“No Benfica disseram-me que era muito baixinho e vim embora”, revelou o avançado espanhol no podcast dos arsenalistas
Álvaro Djaló foi o convidado do ‘PodNext’, podcast do clube minhoto emitido ai final da tarde deste domingo. Entre muitas outras histórias sobre a sua vida e carreira, o avançado espanhol de 24 anos, contou como acabou por chegar ao Sp. Braga, depois de tentar o Benfica e o Sporting, em 2017, na altura para reforçar a equipa de sub-19.
Um ex-leão que o desviou: “Quando cheguei a Portugal pela primeira vez fui primeiro ao Benfica fazer um teste de duas semanas, disseram-me que era muito baixinho e vim embora. Estive lá com o João Félix, o Florentino e fiquei com a experiência, já fiquei também com uma ideia do que ia ter pela frente. Depois fui para o Sporting, estive lá um mês e meio a até era para ficar lá, mas como não tinha assinado nada… acho que o scout que estava lá veio depois para o Sp. Braga e tinham falado de mim. Na altura já tinha voltado para Bilbau e vim para cá, fiz um teste e acabei por ficar.”
Oportunidade para agarrar com tudo: “Não me custou a adaptação. Logo no primeiro ano quando cheguei ao Sp. Braga vinha com uma grande fome, com vontade de triunfar, disse logo que se deram esta oportunidade tinha de comer a relva. Fiz bastantes golos. Senti a diferença no futebol, principalmente na tática. O míster dava-me muito na cabeça e agora percebo que aquilo ia ajudar-me muito no futuro como estou a sentir agora.”
Evolução de um ano para o outro: “Sinto que evolui muito do ano passado para este ano, principalmente mentalmente. Custou-me um pouco, pois não estava à espera de ver e sentir tudo o que senti no ano passado, aquela pressão dos grandes estádios cheios. Este ano estou mais tranquilo e muito mais maduro. O meu pai está sempre com a caderneta a apontar tudo o que devo fazer, ele continua a puxar por mim, sabe que posso dar muito mais e tento meter isso em prática.”
Ser arma secreta ou jogar no onze? “Isso pouco me importa, desde que a equipa ganhe. O que me importa é a equipa, todos queremos jogar de início ao fim, mas mais importante é a vitória do coletivo. Gosto de mexer com o jogo, seja no início ou no fim, estou lá para rebentar.”
Bom entendimento com Simon Banza: “A gente dá-se bem, sim, também fora do campo. É um entendimento bom com o Banza, tens de estar no lugar certo, gosto muito de fazer tabelinhas com o ponta-de-lança. Claro que sou mais rápido que ele… Se salto mais que ele? Sou baixinho mas também tenho umas boas molas!”
Imaginava saltar da Liga 3 para a Champions? “Que me pudesse estrear na Liga dos Campeões com o míster Artur não sabia nem estava à espera, mas estou muito feliz com isto, ver ele também subir e a mostrar serviço ao clube. Não estava à espera, claro, mas também trabalhámos muito no ano passado para conseguir isto, ninguém nos deu nada. Mantivemos a consistência e estamos a jogar a melhor competição de clubes do Mundo.”
Como se prepara a mente para jogar com o Rebordosa e logo a seguir com o Real Madrid? “É muito simples, pois quem joga aqui no Braga só quer ganhar, seja Rebordosa, Liga 3 ou Liga 2, a nossa mentalidade é ganhar”
Tem sobressaído com golos e assistências. Sente-se diferente? “Está tudo igual para mim na minha vida, descanso muito à tarde, às vezes vou ao ginásio. Gosto de sair, de ir à praia, dar um passeio, mas quando não está nenhum familiar meu, costumo ficar sempre em casa. Deixei a minha família em Bilbau, os meus amigos de infância, os meus pais e os estudos para poder concretizar um sonho e consegui.”
Perdeu-se um carpinteiro. Era o plano B? “Nunca tive um plano B, só tinha um plano A e deu certo. O curso de carpintaria era só para agradar aos meus pais, principalmente a minha mãe. Nem sequer fiz um ano lá, era uma escola profissional onde mostravam como se fazia tudo com a madeira, até era fixe, mas tinha matemática e eu não sou muito amigo da matemática. Fiz um banco em madeira que ainda o tenho e fiz um cavalhinho para a minha sobrinha.”
Há quem diga que é o menino bonito do treinador porque ambos subiram desde a equipa B: “Sim, sim sou o menino querido, quem não chora não mama (risos)”.
Especialista nos livres: “Sempre gostei de bater livres. Claro, às vezes sai bem, outras não. Se eu puder, eu bato. Ainda tenho de perguntar ao capitão, não é? ‘Capitão, dá?’ E ele: ‘Toma’. Se vir que está muito longe, digo: ‘Olha, que vá outro’. Eu lembro-me de um livre em Malmö e o míster diz-me assim: ‘Pega, bate tu, bate tu!’. Cheguei lá e disse: ‘Eu? Está muito longe, míster’. ‘Não, tu, tu…’, disse ele. Cheguei, peguei na bola e acho que saiu para fora do estádio…”
Roger vai ser boa surpresa: “Sabendo que estamos num clube grande temos de demonstrar o porquê disso e nenhuma equipa pode chegar aqui e ganhar fácil. Temos de ter sempre esta espírito, como aconteceu com o Rio Ave, onde a entrada do Roger deu vida ao jogo, com os seus dois cruzamentos para os avançados fazerem os golos. Se ele continuar nesta linha vai ser uma das grandes surpresas este ano.”
Cidade Desportiva top: “Fiquei mesmo muito impressionado, não tinha visto nada e cheguei no dia em que assinei a minha renovação e vi aquilo tudo. Está top. O clube está a crescer e nós a evoluir diariamente, por isso estamos no caminho certo.”
Os exemplos de Zalazar, Castro e Matheus e o gozão João Moutinho: “Zalazar é um bom jogador, também nos damos bem porque ele fala espanhol, ele tem mostrado isso nos treinos e nos jogos e o seu ponto forte é a tomada de decisão. Matheus é um exemplo de profissional e também já aprendi muito com o Castro e com o capitão, que me diz que na área posse dar sempre dois toques, já fiz isso e deu resultado. Com o Bruma não podemos apostar, ele é um batiteiro e os mais brincalhões são o Borja e o João Moutinho. Ele é um gozão mesmo, não estava à espera.”
Desejos para esta época: “Para já é a classificação na fase de grupos da Champions, ainda acredito nisso e todos nós acreditamos. Depois quero fazer o maior número de golos e assistências para ajudar a equipa.”
Seleção da Guiné-Bissau ou Espanha? “Percebo bem a parte da minha família, tenho lá os meus avós e tios e muita família, mas nunca fui à Guiné, não conheço nada. Já disse ao mau pai que temos de marcar uma viagem para ir lá visitar, mas eu para já quero jogar na seleção espanhola. Trabalho para isso, para fazer essa caminhada para tudo dar certo.”
Por António Mendes
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