Luiz Caracol emocionou o público com uma sentida homenagem a Sara Tavares no Atlantic Music Expo em Cabo Verde – Cultura

Luiz Caracol emocionou o público com uma sentida homenagem a Sara Tavares no Atlantic Music Expo em Cabo Verde

A cidade da Praia está em festa com uma semana de músicas do mundo.

Começou esta segunda-feira na cidade da Praia, em Cabo Verde, a 10ª edição do Atlantic Music Expo (AME). O arranque foi no Auditório Nacional e a plateia foi presenteada com a atuação da recém criada Academia Cesária Évora, que interpretou alguns clássicos da música tradicional cabo-verdiana, mas também da banda Cartel com a participação de algumas jovens cantoras de Cabo Verde.

Os showcases tiveram início esta terça-feira, e a abrir o palco no Palácio da Cultura Ildo Lobo esteve o Quarteto Ano Nobo e em seguida o português Luiz Caracol. Ano Nobo foi um músico e compositor, poeta e dramaturgo, nascido em São Domingos, na ilha de Santiago. Deixou um vasto repertório que continua a ser interpretado por muitos músicos cabo-verdianos. O Quarteto Ano Nobo, segundo Pascoal, músico e cantor da banda, foi criado com o objetivo de preservar o legado que o compositor deixou. No AME foram apresentados oito temas entre os quais “Ta Pinga Txapo Txapo”, “Grogu e Badia di Fora”.

Depois da música tradicional cabo-verdiana decorreu o showcase de Luiz Caracol. Participou no AME com o intuito de levar o seu trabalho para “outras latitudes e longitudes”, refere o cantor português. Nasceu em Angola e muito cedo foi para Portugal. Tem feito o seu percurso com uma grande influência da música lusófona, com bastantes ligações a Cabo Verde e ao Brasil.

“Acho que a minha música é um bocadinho essa ponte entre algumas dessas culturas de língua portuguesa, com maior incidência para Angola, Cabo Verde, Brasil e Portugal”, afirma Luíz Caracol, que apresentou o seu recente disco, “Ao Vivo No Namouche”, interpretando temas como “Moro em Ti”, ou “Hoje e Amanhã”. Para finalizar o concerto, uma sentida homenagem a Sara Tavares, que emocionou a audiência que, com Luiz Caracol, cantou o tema “One Love”.

Ao cair da noite, a Rua Pedonal e a Praça Luís de Camões foram os palcos para concertos abertos a todo o público. O músico e compositor George Tavares, natural da ilha do Maio, deu um concerto em que apresentou a música tradicional cabo-verdiana que compõe e impressionou, principalmente, com o seu batuque e finaçon quem esteve presente na Rua Pedonal. Seguiram-se atuações dos artistas crioulos Sizal, Manu Reis e também Ste Mandela, nascido na cidade da Praia e que esteve emigrado nos Estados Unidos e Brasil, e que tem marcas dessas passagens na sua música. “Cresci ouvindo vários ritmos, e tenho todas essas influências na minha música. Desde a morna, a coladeira, o batuque, o funaná, a bandeira, a mazurca, mas também o rap, o reaggae, o jazz, a música clássica, a MPB. Na verdade, o trabalho que fazemos é esse, pegamos nos ritmos cabo-verdianos e damos um twist moderno, contemporâneo, com letras que são conscientes da nossa herança africana e conscientes da atualidade política e social de África”, esclarece o cantor.

Atuou também o percussionista e cantor brasileiro Dendé, com a sua banda. A fechar a noite, no palco da Praça Luís de Camões, foi a vez da cantora brasileira Camila Reis, que veio da cidade de São Luís, no estado brasileiro do Maranhão. “Eu passeio por diversas expressões da música brasileira. Estou muito mergulhada na música do Maranhão, no tambor de crioula, no bumba meu boi, no cacuriá, que são manifestações culturais do meu estado, dos quais eu participo, eu toco, eu danço, eu canto, eu não consigo tocar sem passar por lá. Mas ao mesmo tempo a música brasileira em geral também faz parte do meu dia a dia”, informa Camila Reis, que deu um concerto em que conquistou o coração dos praienses. Com letras muito interventivas socialmente, como é o caso de “Preta Sim”, onde critica a atuação policial e o racismo no Brasil. Nas primeiras músicas, a cantora esteve acompanhada apenas pela sua guitarra, mas depois, a Camila Reis juntou-se o guitarrista cabo-verdiano Manuel de Candinho. Uma combinação que resultou muito bem. A cantora foi das mais aplaudidas da noite.

O Atlantic Music Expo continua até quinta-feira, com atuações de músicos do Canadá, Brasil, Venezuela, Itália, Japão, Congo, Angola e Cabo Verde.

No mesmo palco, na Praça Luís de Camões, assim que terminar o Atlantic Music Expo, arranca mais uma edição do Kriol Jazz Festival (dias 4,5 e 6 de abril), este ano com a participação, entre outros, de Salif Keita, do Mali, Hermeto Pascoal, do Brasil, e Steve Coleman, dos Estados Unidos da América. 

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