Nada de farofa ou caixas térmicas abarrotadas de gelo e bebidas. Para as areias de BH, os itens indispensáveis são raquetes, bolão ou bolinha. Junte isso a promessa de queima de 500 a 700 calorias num ambiente praiano. Foi assim que, no período da pandemia, e com a impossibilidade de viagem para o litoral, o beach tennis, o futevôlei e o vôlei de praia tomaram conta das quadras da capital.
“Mineiro adora uma praia, e o mais legal é que você de repente pode ir para o sol, tomar uma ducha depois. Dá um ar de mais liberdade, mais natural, sabe? Eu acho que todo belo-horizontino realmente gosta, não tem praia, a gente vai para o bar e vai pra areia praticar exercício”, conta a arquiteta Amanda Mendes, que trocou as salas tradicionais de musculação pelas areias de BH.
O distanciamento entre os praticantes e a chance de colocar o pé na areia, praticamente no quintal de casa, foram alguns dos atrativos listados por quem começou, meio que sem querer, a se aventurar nos esportes praianos. Quem pratica qualquer uma das modalidades, ainda que garante toda pessoa, com boa disposição e dedicação, pode se tornar rapidamente um atleta de ponta.
“Peguei uma raquete emprestada lá com alguém e vi que era possível. É um esporte que não tem tanta dificuldade para iniciante, e aí eu consegui, com pouco tempo, já passar a bolinha e acabei largando o vôlei. Hoje eu jogo somente beach tennis”, conta Neylor Bruzaferro Vieira, 47, proprietário de uma oficina mecânica e que já levou a família toda para a atividade e, com apenas dois anos no esporte, ele está a uma categoria de ser profissional.
“Qualquer pessoa, desde nove anos de idade, até os 76 anos pode praticar (rs). A técnica de movimentação na areia não é difícil, e, por ser mais lúdico, muita gente pega gosto e investe. Em quatro a cinco anos já dá para formar um atleta de ponta”, conta Daniel dos Anjos, 29, atleta profissional de beach tennis, nº 394 do mundo no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) e professor da modalidade.
Por toda parte
Não é difícil encontrar uma quadra para se jogar nas areias de BH. Mas é praticamente impossível contar quantas existem. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, estão registrados no CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) 100 estabelecimentos como quadra e 165 unidades na função gestão de quadras, piscinas e praças de esportes. O número exato, porém, pode ser maior.
“Se tem um lote vazio em BH as pessoas logo estão transformando em uma quadra de areia”, resume o bem-humorado Thiago Souza, gestor da Federação Mineira de Tênis e Beach Tennis.
O Estado tem cerca de 600 atletas federados no beach tennis, mas o total de atletas é bem maior, já que para a disputa de campeonatos de alto nível não é preciso estar regularizado junto à entidade. O beach tennis é, dos esportes de areia, o que mais cresceu no país nos últimos anos. De 2021 para cá, o aumento é de quase 200%, e, de 2 milhões de praticantes em todo o mundo, cerca de 1,1 milhão está no Brasil. “A nossa luta é pela profissionalização do esporte, ainda visto como diversão”, frisou Thiago Souza.
Preços
Outro atrativo são os preços, que, apesar de variarem entre R$ 150 e R$ 300 a mensalidade, com direito a uma ou duas aulas semanais, podem ser bem mais acessíveis. Para quem quer curtir com os amigos uma ida a uma quadra de areia, há a opção de day use, que pode custar entre R$ 20 e R$ 30. Oferecer esse espaço livre aos frequentadores de fim de semana é prática recorrente dos donos dos espaços.
“A pessoa aluga, individual ou em grupo, pode praticar e ainda curtir o dia na areia”, explica Bruno Prota, gestor do Areia 7, no Alípio de Melo, região Noroeste da capital.
Vitor Lima, do Estação BH, concorda e vai além. Para ele, a alta temperatura potencializa os esportes de areia.
“Como eles são muito metabólicos e se tornam lúdicos também, acabam atraindo muitas pessoas que não gostam de ir à academia”, afirma o gestor do estabelecimento no Cidade Nova, região Nordeste de BH.
Novas modalidades
E pensando ainda nesse público que odeia a tradicional musculação que começou a surgir até o funcional na areia. “A aula contempla todo o corpo, seja trabalho de membro superior, inferior, core, e a predominância são os treinamentos aeróbicos. Tem em especial o sol, a dinâmica, a coletividade, o trabalho em grupo, enfim, é um mix de benefícios na areia, que tem sido muito procurada”, conta o personal Rodrigo Roberto de Souza, o RGol, 37.
Estruturas ficam prontas em até 15 dias
O item mais complicado na construção de uma quadra de areia é a própria matéria-prima ‘natural’. E o custo de uma estrutura completa para abrigar beach tennis, futevôlei e futebol de areia varia entre R$ 60 mil e R$ 90 mil, a depender do tamanho do terreno, que precisa ter, no mínimo, 220 metros quadrados.
“Comecei a investir na construção dessas quadras em 2016, quando lancei um site sobre o assunto. Mas, depois da pandemia, a demanda aumentou muito, em até 90%. Aos 68 anos, já estou tirando o pé do acelerador, mas, se deixar, é muita demanda”, comenta Marcelo Cots, proprietário da Beach Tennis BRA, que faz quadras de areia Brasil afora.
Já quem em minas não tem mar…
Das areias de Copacabana para as areias de BH. O futebol beira-mar surgiu, na década de 30, como uma brincadeira entre os praticantes na praia mais famosa do Brasil. E foi na década de 60 que a modalidade ganhou uma nova versão, o futevôlei, uma mistura que o nome sugere: futebol e vôlei. Do Rio de Janeiro, a atividade tomou o mundo.
Entre as montanhas, é difícil encontrar um mineiro que não seja apaixonado por praia. Mas, na ausência do mar, a turma dos esportes de areia deu seu jeitinho de jogar o futevôlei.
“Vários amigos meus já jogam futevôlei há bastante tempo. E aí, com o crescimento do esporte, me apaixonei e estou até hoje aí brincando com o pessoal todo sábado de manhã. A gente sabe que Belo Horizonte infelizmente não tem praia, mas a areia foi uma forma de também adaptar o ambiente para o pessoal daqui”, conta André Batista, corretor de seguros que há cinco anos joga futevôlei.
Para Henrique Ribeiro, correspondente bancário, a queima calórica é outro atrativo para quem largou o gramado sintético e até mesmo natural pelas areias. “É um esporte a mais que eu venho desenvolvendo, e, em termos de funcional, perda de peso, é uma prática que você consegue perder muito e ter um resultado muito maior que somente o futebol”, contou.
O que é necessário para praticar?
Não é preciso talento nem conhecimento prévio de nenhuma das modalidades de areia para começar a praticar beach tennis, futevôlei ou vôlei de praia. A maioria das quadras de BH, inclusive, empresta raquetes e bolas para os alunos. As aulas duram entre 45 minutos e 1 hora, e podem custar entre R$ 150 a 300 (uma ou duas vezes por semana).
Normalmente, as academias da areia também tem horários estendidos e funcionam praticamente das 7h às 22h. No caso do beach tennis, para quem quiser comprar sua raquete, ela pode custar de R$ 1.000 a R$ 3.000 (profissional) e dura praticamente a vida inteira. Roupas leves, bastante filtro solar e água são indispensáveis na hora do treino.
Onde jogar em BH
- Arena 7: Av. Heráclito Mourão de Miranda, 907 – Alípio de Melo. Instagram: @arena7bh
- Estação BH: Rua Engenheiro Bernardo Sayão, 285 – Cidade Nova. Instagram: @_estacaobh
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