Exclusivo: ‘SC está na vanguarda da tecnologia e energia solar’, diz Alckmin

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em visita a Santa Catarina, concedeu entrevista exclusiva à jornalista e apresentadora do ND Notícias, da NDTV, Márcia Dutra. Ele falou sobre as demandas entregues pela Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), principalmente sobre as rodovias federais, incentivo à produção de energia limpa, reoneração da folha de pagamento, reforma tributária e o primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente da presidência da República.

Vice-presidente Geraldo Alckmin em entrevista ao NDTV – Foto: REPRODUÇÃO/NDTV

O senhor recebeu um documento do presidente da Fiesc que fala basicamente sobre a necessidade urgente de investimento em infraestrutura. Os recursos precisam continuar vindo para que essas obras aconteçam. O que o senhor pode dizer para quem espera essas obras de infraestrutura?

Elas são necessárias porque logística boa e infraestrutura é desenvolvimento, atrai empresa, gera mais empregos, reduz custos e gera segurança. Hoje, acidente rodoviário é uma causa importante de mortalidade. O presidente Lula priorizou no PAC a parte de infraestrutura. Este ano que passou, o volume aplicado aqui em Santa Catarina foi quatro vezes e meia maior do que o ano anterior.

No caso da BR-101, ela é concessionada, então é encaminhar bem lá com a ANTT para resolver os problemas da concessão e nas outras BRs acelerar as obras. As BR-280, 470 e 285 estão em obras, mas é preciso dar uma acelerada. Quanto mais rápido terminar, mais segurança e melhor a infraestrutura da região.

Nas demandas entregues pela Fiesc aparece também a questão da BR-101 no Norte do Estado, que está intransitável. Nessa época do ano, para o senhor ter uma noção, trechos que normalmente a gente levaria uma hora e meia estão sendo feitos em 4, 5 horas.

É fundamental você fazer marginais para poder tirar o trânsito mais local da autoestrada. Aí você melhora e a fluição da rodovia.

O Grupo ND está com o movimento “Oeste nos Trilhos”, que chama atenção para a importância da construção de ferrovias, inclusive como alternativas, para essa questão seríssima da infraestrutura precária das nossas rodovias. Há a expectativa de que um novo projeto da FerroOeste existisse um ramal entre Chapecó e Cascavel. Eu sei que não é bem ligada, diretamente, à sua pasta, mas como criar estímulos para construção de ferrovias que seriam alternativas para a nossa questão da malha viária?

Eu entendo que nós temos que ampliar toda logística rodoviária com mais duplicação, mais faixas, segurança portuária. Investir nos portos. E não só no porto, mas no acesso ao porto aeroviário, esse é um dos modais que mais cresce. E o ferroviário, o transporte de longa distância, valor agregado baixo. A ferrovia é o ideal e, até onde puder, também hidrovia.

Incentivo à produção de energia limpa, leilões regionais. O que a gente pode esperar dessa nova modalidade?

Todo estímulo à energia renovável eólica e solar. Aliás, quero até trazer aqui, em primeira mão, que foi lançado o novo Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores).

Nós teremos aí mais de R$ 1 bilhão este ano para reduzir impostos, para apoiar a indústria de semicondutores, chips, a área de TI. Floripa e o Estado de Santa Catarina estão na vanguarda da área de tecnologia de informação e energia solar fotovoltaica.

Então você vai ter um apoio grande e nós queremos fabricar aqui placas solares, não apenas importar placa solar para fazer os parques solares, mas fabricar também aqui. Esse é um setor que vai ter absoluta prioridade.

Sobre a reoneração da folha de pagamento: ela vai pesar no bolso, principalmente aqui em Santa Catarina, em setores como calçadista e moveleiro. Que contribuição o senhor pode dividir com os empresários desses segmentos para esse momento da reoneração da folha?

São três questões importantes em termos de competitividade para ajudar o setor produtivo. O presidente Lula fez uma proposta que está no Congresso sobre a questão da desoneração da folha, que é gradual. Ele está aberto ao diálogo para se buscar a melhor solução. Qual a preocupação que sempre se tem? É não ter déficit. E na votação do projeto lá no Congresso, era só o setor produtivo. Aí incluíram também municípios. Então o impacto fiscal que era de R$ 9 bilhões virou R$ 18 bilhões, porque incluiu também os municípios e nós precisamos agir com responsabilidade fiscal, porque se a gente atinge a meta de déficit zero isso vai ajudar mais ainda a queda da taxa de juros, e isso ajuda todo mundo.

Então, sobre desoneração da folha, o Congresso está voltando (de férias) na outra semana. O governo está aberto ao diálogo, para gente ter uma boa solução. A outra boa notícia é a reforma tributária, que vai desonerar muito a indústria. Ela vai simplificar e vai desonerar investimento e exportação. Santa Catarina é um Estado fortemente exportador e é onerado com acumulatividade do crédito.

Você vai desonerar, vai dar uma competitividade enorme às empresas, vão exportar muito mais e também desonerar investimento, então atrai investimento para cá. E a terceira é a industrial. Estamos colocando R$ 300 bilhões para a área de inovação e aqui é um Estado onde pesquisa, digitalização está na ponta. Você vai ter recurso com TR (Taxa Referencial) abaixo da inflação para toda a área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Você tem também o Brasil mais produtivo para apoiar micro, pequena e médias indústrias.

Que avaliação o senhor faz do primeiro ano de governo Lula e seu governo? Sua relação com o presidente Lula?

O risco Brasil caiu de 254 para 137; o dólar que estava em R$ 5,40 caiu para R$ 4,90; o PIB, que era para crescer 1%, acho que cresce 3% ou 2,9%. A inflação caiu, especialmente inflação de comida, que é a mais importante. O emprego cresceu, a bolsa subiu e a economia cresceu. Então eu diria que foi um ano positivo. Nós precisamos fazer isso ainda mais forte e de maneira sustentável. Não tem mágica, não tem coelho da cartola. É trabalho, eficiência.

A reforma tributária foi importante, o programa de política industrial vai agir na competitividade, com uma indústria inovadora, investindo na inovação, uma indústria verde, descarbonizada, que estimula a energia renovável. Tem um conjunto de medidas para melhorar a produtividade. Sobre a minha relação com o presidente Lula, quando eu fui governador e ele era presidente, sempre nos demos bem. Até fui com o presidente Lula no primeiro mandato dele pra China. Só foram dois governadores, eu e o Wellington Dias (PT), que na época era governador do Piauí. Sempre nos demos bem. Disputamos eleições. É legítimo você disputar eleições. E estamos trabalhando muito felizes.

Veja abaixo a entrevista completa com Alckmin

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