pandemia marcou também a maneira de trabalhar na indústria da música e José da Silva decidiu há alguns anos mudar o seu estúdio de Paris para a ilha de São Vicente, em Cabo Verde, uma mudança tem vindo a beneficiar a criação dos artistas da Lusafrica.

A vantagem é que estamos na ilha de São Vicente, com tempo, os artistas estão numa boa porque o ambiente é bom, o tempo é bom e a criação é facilitada“, disse.

Ao longa das últimas décadas, também a imagem de Cabo Verde tem evoluído em França, tendo como maior embaixadora Cesária Évora. Com o seu desaparecimento, os franceses continuam agora interessados em ouvir novos artistas originários deste arquipélago.

“A imagem de Cabo Verde é boa porque chegámos de uma bela maneira, atráves da música e através da Cesária e através da emoção, tudo isso conta. As pessoas gostam da nossa música, temos uma boa reputação. Os festivais gostam de nos ter, agora resta aos artistas cabo-verdianos trazerem a qualidade. Temos a porta aberta, abriu-se há muitos anos, e para fechar vai ser difícil“, indicou.

Falta agora a última homenagem a Cesária Évora em Cabo Verde, com um museu nacional que divulgue esta figura ímpar da cultura cabo-verdiana e mundial. José da Silva, implicado nos esforços de memória e homenagem à diva dos pés descalços diz que por enquanto “só há propostas sem resultados” por parte do Governo.

Temos privados que estão a falar disto, a neta da Cesária lançou um desafio então criou-se um grupo para ver essa possibilidade, mas tudo isto está em espera. Esperamos que um dia algo saia daí“, concluiu.

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