COP28: Transição energética de Moçambique, no valor de 80 mil milhões de dólares, irá alavancar os seus vastos recursos renováveis, diz o Presidente

A estratégia de transição energética de Moçambique, no valor de 80 mil milhões de dólares, irá alavancar os vastos recursos renováveis do país para posicionar o país como um destino de investimento sustentável e fornecer energia ao seu povo, disse o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na cimeira COP28, no Dubai.

Falando no terceiro dia da conferência da ONU sobre o clima COP28, o Presidente Nyusi disse que Moçambique ainda vai aproveitar o potencial das suas reservas de gás natural offshore numa combinação diversificada de energia que também irá explorar os seus abundantes recursos hidrelétricos, eólicos e solares.

Ao mesmo tempo que faz a transição para um futuro descarbonizado, Moçambique deve continuar a crescer e a satisfazer as necessidades da metade da sua população que não tem acesso à eletricidade, disse o chefe de Estado.

“Há duas realidades que são um dilema face às nossas ambições: como país em desenvolvimento, menos de 53% dos nossos habitantes têm acesso à energia. Depois, o nosso país tem reservas de 180 tcf (biliões de pés cúbicos), com dois projetos estruturantes de gás natural liquefeito com potencial para gerar recursos”, disse Nyusi no painel de alto nível.

“A missão da estratégia é alavancar os abundantes recursos renováveis e naturais de Moçambique para acelerar a trajetória de desenvolvimento socioeconómico de baixo carbono”, explicou.

A transição energética de Moçambique vai exigir grandes investimentos em novas tecnologias associadas a veículos elétricos, hidrogénio verde, digitalização e formação de jovens.

“Estimamos que são necessários mais de 80 mil milhões de dólares em investimentos públicos e privados até 2050. Para realizar plenamente este potencial ambicioso da estratégia de transição energética, as oportunidades de financiamento de investimentos a curto prazo ascendem a 3 mil milhões de dólares só no próximo ano”, afirmou o Ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Carlos Zacarias.

“Queremos parceiros, não apenas doadores; o futuro é, sem dúvidas, brilhante, mas temos de trabalhar juntos de forma decisiva”, acrescentou.

O Dr. Akinwumi Adesina, Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, deu o seu apoio ao ambicioso programa e disse que, mesmo apesar de o mundo se mover para diminuir a sua dependência dos combustíveis fósseis, Moçambique não pode ignorar o seu potencial de gás natural.

“Os países africanos, e neste caso Moçambique, devem utilizar uma combinação de energia hidroelétrica e de gás natural”, disse o Dr. Adesina durante a discussão.

“Aos que dizem que o gás natural cria muitos problemas, eu respondo que não cria, de facto. Como é que podemos justificar que 600 milhões de pessoas não tenham eletricidade? E ter 900 milhões de pessoas sem cozinha limpa no século XXI? Precisamos de um cabaz energético equilibrado que permita o acesso à energia, com segurança e estabilidade energética”, acrescentou.

Fatih Birol, Diretor Executivo da Agência Internacional da Energia, referiu que África representa apenas 3% das emissões globais de gases com efeito de estufa que provocam as alterações climáticas. Por conseguinte, seria injusto impedir o continente de desenvolver as suas reservas de hidrocarbonetos.

“Se desenvolvermos todos os depósitos, todos eles, as emissões aumentarão de 3 para 3,4%, o que não é nada. África deve utilizar energias limpas, mas o gás natural é necessário para algumas aplicações e setores industriais que necessitam de temperaturas muito altas para os processos. Digo isto para que os meus colegas em África não se sintam culpados por utilizarem os seus recursos de gás”, afirmou.

O antigo Primeiro-Ministro do Reino Unido, Tony Blair, coanfitrião do evento na qualidade de Presidente do Instituto Tony Blair, concordou que a população africana deve sentir os benefícios da transição energética do continente.

“A única forma de resolver o problema das alterações climáticas é associar a energia limpa ao desenvolvimento económico. Se a energia limpa não ajudar as pessoas, nunca funcionará”, afirmou.

A estratégia energética de Moçambique assenta em quatro pilares, disse o Ministro Zacarias: expandir a capacidade de energia limpa através de projetos hidrelétricos e centrais solares e eólicas para compensar a parte dos combustíveis fósseis na matriz energética; capitalizar a industrialização verde através de projetos integrados em torno de corredores industriais como o corredor de Nacala; aumentar os programas para o acesso universal à energia até 2030 através de soluções de cozinha limpa e mini-redes solares; e promover os transportes verdes, introduzindo veículos elétricos, bem como aumentar a utilização de veículos a gás e promover os biocombustíveis.

A COP é a maior plataforma global para as nações negociarem um caminho acordado para enfrentar as alterações climáticas. O encontro reúne também as principais partes interessadas nas alterações climáticas: governos, setor privado, juventude e sociedade civil. O tema da conferência deste ano é Unir, Agir, Cumprir.

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