Há cada vez mais assaltos a máquinas de tabaco em Portugal
76 máquinas atacadas nos dois primeiros meses deste ano – média de mais do que uma por dia. Em igual período de 2023 foram 55 crimes.
Miguel Curado 01:30
O furto de máquinas de tabaco está a disparar em Portugal. Dados fornecidos ao CM pela GNR, força de segurança que patrulha 94% do território nacional onde vive mais de metade da população, revelam que nos dois primeiros meses deste ano foram registados 76 crimes deste tipo, o que dá uma média superior a um furto por dia. Trata-se, assim, de uma subida de 38% face às 55 máquinas assaltadas em igual período do ano passado.
Apesar de sublinhar que se tratam de dados provisórios, fonte oficial da GNR revela que os distritos com maior incidência destes furtos foram os de Aveiro, Porto e Setúbal. Estes dois últimos distritos registaram, também em 2023, preponderância neste tipo de criminalidade, na altura juntamente com o de Lisboa. No ano passado, a GNR contabilizou 310 ataques às máquinas de tabaco.
Fonte da distribuição de tabaco, que pediu ao CM anonimato, admite que existe apreensão no setor face ao aumento de criminalidade. “Apesar de haver mecanismos de geolocalização das viaturas que fazem distribuição, o mesmo não acontece com as máquinas”, explicou.A GNR, por seu turno, descreve a atratividade que os furtos de máquinas de tabaco representam para os assaltantes. “Trata-se de um artigo que cabe na bagageira de viaturas ligeiras de mercadorias, e além do tabaco, que é revendido, rende ainda dinheiro dos moedeiros aos assaltantes”, explicou fonte oficial. A GNR promete um reforço do patrulhamento nas zonas mais afetadas.
Cada golpe dá prejuízo médio de oito mil euros
Um assalto a uma máquina de tabaco representa um prejuízo médio de oito mil euros para a empresa que procede à colocação e exploração da mesma no espaço comercial atacado, que também tem os prejuízos com danos nas montras e grades, por exemplo. O CM teve acesso a balanços de prejuízos de empresas vítimas da recente vaga de furtos de máquinas de tabaco na margem Sul do Tejo. Os prejuízos causados pelos arrombamentos das máquinas de tabaco, normalmente feitos com recurso a ferramentas como as rebarbadoras (que cortam metal e aço), ou simples pés de cabra, são enormes. O valor médio de uma máquina, sem tabaco no interior, normalmente colocada à consignação (com partilha de lucros), pelas empresas proprietárias nos estabelecimentos comerciais, é superior a sete mil euros. Cada uma destas máquinas, normalmente, tem maços de tabaco de valor estimado entre os mil e os 1600 euros no interior, mais 150 a 200 euros em notas e moedas. A reparação depende, por vezes, da apresentação de participações de furtos nas polícias. Mas a maioria fica sem conserto.
GNR FENÓMENO ACOMPANHADO
A GNR é comandada pelo tenente-general Rui Veloso. Esta força de segurança tem um dispositivo de investigação criminal espalhado por todo o País e o fenómeno criminal dos furtos às máquinas de tabaco é uma das prioridades. Além disso, os militares colocados no patrulhamento têm ordem para vigiar os estabelecimentos.Setúbal lidera
A área ocupada pelo Comando de Setúbal da GNR lidera o ranking das ocorrências de furtos de máquinas de tabaco. É extensa e muito populosa.ARRÁBIDA ABANDONO
A serra da Arrábida é um dos locais usados para abandono de várias máquinas de tabaco furtadas no distrito de Setúbal. Oferece zonas ermas aos assaltantes, que podem retirar assim o produto do furto com toda a tranquilidade.CRIMES FURTO QUALIFICADO
Os suspeitos detidos pelo furto de máquinas de tabaco são, com frequência, acusados judicialmente de furtos qualificados pelo valor do produto desviado.
ROUBO QUANDO HÁ AMEAÇAS
Em ocasiões, os despachos de pronúncia do Ministério Público evoluem para o crime de roubo. Tal acontece quando os suspeitos ameaçam as vítimas com agressões ou armas.INVESTIGAÇÃO UNIDADE DE AÇÃO FISCAL
A Unidade de Ação Fiscal da GNR, que sucedeu à extinta Brigada Fiscal, tem-se especializado nas investigações aos furtos de tabaco, nomeadamente ao branqueamento de capitais que se segue aos mesmos.REPARAÇÃO EMPRESAS ASSUMEM
Os prejuízos financeiros resultantes dos danos provocados pelos assaltantes nas máquinas de tabaco são assumidos pelas empresas proprietárias.
Distribuidores também são alvo
Apesar de ainda ser ainda tão expressivo, o fenómeno criminal dos roubos a distribuidores de tabaco também assusta o setor, muito em particular nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Células criminosas de três ou quatro ladrões armados sequestram os distribuidores, para esvaziar as carrinhas de transporte.
Máquinas desaparecidas
Há investigações criminais a furtos de máquinas de tabaco que não permitem apurar o destino das mesmas após o crime. Grupos de ladrões conseguem levá-las para locais ermos, onde conseguem retirar tabaco e dinheiro.
O furto de máquinas de tabaco está a disparar em Portugal. Dados fornecidos ao CM pela GNR, força de segurança que patrulha 94% do território nacional onde vive mais de metade da população, revelam que nos dois primeiros meses deste ano foram registados 76 crimes deste tipo, o que dá uma média superior a um furto por dia.
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