Conheça a história de Yevgeny Prigozhin, ex-vendedor de cachorro-quente que virou líder do Grupo Wagner | Jornal Nacional

De vendedor de cachorro quente a um dos homens mais influentes da Rússia

De vendedor de cachorro-quente a um dos homens mais influentes da Rússia: a história de brutalidade de Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, vem de muito antes de ele comandar o Grupo Wagner, a milícia sanguinária que serviu a Vladmir Putin e agora o enfrentou.

Em 1981, Prigozhin foi condenado a 13 anos de prisão por assaltos nas ruas de São Petersburgo, a mesma cidade de Putin que, na época, ainda se chamava Leningrado. Acabou solto em 1990, um ano antes do colapso da então União Soviética.

Fora da cadeia, começou a vender cachorro-quente em São Petersburgo. Em uma nova Rússia, o negócio cresceu. Prigozhin se aproximou de pessoas influentes e a barraquinha deu lugar a um restaurante chique em meados dos anos 1990. Um dos frequentadores era o então prefeito de São Petersburgo, muitas vezes acompanhado de um dos principais secretários dele: Vladimir Putin.

Quando Putin chegou à presidência pela primeira vez, na virada de 1999 para o ano 2000, assim que Boris Yeltsin renunciou, Prigozhin passou a cuidar dos banquetes dos eventos no Kremlin; ganhou o apelido de “chef de cozinha de Putin”.

De chef a combatente

Só que o jeito violento de Prigozhin chamou a atenção do presidente para outro fim. Para não envolver diretamente o Exército russo nos conflitos separatistas no leste da Ucrânia em 2014, Putin permitiu a formação de milícias pró-Moscou e Prigozhin, contrato para fornecer comida aos soldados, começou a fornecer também mercenários. Surgiu o Grupo Wagner.

Segundo a imprensa europeia, o nome veio do apelido de um dos fundadores da milícia, Dmitry Utkin, que o escolheu para homenagear o compositor alemão Richard Wagner, o favorito de Adolf Hitler. Desde então, Putin tem usado os mercenários em conflitos, não só na Ucrânia, mas também na Síria, na Líbia, na República Centro-Africana e até em Moçambique, país de língua portuguesa.

Por muito tempo, Putin precisou do Grupo Wagner para dar conta de conflitos. Não apenas na Ucrânia, mas também na Síria, Líbia, República Centro-Africana e até em Moçambique, país de língua portuguesa. Foi uma forma de o Kremlin exercer a influência russa pelo mundo sem que Putin sujasse as mãos diretamente.

O Grupo Wagner chegou a ter mais de 50 mil combatentes, segundo estimativa do governo britânico, um poder de fogo bem menor do que os mais de 1,1 milhão de militares das Forças Armadas russas.

Yevgeny Prigozhin — Foto: JN

Acusado pelos EUA

Por muito tempo, Prigozhin não admitia que chefiava a milícia; até o ano passado, quando ajudou o exército russo a invadir a Ucrânia e quando assumiu que ajudou Moscou nas tentativas de sabotar seu maior rival, a Casa Branca.

Prigozhin admitiu que agiu para interferir nas eleições dos Estados Unidos. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos o acusou formalmente de comandar um batalhão também nas redes sociais, com perfis falsos baseados em dados roubados de usuários da internet.

Segundo investigadores americanos, esses perfis propagaram informações falsas para favorecer o republicano Donald Trump, que venceu as eleições de 2016.

Prigozhin entrou na lista dos procurados do FBI, a Polícia Federal Americana, que oferece US$ 250 mil para quem ajudar a prendê-lo.

O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções econômicas contra Prigozhin no começo deste ano, pelo papel dele e do Grupo Wagner na guerra da Ucrânia.

O jornal americano “Wall Street Journal” publicou, neste sábado (24), que novas medidas contra ele devem ser suspensas temporariamente para evitar uma sinalização de que os Estados Unidos tomaram um lado nesse conflito interno na Rússia.

Os métodos de atuação do grupo pelo mundo levantaram críticas do Ocidente e também das Nações Unidas, que acusaram a milícia de estupros, tortura e execuções.

Em dezembro de 2022, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, denunciou: ouvimos repetidas preocupações de que o Grupo Wagner explora insegurança, ameaça a estabilidade, mina a boa governança, rouba riquezas minerais de países e viola os direitos humanos.

Com o decorrer da guerra, Prigozhin passou a se mostrar cada vez mais crítico ao governo russo, especialmente aos chefes militares. Disse que a elite do país não levava a guerra a sério e que a situação poderia levar a Rússia a uma nova revolução, como a de 1917.

Ameaçou ainda retirar o Grupo Wagner da cidade ucraniana de Bakhmut, massacrada pelos mercenários e, segundo documentos do governo dos Estados Unidos, aos quais a imprensa teve acesso, ameaçou também trair o Kremlin e repassar a localização dos soldados russos ao Exército da Ucrânia.

Prigozhin ainda responsabilizou o ministro da Defesa e o comandante das Forças Armadas russas pelas milhares de mortes de combatentes pagos para defenderem Moscou. Esse descontentamento foi registrado em vídeo, gravado em maio.

O chefe do Grupo Wagner pedia mais munição e reclamava, aos berros e palavrões, do mesmo governo russo que o tornou um dos homens mais poderosos do maior país do mundo.

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