A corrupção é “a verdadeira pandemia” do país, dizem bispos do Peru

Os bispos do Peru consideram que a corrupção é “a verdadeira pandemia” que assola o país e pedem ao povo peruano que se empenhe na construção de um país melhor.

Numa mensagem, publicada no final da sua assembleia plenária, citada pela agência de notícias SIR, os responsáveis alertam para a série de crises que afetam a vida social, económica, política e ética que afeta o país, afirmando que “os valores que fundaram a nação estão em crise e envolvem muitos daqueles que hoje exercem o poder num autoritarismo crescente”.

Na visão dos prelados, a corrupção generalizada desempenhou um papel central nos últimos anos e tem acompanhado a história da República.

“Esta é uma verdadeira pandemia que aumentou devido ao crescimento de uma economia ilegal: tráfico de drogas, mineração ilegal, desmatamento ilegal, tráfico de pessoas, etc. geridos por organizações criminosas transnacionais, que também operam em países vizinhos e geram situações permanentes de violência e insegurança em todos os níveis”, denunciam.

Os bispos consideram ainda que “o processo de democratização corre o risco de sofrer uma regressão profunda” e dão o exemplo do que aconteceu há pouco mais de um ano com o frustrado golpe de Estado de dezembro de 2022, a que se seguiram “protestos sociais generalizados com episódios de violência e danos à propriedade que devem ser condenados”.

“As mortes ainda não foram esclarecidas. Não foi realizada uma investigação eficaz e não foi feita a compensação necessária, e o ressentimento das regiões mais afetadas em relação ao Governo está a crescer”, assinalam.

Na mensagem, os bispos notam que o poder legislativo e executivo “são deslegitimados, como demonstram os elevados níveis de desaprovação”, enquanto a opinião pública “não tem organização para propor alternativas políticas”.

“É o problema político mais urgente”, dizem os responsáveis católicos, considerando que “não basta ir às eleições em dois anos”.

No entender dos bispos peruanos, são necessárias “iniciativas claras para sair o mais rapidamente possível deste impasse e garantir que os líderes se abram a novos caminhos, a um diálogo diferente”, com vista a “uma democracia viva, não só na política, mas também nas relações sociais, regionais e interculturais”.

“A política deve voltar a ser efetivamente representativa dos interesses dos cidadãos e transparente para sair do grande buraco em que nos encontramos”, defendem, ao mesmo tempo que pedem ao povo peruano que “se posicione e se empenhe ativamente na identificação e construção das soluções necessárias para superar a crise, assumindo a corresponsabilidade pelos desafios”.

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