Os onze Santos de Portugal que têm lugar nos altares do mundo – Sociedade

De São Teotónio, canonizado no século XII, até aos Pastorinhos de Fátima, postos nos altares já este século, Portugal viu a Santa Sé canonizar sete homens, duas mulheres e duas crianças.


Em quase nove séculos de História, Portugal viu subir aos altares da Igreja Universal 11 almas lusas. Sete homens, duas mulheres e duas crianças, oriundos de várias regiões e dos mais diversos extratos sociais, são os portugueses dignos da veneração por parte dos católicos de todo o mundo.

O primeiro santo português foi São Teotónio e os últimos os pastorinhos de Fátima. E só nos séculos XVIII e XIX não nasceram portugueses oficialmente merecedores de canonização por parte da Igreja.

Quando tudo começou
O primeiro santo português foi contemporâneo e conselheiro de D. Afonso Henriques.

São Teotónio nasceu em Ganfei, Valença, em 1082, fez-se sacerdote em Viseu e morreu em Coimbra, em 1162, depois de ter sido o primeiro prior do Mosteiro de Santa Cruz. Foi peregrino, rumou duas vezes à Terra Santa e, por humildade, recusou ser ordenado bispo. Apesar de pretender passar os últimos anos em Jerusalém, não pôde recusar o cargo de prior dos Monges de Santo Agostinho.

Foi canonizado pelo Papa Alexandre II em 1163, um ano após a sua morte.

Um santo universal
Santo António é, sem dúvida, o mais conhecido e venerado dos santos portugueses. Tem, em todo o mundo, 5 mil templos.
Nasceu em Lisboa, em 1195, foi estudar para Santa Cruz, em Coimbra, e, ao cruzar-se com os mártires de Marrocos, resolveu tornar-se franciscano.

Rumou a Assis, privou com São Francisco e, fazendo uso da sua sólida formação teológica, tornou-se pregador. São históricos os seus sermões.

Morreu em Pádua, em 1231, já com grande fama de santidade, pelo que foi sem surpresa que o Papa Gregório IX o canonizou, no ano seguinte.

“São rosas, Senhor”
Santa Isabel nasceu em Saragoça em 1271. Oriunda da corte de Aragão, chegou a Portugal com apenas 11 anos, para casar com o Rei D. Dinis. Ficou para a História, de Portugal e da Igreja, como amiga dos pobres. É, aliás, famoso o designado “milagre das rosas”, em que, surpreendida pelo rei quando levava pão aos pobres, mostrou o regaço e disse: “são rosas, senhor”.

Foi peregrina de Santiago e passou os últimos anos como monja clarissa. Morreu em 1336 e encontra-se sepultada em Santa Clara-a-Nova, Coimbra. Beatificada em 1516, foi canonizada pelo Papa Urbano VII, em 1625.

Um general nos altares
Para a Igreja é São Nuno de Santa Maria. Para a História de Portugal, Nuno Álvares Pereira, o condestável, vencedor da batalha de Aljubarrota.
O mais titulado dos nobres, foi, enquanto general, responsável pela reconquista da independência de Portugal, em 1385.
Mas foi sempre um homem de fé e, quando ficou viúvo, fez-se monge carmelita. Morreu com fama de santo, mas, por ter sido guerreiro, só foi beatificado em 1918, quase 500 anos após a morte.

Nasceu em 1360 em Cernache do Bonjardim (Sertã) e morreu em 1431, em Lisboa. Foi declarado santo por Bento XVI em 2009.
A santa de Campo Maior

Santa Beatriz da Silva foi a primeira mulher nascida em Portugal a ser canonizada. Oriunda de uma família nobre de Campo Maior (nasceu em 1426), foi cedo para Espanha, como dama de companhia da rainha de Castela.

Mas o seu destino era a vida religiosa. Presa num baú, por motivos de inveja, teve uma visão de Nossa Senhora da Conceição, que lhe indicou como caminho a criação de uma ordem religiosa de oração.

Fundou em 1480 as Concepcionistas de Clausura. que hoje tem 140 conventos, três em Portugal. Morreu em Toledo, em 1492, e foi canonizada por Paulo VI, em 1976.

Padroeiro dos doentes
João Duarte Cidade nasceu em 1495, em Montemor-o-Novo. Com apenas 5 anos, foi levado por um tio para Espanha, com o fim de escapar à perseguição aos judeus.

Numa vida quase sempre errante, foi pastor, militar, pedreiro e livreiro. Até que, já com 40 anos, ouviu um sermão do padre João d’Ávila e converteu-se.

Saiu para a rua a gritar “sou um pecador” e foi internado. Aí, viu a desumanidade dos tratamentos infligidos aos doentes do foro mental. 

Fundou o primeiro hospital, em 1539, e foi o primeiro a organizar os serviços por patologias. Morreu em 1550, em Granada, e a sua obra não parou de crescer. São João de Deus, canonizado em 1690, é o padroeiro dos doentes e dos hospitais.

De burro até Trento
O último português a ser canonizado, em 2019, foi o antigo arcebispo de Braga Frei Bartolomeu dos Mártires. Nasceu em 1514 e morreu em 1590, mas o caminho dos altares foi traçado no século XXI.

Ficou para a História a sua participação no Concílio de Trento, em 1560, assim como a viagem para o norte de Itália, de burro, que demorou quase três meses para cada lado.

Enquanto arcebispo de Braga, São Bartolomeu dos Mártires apostou na formação do clero e dos fiéis. Criou o primeiro seminário português e escreveu um dos primeiros catecismos da Igreja Católica.

Um santo desconhecido
São Gonçalo Garcia é um santo português, mas não tem um único elemento de culto em Portugal. Não há um nicho, uma capela, nem sequer uma imagem.

Nasceu em 1556, em Baçaim, na altura Índia portuguesa, trabalhou como comerciante em Macau, fez-se frade franciscano na Malásia e, como pregador, rumou ao Japão.

No país do sol nascente, foi condenado à morte, juntamente com outros 25 religiosos. Foram todos crucificados em Nagasáqui, em 1597, ficando conhecidos como os mártires do Japão, e canonizados pelo Papa Pio IX, em 1862.

O missionário da Índia
São João de Brito nasceu numa família nobre, em Lisboa, em 1647, e, contra a vontade da mãe, quis ser padre e missionário.
Como pregador, converteu muita gente na Índia, incluindo um príncipe. O facto irou o rei, que o mandou decapitar em 1693. Foi canonizado em 1947 e, nessa altura, o patriarcado criou, em Lisboa, a paróquia de São João de Brito.

Pastorinhos de Fátima
Se São Teotónio foi o primeiro santo português, os pastorinhos, Jacinta e Francisco Marto, foram os últimos santos portugueses, já que viveram no início do século XX.

Francisco nasceu em 1908 e morreu em 1919 e Jacinta nasceu em 1910 e morreu em 1920. Foram, com a prima, Lúcia, testemunhas das Aparições de Fátima, em 1917.

O processo de canonização destes dois santos foi muito complexo, por se tratar de duas crianças. A heroicidade das virtudes passou sem dificuldade e o milagre da beatificação também mereceu aprovação relativamente fácil.

O problema foi convencer os teólogos a considerar dignas de culto crianças de tão tenra idade. O problema foi ultrapassado por João Paulo II, que os beatificou no ano 200.

Foram canonizados pelo Papa Francisco, em maio de 2017, no centenário das Aparições de Fátima.


Em quase nove séculos de História, Portugal viu subir aos altares da Igreja Universal 11 almas lusas. Sete homens, duas mulheres e duas crianças, oriundos de várias regiões e dos mais diversos extratos sociais, são os portugueses dignos da veneração por parte dos católicos de todo o mundo.

O primeiro santo português foi São Teotónio e os últimos os pastorinhos de Fátima.



Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Comentários estão fechados.