Esta fotógrafa muda a vida de cães de abrigo — basta uma aventura na natureza
Leva os animais à praia, em trilhos e para passeios em caiaques para fotografá-los. Depois, partilha as histórias no Instagram.
Só foi preciso algumas horas com Anna para Rachael ter a certeza de que a cadela era a sua companheira de vida. E não, não foi por ser amigável — pelo contrário. Naquele dia, a fotógrafa foi até um abrigo e decidiu levar a pequenota numa aventura ao ar livre, fotografá-la e partilhar a sua história no Instagram com o objetivo de a ajudar a encontrar uma família. Mas nada correu como o esperado.
“Ela roubou comida dos meus bolsos quando eu estava distraída e viajou no banco do pendura com uma atitude nada simpática”, começa por contar à PiT Rachael Rodgers. “Era um monstro no geral, já tinha mastigado várias trelas e saltado a cerca três vezes”, recorda. E foi exatamente isso que a conquistou. “É a única cadela que conheci sem a qual não consigo imaginar a minha vida”, confessa.
Na altura, Rachael resolveu adotá-la e batizá-a em homenagem à responsável pelo abrigo que a acolheu. Numa manhã de fevereiro, há alguns anos, Anna havia sido salva após ser encontrada “a congelar” com uma perna e o rabo partidos. Agora, tem a vida dos sonhos ao lado da tutora que continua a ajudar centenas de cães.
Natural da província de New Brunswick, no Canadá, a fotógrafa tornou-se voluntária há cerca de sete anos. Hoje, vive em Alberta e nos tempos livres, vai até os abrigos e associações da região, escolhe um cão para adoção e parte numa aventura. Nesta, os patudos têm um dia repleto de atividades, seja em terra ou no mar, posam para várias fotos e depois, têm a história partilhada na página da fotógrafa, que conta com mais de 201 mil seguidores.
O projeto, batizado de “Trails and Bears” (trilhos e ursos, em português), surgiu em 2017 após Rachael partilhar uma fotografia da sua então cadela, Denali, a fazer canoagem entre montanhas cobertas de neve. A imagem foi rapidamente viral e os novos seguidores “não tinham qualquer interesse” nas publicações habituais de bicicletas que fazia na altura.
Contudo, a fotógrafa confessa que apesar da atenção e dos novos seguidores que ganhou, também não tinha interesse em fazer novas imagens da companheira de quatro patas para “entreter estranhos online”. Mas viu ali uma oportunidade produtiva: “Iria voluntariar-me para levar cães para adoção em aventuras, assim como fiz com Denali, na esperança de lhes mudar a vida”.
Cada aventura é única
Desde que se conhece por gente, Rachael sempre teve um cão por perto. Mas os felinos também a conquistaram e, constantemente quando miúda, levava gatos vadios para casa. “Os meus pais deixavam-me ficar com alguns, mas eu tinha de ser a responsável por economizar e pagar a sua esterilização ou castração”, recorda à PiT.
Foi também com os pais, mais precisamente com a mãe, que descobriu a paixão pela fotografia. “Ela tira mais fotos do que qualquer pessoa que conheço”, sublinha. E à medida que ficava mais velha, percebeu “o valor das memórias criadas”. No natal de 2011, recebeu uma câmara dSLR para iniciantes e recorda-se de ter ficado “frustrada” a tentar aprender como usá-la. “Hoje em dia, a minha câmara é como uma extensão do meu braço”, frisa.
Nas aventuras com os patudos, tenta sempre ir para sítios diferentes e costuma conduzir sem rumo. Embora sempre faça um plano com base nas informações que recebe sobre cada animal, é da casa onde vive que escolhe uma direção aleatória e segue-a por uma hora ou hora e meia até encontrar o lugar ideal.
“Se um cão é reativo com outros cães, conduzo até encontrar um trilho sem ninguém e faço planos para levá-lo num horário menos movimentando, como uma manhã de um dia de semana”, explica. “Já se ficar enjoado, posso alterar os planos para fazermos uma viagem mais curta ou com mais paragens”, acrescenta.
Durante os passeios, a fotógrafa procura fazer atividades e brincadeiras que os animais gostem para mostrar “os seus pontos fortes para possíveis adotantes”. E entre as imagens que mais chamam atenção, estão as de caiaques — é com os filhotes que as costuma fazer. “Levo-os a um lago giro para remarmos. A ideia de fazer isso com um cachorro também ajuda a interessar novas pessoas pelo voluntariado”.
Além de Anna, a família de Rachael acolhe diversos cães bebés até os encontrar um lar definitivo. E nos dias em que faz voluntariado, a patuda não acompanha a fotógrafa. “Tenho de a deixar em casa e sinto a sua falta, especialmente porque sei que ela adoraria acompanhar-nos”, remata. “Mas acho interessante poder conhecer vários cães”.
Em 2020, a canadiana publicou um livro com as várias fotografias dos animais e aproveitou para contar a história de como usar as redes sociais para ajudá-los. Está disponível para compra por 20 dólares canadianos (14€, à taxa de câmbio atual) e Rachael também disponibiliza uma área de donativos no seu site.
De seguida, carregue na galeria para ver algumas fotografias dos cães pelos olhos da fotógrafa.
ver galeria
“>
TraisandBears, Rachael Rodgers.
Crédito: Link de origem



Comentários estão fechados.