Cabo Verde pode ser um bom exemplo para mostrar os impactos positivos da transição energética – Embaixadora de UE
“É evidente que a escala é outra, mas Cabo Verde tem boas condições para ser um exemplo também de como a transição energética pode ter um impacto positivo na economia, criar empregos qualificados, porque o sector das energias renováveis cria empregos qualificados”, disse Carla Grijó.
A diplomata europeia referiu-se ainda ao nexo água/energia, adiantando que a utilização das energias renováveis pode traduzir-se na redução do preço de energia e incentivar a dessalinização não só para o consumo como para a agricultura.
“É um processo que consome muita energia, se se consegue fazer baixar o preço da energia, baixa-se também o preço da produção da água. Ainda não temos cálculos feitos, mas empiricamente percebemos que vai ter um impacto positivo. Pode abrir a possibilidade, por exemplo, até em termos de agricultura, porque hoje em dia os agricultores possivelmente não utilizam água produzida desta forma, porque o custo é muito alto”, sustentou.
“Se se baixar o custo, e associando também a tecnologias agrícolas e de irrigação, pode ajudar também até em termos de resiliência do país, em termos da produção dos seus próprios alimentos. Portanto, a transição energética para Cabo Verde pode ser transformadora”, afirmou.
Carla Grijó falava numa sessão com a comunicação social para se pronunciar sobre a posição da União Europeia e dos seus Estados Membros em relação à 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 28), durante a qual anunciou a contribuição de 145 milhões de dólares para o fundo climático respostas a danos e perdas provocada pelas mudanças climáticas
A este valor somam-se as contribuições dos Estados-membros. Este fundo climático vai ser depositado no Manco Mundial para apoiar os países mais vulneráveis.
A embaixadora da UE na cidade da Praia sublinhou que a primeira prioridade para esta COP deve ser a de eliminar o uso de combustíveis fósseis, principal causa de emissões de Gases de Efeitos de Estufa e do aumento da temperatura.
“Segundo a ONU, para cumprir o objectivo do Acordo de Paris, as emissões globais terão de diminuir 42% até 2030. Isto só pode ser feito acelerando a transição, à escala global, para energias e tecnologias limpas”, disse
“O mundo precisa de um objectivo comum para a Transição Energética. Por isso, a União Europeia e os seus Estados-Membros propõem que na COP28, além de se fazer o balanço da situação climática, concordemos num Compromisso Global para acelerar o uso de energias renováveis e para melhorar a eficiência energética”, acrescentou.
A UE, indicou, está a fazer a sua parte, com a diminuição constante das suas emissões desde os anos 90 do século passado, tendo atingido uma redução total de -32,5% em 2022.
Porém, afirmou que a transição energética só será eficaz se for colaborativa e incluir todos os países do mundo.
“A UE apenas responde por 7% das emissões de gases de efeito de estufa. Para tanto, é essencial garantir mais investimento em energias e tecnologias limpas nos países em desenvolvimento”, sustentou.
Para além disso, adiantou que a UE apoia também os esforços com vista a uma reforma da arquitetura financeira internacional que possibilite a todos os países acesso a financiamento para investimentos estruturantes, nomeadamente tendo em vista a sua transição energética ou os seus esforços de mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Neste particular lembrou ainda que através da estratégia da Global Gateway, que combina subvenções e garantias do orçamento com empréstimos concessionais do Banco Europeu de Investimento e financiamentos, a UE está a disponibilizar um pacote financeiro superior a 243 milhões de euros para impulsionar as áreas de energias renováveis, transporte marítimo com menor emissão de GEE e a transformação digital.
A expectativa da UE em relação ao COP, a decorrer nos Emirados Árabes Unidos, é que saia um compromisso global em relação à transição Energética, um acordo sobre abandono do uso dos combustíveis fósseis, garantir que se atinge o pico do consumo de combustíveis fósseis antes de 2030 e o abandono de subsídios a combustíveis fósseis que não estejam relacionados com a questão da pobreza energética ou da transição justa.
Inforpress/fim
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