Fugas em massa e brigadas de autodefesa: o Caos no Haiti

Para se protegerem da escalada dos ataques de gangues no Haiti, 53.125 pessoas deixaram a capital Porto Príncipe em três semanas, entre 8 e 27 de março, anunciou a Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesa terça-feira, 2 de abril.

De acordo com estes dados, a maioria (68%) das mais de 50.000 pessoas que fugiram da capital já estavam deslocadas internamente, muitas vezes tendo fugido das gangues com seus familiares.

A grande maioria (83%) das pessoas entrevistadas pela OIM disseram que estavam abandonando a capital por causa da violência e 59% garantiram que ficariam fora “o tempo que fosse necessário”.

O Haiti tem sido devastado há décadas pela pobreza, desastres naturais, instabilidade política e violência de gangues. Desde o final de Fevereiro, os poderosos chefes de gangues do Haiti uniram-se para atacar esquadras de polícia, invadir prisões, o aeroporto e o porto marítimo, num esforço para destituir o primeiro-ministro Ariel Henry.

Ariel Henry anunciou, em 11 de março, que renunciaria para dar lugar a um chamado conselho de transição. Mas três semanas depois, o conselho ainda não foi formado, devido a divergências entre os partidos políticos e outras partes interessadas que deveriam nomear o próximo primeiro-ministro, além de dúvidas sobre a própria legalidade de tal órgão.

Nesse ínterim, a violência das gangues continua e a população enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, medicamentos e outros bens básicos.

Linchamento até a morte

De acordo com um relatório das Nações Unidas, surgiram no Haiti “brigadas de autodefesa” para tentar fazer justiça com as próprias mãos face à violência das gangues e ao fracasso institucional.

A situação não parou de se deteriorar em Porto Príncipe desde a deposição de Ariel Henry.

No sábado, 30 de março, uma multidão invadiu uma delegacia para sequestrar dois indivíduos que carregavam uma quantia de quase US$ 20 mil para comprar e fornecer armas e munições a gangues locais.

Segundo o jornal The Guardian, a multidão linchou os dois indivíduos até os matar com facas, sem que a polícia, presente no local, conseguisse impedir o duplo homicídio. O acontecimento realça a angústia da população que sobrevive num quotidiano marcado por acertos de contas e ataques contra o que resta das instituições de um Estado completamente colapsado.


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