Abiba, a judoca cazaque que ganha medalhas em Portugal

Abiba Abuzhakinova, vencedora da medalha de bronze no recente Grand Prix de Portugal de Judo, realizado em Odivelas, tem agora como meta a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris, já este verão. “Um sonho”, diz a judoca cazaque, em conversa com o DN, na embaixada do Cazaquistão em Lisboa, de onde se vê o Tejo e ao longe Almada, outra cidade em que Abiba competiu e se destacou, ganhando a medalha de ouro no Grand Prix de Portugal de Judo em  2022.

Apesar destas duas vindas a Portugal, a atleta confessa conhecer pouco do país, pois, explica, “assim que chegamos, temos uma fase muito importante de adaptação, que inclui perder peso para atingir a nossa categoria, a minha é a de – de 48 kgs, e depois vem toda a parte desportiva”. E acrescenta, entre risos: “quando se está na alta competição é difícil fazer turismo”.

Abiba nasceu em Tashkent, capital do Usbequistão, outro país da Ásia Central ex-soviética. Mas é cazaque étnica e acabou por se fixar no Cazaquistão, crescendo em Atyrau, cidade no litoral do mar Cáspio, famosa pela indústria petrolífera. Hoje com 26 anos, e várias medalhas já conquistadas, incluindo a de bronze nos Mundiais de Judo de 2022, em Tashkent, a judoca conta que “tudo começou quando eu tinha 11 anos. Duas meninas que andavam comigo na escola praticavam judo e perguntaram-me se queria experimentar. Gostei e até hoje é um desporto que me apaixona”.

O Cazaquistão é um país com forte tradição desportiva, sejam os jogos tradicionais ligados ao passado de nómadas da estepe, seja os desportos modernos. Nos últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio, os seus atletas obtiveram oito medalhas, curiosamente todas de bronze. Uma dessas medalhas foi ganha por Yeldos Smetov, um judoca agora com 31 anos, que nos Jogos Olímpicos anteriores, no Rio de Janeiro, tinha conquistado a prata na categoria de –de 60 kgs (no Brasil, o Cazaquistão obteve um recorde de 17 medalhas, duas delas de ouro) .

Abiba tem assim muitas fontes de inspiração no país e ela própria é já um exemplo para muitas raparigas cazaques, pois desde 2017, quando ganhou a medalha de prata nos campeonatos do mundo de juniores em Zagreb, é uma figura popular. Muçulmana, como é a regra dos cazaques étnicos (dois terços de uma população de 20 milhões muito diversificada, onde se destaca uma forte minoria russa), diz que “a religião nunca foi obstáculo à carreira desportiva”, até porque o islão no Cazaquistão é praticado de forma moderada, muito influenciada pelo tengrismo, o culto original dos povos de língua túrquica.

Formada em Desporto e Medicina, pela Universidade Al-Farabi, em Almaty, a judoca frequenta atualmente o terceiro ano do curso de Direito na mesma instituição, que homenageia o famoso famoso filósofo muçulmano que viveu nos séculos IX e X. Almaty é a antiga capital do Cazaquistão, que, depois da independência em 1991, transferiu a sede de poder para Astana.

Para já, os planos de Abiba passam pelo judo a 100%. Não se imagina advogada e casar e ter filhos são projetos a longo prazo. “A sociedade cazaque tem evoluído muito e aceita hoje bem que as mulheres lutem por ter sucesso nas suas áreas”, diz. Em Odivelas, numa competição que durou de 26 a 28 de janeiro, a cazaque lutou, sucessivamente, contra uma judoca holandesa, depois francesa, japonesa, belga e turca. O ouro foi para a atleta dos Países Baixos. A medalha de Abiba conquistada em Portugal foi notícia no Astana Times.

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