Funk carioca é liberdade e autoafirmação em novo álbum do #estudeofunk » ZonaSuburbana

Sexta-feira (26) é dia de lançamento de “#EOFunk Volume 2”, segundo álbum de estúdio do #estudeofunk – programa de aceleração artística e desenvolvimento de jovens talentos do funk carioca. Disponível em todos os aplicativos musicais a seleção de 14 faixas compostas, produzidas e interpretadas por 21 artistas participantes do projeto, que é realizado pela Fundição Progresso.

Em seu segundo volume, o disco retoma a proposta de compilar produções que exploram as vivências diversas de artistas independentes do funk carioca, incluindo no pacote reflexões sociais, narrativas amorosas e familiares.

É como explica Taisa Machado, diretora artística do projeto: “A ideia com o álbum é apresentar nosso time de estrelas, mas também reviver uma cultura dos primórdios de funk, relembrando os discos de equipes que construíram a cena funkeira”, comenta, referindo-se a trabalhos como “Rap Brasil”, “Tornado Muito Nervoso”, da Furacão 2000, e “New Funk”, que reuniam produções interpretadas por diversos funkeiros do final  da década de 1990 e início de 2000.

Os discos de equipe de funk acabam sempre rendendo uma seleção muito rica e diversa de pontos de vista musicais, já que englobam artistas de diferentes origens e referências. Em “#EOFunk Volume 2” isto não é diferente. No entanto, dentre os diversos tópicos explorados pelas composições, talvez os relacionamentos interpessoais sejam o principal fio condutor das reflexões aqui contidas.

É o caso da faixa “Até o Chão”, produção de TK8 DJ que conta com Duhpovo nos vocais, cantando sobre o clima de sedução que domina a pista de dança nos bailes funk. Remontando aos primórdios da cena, a produção aqui incorpora elementos do miami bass e do electro, ritmos que ajudaram a originar o gênero brasileiro.

Na mesma levada temática, MC Jhaisy está alerta em “Camarim”: “Tu gostou do show, não parou de olhar pra mim”, ela acusa, no batidão produzido por DETONACRY. O produtor também assina o beat de “Piquizin Rasteiro”, faixa que tem Moreno do Brooklyn na voz e rende um dos momentos mais inusitados da tracklist, misturando piseiro com funk carioca e narrando o frenesi de um baile em seu auge (“O tamborzão tá rolando / E o pizeiro não para”).

Moreno do Brooklyn canta sobre temática parecida, mas com elementos diferentes, também em “Joga o Bumbum”, batidão 160bpm que interpola um hit de Justin Timberlake (“What Goes Around… Comes Around”, de 2006) e chama o ouvinte para deixar tudo na pista de dança.

Mas o clima de liberdade presente na lírica de “#EOFunk Volume 2” não se restringe ao espaço do baile funk. Em “Quebrando o Tabu”, por exemplo, o amor vira potência política sob os vocais de MC Leandrynho e Jump, que cantam sobre uma relação entre dois homens pretos, que é “tapa na cara da sociedade” e química sexual ao mesmo tempo.

Por sua vez, Natalhão impõe um nível parecido de força e respeito em “Te Avistei”, que é vivência lésbica sem medo algum de ser. A produção é assinada por Lastra, responsável por diversas batidas do  álbum “EOFunk  Volume 1”, além de outros lançamentos do #estudeofunk.

Outro destaque é “Rabetão”, som cantado e produzido por Isaque IDD, sobre sexo e ostentação, elementos há anos incorporados pelo funk proibidão e pelo gangsta rap (ritmos que marcam a sonoridade da faixa) exatamente como ferramenta de auto afirmação.

Mais um trunfo da tracklist, “Predadora” (com Pocket e Moreno do Brooklyn nos vocais e Joss Dee no beat) é marcada pelo empoderamento feminino, ao cantar sobre uma mulher preta poderosa que domina o baile e é protagonista da própria narrativa.

A temática da autoestima também se faz presente em outros momentos do álbum, mas em diferentes formas. No funk melody assinado por RM no BeatVoltar pra Revoada”, Caio Big canta sobre o orgulho necessário para sair de um relacionamento nocivo; por outro lado, na dobradinha “Pras FX Rosa”, com Tessi no mic, e “Dipiroka”, comandada pelos vocais de K.West, a autoestima é motor para relacionamentos, encontros de amor e sexo casual.

Parte da riqueza cultural dos projetos promovidos pelo #estudeofunk vem também, dentre outros elementos, da mistura bem-vinda de ritmos, culturas e referências que seus artistas participantes integram em suas produções. “A riqueza de diversidade que o #estudeofunk abriga é sem dúvida nosso maior tesouro e ela reflete a ebulição cultural conectada a cena funk que rola no Rio de Janeiro e na região Metropolitana”, comenta Taísa.

E isso se repete no novo álbum do projeto. Exemplo disso é o dueto entre Afrodite BXD e Preto Chief, que promove uma fusão entre o funk carioca, o R&B americano e o rap brasileiro. “Desço até o chão pra tu / disse que cansou dessas gatas da Sul”, a faixa canta, em estrofes sobre intimidade e saudade.

A música preta romântica americana também é referenciada em “Contatinhos”, love song interpretada e composta por Formosah.

Por fim, o ritmo nigeriano que atualmente inspira artistas pelo mundo todo, o afrobeat, marca presença em “Chandon”, música que conta com Flávio Soul e Preto Chief nos vocais, sob beat assinada por Joss Dee.

O álbum “#EOFunk Volume 2” é mais um lançamento fomentado e criado dentro do projeto #estudeofunk, programa de aceleração artística e desenvolvimento de jovens talentos do funk, realizado pela Fundição Progresso. Chega às plataformas de áudio e streaming pelo selo FundiSom, enquanto a produção fonográfica e a assessoria de curadoria e workshops ficam por conta da agência Atabaque.

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