No meio de uma conjuntura mais sombria do que se esperava para a economia europeia, a Comissão Europeia manteve praticamente sem alterações as previsões de crescimento para Portugal, apontando para um abrandamento do ritmo da actividade económica no decorrer deste ano e para uma aceleração modesta ao longo de 2025.
Nas previsões intercalares de Inverno dadas a conhecer esta quinta-feira, o executivo europeu não faz, relativamente a Portugal, mais do que pequenas correcções relativamente às previsões de Outono que tinha apresentado em meados do passado mês de Novembro. Se o crescimento económico no ano passado, que antes estimava ser de 2,2%, cifrou-se afinal em 2,3%, no que diz respeito ao desempenho da economia durante o presente ano, a Comissão está agora mais pessimista, mas apenas de forma ligeira, prevendo uma variação do PIB de 1,2%, em vez dos 1,3% antes projectados.
Em relação ao crescimento da economia portuguesa em 2025, a expectativa mantém-se nos 1,8% já esperados em Novembro.
Os números confirmam o cenário de abrandamento estimado para Portugal no decorrer deste ano, mas ainda assim significam que o país consegue escapar à revisão em baixa que a Comissão Europeia se viu forçada a fazer nas suas projecções para o total das economias da zona euro e da União Europeia.
No relatório publicado esta quinta-feira, a Comissão dá conta de “uma retoma adiada” na economia europeia e, por isso, para além de passar o crescimento na zona euro em 2023 de 0,6% para 0,5%, corrige a sua projecção para este ano dos 1,2% esperados em Novembro para 0,8% agora. No caso da União Europeia, a revisão das perspectivas de crescimento este ano é de 1,3% para 0,9%.
Bruxelas assinala que a economia europeia “entrou em 2024 de uma forma mais fraca do que aquilo que era esperado” e que “depois de, por pouco, evitar uma recessão técnica na segunda metade do ano passado, as perspectivas para o primeiro trimestre de 2024 continuam a ser baixas”.
A maior economia da UE, a Alemanha, destaca-se pela negativa, já que, depois da contracção de 0,3% registada no PIB em 2023, viu a sua previsão de crescimento em 2024 passar de 0,8% em Novembro para apenas 0,3%.
Já no que diz respeito a Portugal, o final do ano passado acabou por surpreender pela positiva, com o crescimento em cadeia de 0,8% registado no último trimestre de 2023, o que pode explicar o facto de o país escapar à revisão em baixa das previsões que é feita para o total da economia europeia.
No entanto, as expectativas continuam a ser de um crescimento mais lento no arranque deste ano. “Devido à procura fraca dos principais parceiros comerciais, prevê-se que o crescimento económico se mantenha limitado no início de 2024, recuperando mais tarde, mas de forma gradual”, afirma o relatório.
A Comissão Europeia antecipa ainda que, em Portugal, “o consumo privado deverá beneficiar de um aumento regular do emprego e dos salários, que compensam largamente as despesas mais altas das famílias com o pagamento de juros”. Ao mesmo tempo, no que diz respeito ao investimento, a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência deverá ajudar.
O problema estará, por isso, no contributo da procura externa, com a Comissão a prever que “as importações cresçam mais rapidamente que as exportações”.
As boas notícias, tanto para a Europa como para Portugal, vêm, nestas projecções, dos preços. A Comissão Europeia antecipa que a inflação continue a apresentar uma trajectória descendente e que, em particular, a descida dos preços da energia permita à economia europeia recuperar alguma da competitividade perdida.
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