Decisão de alto nível entre Argentina e Colômbia salvou uma Copa América de organização desastrosa | Meia encarnada
Quando argentinos e colombianos entraram no gramado do Hard Rock Stadium, com mais de uma hora de atraso, carregavam outras emoções além da tensa expectativa pela final. Como afirmou Lionel Scaloni após o jogo, estavam afetados devido à confusão com ares de tragédia que aconteceu durante o acesso dos torcedores ao estádio. Foi apenas a nefasta coroação de um torneio cuja organização era um escárnio desde a sua concepção.
É praticamente um deboche ter na América do Sul países tão devotos do futebol e preferir levar uma Copa América para os insossos e inodoros estádios dos Estados Unidos e sua intransponível distância cultural. É uma decisão que parece natural apenas sob o viés cada vez mais “dinheirista” da Conmebol dirigida por Alejandro Domínguez. A grotesca zombaria ganhou a forma de fiasco conforme a competição avançou, com seus campos de gramados insuficientes e dimensões reduzidas, os problemas de organização e a logística desastrosa de acesso aos estádios.
Pelo que se viu ontem, as forças de segurança dos Estados Unidos, uma das sedes do próximo Mundial, não sabem como enfrentar a perigosa e inflamável e previsível comoção que o futebol provoca nos sul-americanos. Neste caso, algo cantado desde a Patagônia até Cartagena, pois envolvia nada menos que a vigente campeã do mundo contra a fortíssima seleção colombiana, que disputava aquele que era considerado o jogo mais importante da sua história.
E, quando a bola enfim rolou, dentro de uma bolha alheia aos Estados Unidos e todas suas circunstâncias, argentinos e colombianos protagonizaram um encontro de altíssimo nível que trouxe redenção para um torneio que parecia organizado para ser esquecido. A princípio, com uma Colômbia extremamente competitiva e bem estruturada, que jogava pelo título e pela reparação histórica às suas gerações douradas que passaram em branco, e se apresentou como senhora do jogo em praticamente todo o primeiro tempo.
O time de Néstor Lorenzo fez o que hoje em dia é nada fácil: deixou a Argentina desconfortável, impedindo que fluísse o jogo da atual campeã do mundo. Mas, aos poucos, a cúmbia foi murchando e o gás foi acabando, e no transcorrer do segundo tempo e da prorrogação os argentinos pareciam estar a um passe perfeito do gol que traria o quarto título consecutivo. Ele chegou com Lo Celso encontrando Lautaro Martínez, ambos emergidos da prancheta de Scaloni para consolidar a hegemonia albiceleste no continente.
Neste momento, a condução fiasquenta do torneio já era substituída por histórias substancialmente sul-americanas: como a lesão de Messi, cujo tornozelo latejava ao som dos tambores, e os últimos momentos de Angel Dí Maria com a camisa argentina. E, sobretudo, por uma seleção que fez da vitória um hábito e assim redesenha a geografia sul-americana e mundial do futebol. Hoje, a Argentina é a seleção a ser batida e a ser invejada. Hoje a Argentina,, bem, é “el país del fulbo”.
Argentina 1 x 0 Colômbia | Melhores Momentos | Final | Copa América 2024
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