Consumidores em Portugal desperdiçam até 10% da comida na quadra natalícia

“Os dados revelam práticas conscientes, quase 45% armazenam excedentes alimentares para consumo futuro, enquanto cerca de 39% realçam a importância da precisão nas quantidades adquiridas”, refere Maria Tolentino, Country Manager da Too Good To Go em Portugal, a propósito do estudo realizado pela Appinio para a Too Good To Go, citada em comunicado.

Os consumidores em Portugal desperdiçam até 10% da comida na quadra natalícia, de acordo com dados da Too Good To Go.

Um breve estudo da plataforma refere, também, que seis em cada dez pessoas decidem fazer as suas compras durante as comemorações de forma a assegurar que têm comida suficiente para os seus convidados no período de Natal, com 39% dos inquiridos a reconhecerem que, “ocasionalmente, compram mais comida do que o necessário, variando conforme a ocasião e o número de convidados”, é referido numa nota enviada ao Jornal Económico.

Convidados a responder à questão “Porque é que desperdiça mais comida no Natal?”, a opção “Cozinha-se mais comida e sobra demasiado” foi a mais escolhida (30%), seguida da opção “Compra-se mais comida do que se precisa (27%) e de “Não há assim tantos restos de comida e não vale a pena guardá-los” (26%).

Discriminando por prato/alimento mais desperdiçado, os dados recolhidos pela Too Good To Go “revelaram interessantes padrões”, com os doces típicos da quadra a liderarem a lista. “Cerca de 45% dos participantes indicaram que os doces tradicionais de Natal são os alimentos que mais frequentemente sobram, seguidos por 38% que mencionaram doces em geral, como bolachas, chocolates e bolos”, detalha o comunicado da aplicação.

Sobre o problema do desperdício alimentar, o coordenador executivo do movimento cívico Unidos Contra o Desperdício, Francisco Mello e Castro, alertou, em declarações ao Jornal Económico, que é nos domicílios que a maior parte do desperdício ocorre.

“Segundo todas as estatísticas, a maior fonte de desperdício continuam a ser as nossas casas. E então é aí que temos que atacar”, explicou o responsável, numa entrevista concedida ao Jornal Económico no final de setembro, a propósito do Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar.

O movimento Unidos pelo Desperdício, do qual a Too Good to Go faz parte, foi fundado no dia 29 de setembro de 2020, “muito por este impulso da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, na pessoa da Isabel Jonet, a propósito da designação das Nações Unidas”, explica o mesmo responsável.

Se o desperdício alimentar fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases com efeito de estufa, refere. Os números apontam para um desperdício anual de 184 quilos de alimentos por pessoa em Portugal, o que totaliza 1,8 milhões de toneladas, o quarto país que mais desperdiça na Europa. Na União Europeia (UE), falamos de 88 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados anualmente.

As alterações feitas ao nível da legislação e da supervisão foram um dos aspetos levantadas por Francisco Mello e Castro no âmbito da luta contra o desperdício alimentar. “Durante muitos anos a ASAE era muito castradora e muito incisiva sobre aquilo que eram, por exemplo, doações de excedentes alimentares, de carnes e produtos frescos (com obviamente elevados riscos de perigos para a saúde). Durante muitos anos houve uma inflexibilidade total e, portanto, havia multas pesadas sobre empresas que pudessem de repente distribuir ou oferecer ao Banco Alimentar ou outras entidades, associações locais, carne ou produtos já próximos”, explica, alertando para a falta de incentivos e custos fiscais elevados para as empresas.

O mesmo responsável apontou o papel desempenhado hoje pelas cadeias de supermercados no combate ao desperdício alimentar. “As próprias empresas estão a fazer revoluções internas para mudar muitos processos e para serem mais eficientes e mais sustentáveis, continuando sempre com o foco principal nos resultados e no lucro”, sublinhou, acrescentando que “hoje há realmente uma consciência muito maior”, o que é “muito positivo”.

Francisco entende, também, que os “supermercados e as cadeias de distribuição alimentar, que são no fundo, o elo, têm um papel e uma responsabilidade muito grande sobre este tema”. “Porque são o elo de ligação entre aquilo que são dezenas, milhares, centenas de fornecedores, parceiros, produtores e os milhões de consumidores”, explica, listando várias iniciativas levadas a cabo pelas mesmos, como a colocação de etiquetas vermelhas representativas de artigos cujo prazo de validade se está a aproximar, o lançamento de produtos que promovem a economia circular, entre outros.

Questionado sobre a responsabilidade do consumidor final nesta questão, Francisco Mello e Castro considera o desperdício alimentar “um problema de todos, que só pode ser resolvido com todos” da cadeia. 

Ainda sobre o Natal, a Too Good to Go refere, na mesma nota, que é “interessante observar que existe uma crescente consciencialização e ações para reduzir o desperdício alimentar durante as festividades”. Cerca de 60% inquiridos no estudo “acreditam numa mudança positiva na sociedade, mostrando confiança no aumento da consciência para evitar o desperdício alimentar em casa e na comunidade”.

“Os dados revelam práticas conscientes, quase 45% armazenam excedentes alimentares para consumo futuro, enquanto cerca de 39% realçam a importância da precisão nas quantidades adquiridas”, explica Maria Tolentino, Country Manager da Too Good To Go em Portugal, a propósito do estudo realizado pela Appinio para a Too Good To Go, citada no comunicado.

“Aproximadamente 41% dos jovens abaixo dos 35 anos demonstram um compromisso ativo em calcular os alimentos adquiridos com precisão, o que reflete uma geração que valoriza a sustentabilidade. Por outro lado, quase metade dos inquiridos com mais de 35 anos enfatizam a preservação dos excedentes alimentares, demonstrando uma abordagem prática e experiente para lidar com as sobras”, continua a Country Manager da Too Good To Go em Portugal.


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