Guiné-Bissau foi a primeira ex-colónia portuguesa a proclamar independência há 50 anos

O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, destacou neste domingo (24) a projeção externa que o país atingiu e que considerou “uma transformação profunda”, no discurso à nação por ocasião dos 50 anos da independência, proclamada unilateralmente pela ex-colónia portuguesa, em 24 de setembro de 1973.


África 21 Digital com Lusa



A proclamação da independência, em Madina do Boé, culminou uma guerra de libertação nacional liderada pelo PAIGC, presidido por Amílcar Cabral, que impôs uma derrota militar às forças portuguesas, chefiadas pelo antigo marechal António Spínola. Sete meses depois, em 25 de Abril de 1974, a Revolução dos Cravos, em Portugal, colocaria fim ao regime colonialista e fascista português.

O chefe de Estado bissau-guineense enfatizou, hoje, que “a diplomacia guineense alcançou sucessos notáveis, que foram amplamente reconhecidos no seio da comunidade internacional”, mas nota que esta projeção externa “foi a mais desvalorizada nas últimas décadas”.

“Junto dos nossos parceiros bilaterais e multilaterais, em África e no mundo, a Guiné-Bissau ganhou visibilidade positiva, alargou o âmbito das suas opções diplomáticas, foi capaz de mostrar utilidade nesse exercício de ‘dar e receber’ que, como é sabido, é próprio de uma diplomacia lúcida e atenta aos interesses nacionais que representa”, indicou.

O discurso à nação do presidente chegou em vídeo às colinas do Boé, onde simbolicamente a Assembleia Nacional Popular decidiu voltar este fim de semana para recriar a constituinte que há 50 anos proclamou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau de Portugal.

Umaro Sissoco Embaló decidiu focar o discurso presidencial na imagem externa do país, para realçar a consolidação de relações diplomáticas antigas, o alargamento do âmbito das relações, os “novos amigos” e “novas e promissoras parcerias económicas e culturais”.

O presidente recordou que a Guiné-Bissau presidiu, pela primeira vez, à Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e que, dentro de dois anos, vai presidir à Conferência dos Chefes de Estado e de Governo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Lembrou ainda a presidência da Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária e que a Guiné-Bissau recebeu chefes de Estado e de Governo de muitos países amigos.

“Nos 50 anos da nossa independência, é difícil encontrar um paralelo comparável, um período que tivesse sido diplomaticamente mais fecundo do que este que estamos a considerar, compreendido entre 2020 e 2023”, afirmou.

O chefe de Estado agradeceu aos representantes do corpo diplomático, às organizações internacionais, que têm sido parceiras no esforço para desenvolver a Guiné-Bissau, e endereçou “uma saudação especial” a todos os cidadãos estrangeiros que trabalham ou que escolheram viver no país.

O Presidente da República começou por dirigir-se aos guineenses a viver no país e na diáspora, a quem disse que, “apesar da situação social e económica difícil, um aniversário da Independência é sempre um dia de alegria, de esperança”.

Sissoco falou da unidade nacional e lembrou o então comandante do Exército Popular de Libertação Nacional e antigo presidente da República Nino Vieira, que proferiu o discurso da independência e “as palavras que ficaram gravadas, para sempre, na história do povo guineense”.

Foi a 24 de setembro de 1973, data que marca a história do país por estar associada também à criação da Assembleia Nacional Popular, à promulgação da primeira Constituição da República e à formação e entrada em funções do primeiro Governo do Estado guineense (o Conselho dos Comissários de Estado).

“Quero dirigir uma palavra de apreço e de homenagem a todos aqueles que deram tudo na resistência à opressão colonial, na luta clandestina anticolonial e na árdua luta armada de libertação nacional que durou mais de dez anos”, declarou.

A mensagem do presidente à nação e as comemorações da Assembleia Nacional Popular no Boé, durante este fim de semana, são o primeiro ato das comemorações dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau que, como frisou o presidente, “vão ter o seu ponto alto no próximo mês de novembro”, do dia 16, com a presença de representantes de vários países, entre eles o Presidente da República e o primeiro-ministro de Portugal.

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