Com 28 anos, a cabo-verdiana Lenise Vaz, engenheira civil de formação, possui também uma trajetória que abrange a maternidade, o ativismo e o empreendedorismo. Paralelamente, esta cabo-verdiana é promotora do projeto Dreads Kriolu, que tem como objetivo valorizar e impulsionar no mercado cabo-verdiano os empreendedores que usam “dreadlocks” (rastas). Em entrevista ao Balai, a mentora dos dois projetos compartilhou detalhes sobre o Ujamaa e a sua visão para o futuro.
Lenise explica que “Ujamaa” tem as suas raízes na celebração africana Kwanzaa, criada nos Estados Unidos por Dr. Maulana Karenga. A celebração ocorre de 26 de dezembro a 1 de janeiro, celebrando cada dia com um princípio. No quarto dia, é a vez do Ujamaa, que significa “economia cooperativa”. A ideia associada a esse princípio é que “Uma família unida come no mesmo prato”, destacando a importância da colaboração e do crescimento conjunto.
“A motivação de iniciar o projeto Ujamaa em Cabo Verde está ligada ao significado desse termo. Acredito profundamente na ideia de unir as pessoas para trabalharem juntas para alcançar objetivos em comum. O objetivo principal do projeto é criar uma economia colaborativa em Cabo Verde e, ao mesmo tempo, fomentar o empreendedorismo africano no país”, acrescenta.
Conforme mostra a entrevistada, o apoio oferecido pelo projeto Ujamaa dá-se através da organização de eventos, em que Lenise e a sua equipa, formada por mais quatro mulheres (Jéssica da Veiga, Zidi Andrade, Cassandra Barbosa e Vanilde Fernandes), criam oportunidades para empreendedores cabo-verdianos e outros africanos se conectarem e compartilharem conhecimento.
“ Um dos eventos notáveis que organizamos recentemente foi o “Gerason di Milion”, que aconteceu em agosto, o mês da juventude, e quisemos oferecer uma perspectiva de vida para os jovens cabo-verdianos. Empresários, empreendedores e outras personalidades foram convidados para falar sobre empreendedorismo e compartilhar as suas jornadas. Tratou-se de uma imersão para promover conexões e aprendizagem entre os participantes, além de desafiar o “mindset” dos jovens cabo-verdianos”, conta.
Lenise destaca que o envolvimento no projeto Ujamaa está aberto a todos, independentemente da sua origem ou condição financeira.
“Estamos sempre dispostos a receber novos membros que compartilhem a sua visão.Não cobramos quotas, isso seria o contrário do que é Ujamaa. Criei o projeto porque reparei que em Cabo Verde existe um hábito de organizar coisas apenas para “grupinhos”, grupinhos de pessoas específicas e quem realmente precisa sempre fica de fora. Nós não queremos que ninguém fique de fora “, defende.
Conforme Lenise, além das questões financeiras, os empreendedores enfrentam desafios como a “necessidade de uma mudança de mentalidade, a importância de uma comunicação eficaz e a educação financeira com foco na prosperidade em vez de apenas na sobrevivência”.
Com a visão no futuro, Lenise diz ter grandes ambições para o projeto. A jovem espera que o Ujamaa se torne uma voz na defesa dos empreendedores cabo-verdianos nos próximos anos.
“Além disso, planejamos trabalhar com crianças e adolescentes, buscando influenciar a forma como essa camada mais jovem pensa. A expansão do networking e a representação cabo-verdiana em eventos internacionais do Ujamaa também fazem parte das nossas perspetivas”, partilha.
Para Lenise Vaz o projeto Ujamaa representa um esforço para unir empreendedores cabo-verdianos e africanos em busca de “crescimento conjunto” e “prosperidade econômica”.
Por conta disso, estão a trabalhar na realização de mais um evento o Prémio Nacional de Empreendedorismo que, segundo a mentora, visa premiar os empreendedores no plano nacional. Como nos avançou, o evento terá lugar em março de 2024 e já tem as inscrições abertas até dezembro deste ano para empreendedores que queiram concorrer aos prêmios.
Crédito: Link de origem



Comentários estão fechados.