Banco central do Haiti é atacado por grupos armados; EUA estuda enviar forças

Homem lança pneu a fogo em protesto registrado no centro de Porto Príncipe, no Haiti | Foto: Clarens SIFFROY / AFP

Um ataque contra o banco central do Haiti em Porto Príncipe, a capital controlada em grande parte por gangues armadas, foi repelido e vários agressores morreram, declarou à AFP, nesta terça-feira (19), uma fonte do órgão.

O Banco da República do Haiti (BRH) é uma das poucas instituições que não deixaram o centro da cidade, onde várias facções atuam livremente.

Um grupo de criminosos atacou as instalações do banco na segunda-feira, disse à AFP uma fonte do BRH, que preferiu permanecer anônima.

“Nossos agentes de segurança, junto com a polícia e o Exército, repeliram o ataque. Entre três e quatro bandidos morreram”, disse a fonte. Um dos seguranças do BRH foi baleado, acrescentou.

Por sua vez, o banco central disse nesta terça na rede X que estava “profundamente agradecido” aos seus agentes de segurança e à polícia nacional “pela sua vigilância e compromisso constante com a proteção” da comunidade.

Porto Príncipe, assolada pela violência das facções armadas, sofre com apagões em diversas regiões, informou na segunda-feira a companhia pública de eletricidade, o que foi confirmado por um correspondente da AFP.

A empresa explicou em um comunicado que esses cortes de energia eram resultado do roubo de material por “bandidos” em quatro de suas subestações na capital.

O Haiti, que já vivia uma profunda crise política e de segurança, está mergulhado em um novo episódio de violência desde o início deste mês, quando várias facções uniram forças para atacar lugares estratégicos de Porto Príncipe no contexto de uma batalha contra o então primeiro-ministro Ariel Henry.

Henry, bastante questionado em seu país e no exterior, não pôde retornar ao Haiti após uma viagem ao Quênia, e anunciou sua renúncia em 11 de março.

Ele deve ser substituído por um conselho presidencial de transição, formado por sete membros distribuídos entre as principais forças políticas e o setor privado. Mas as conversas para a criação desse grupo foram adiadas por falta de acordo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, “reitera seu apelo a todas as partes no Haiti para que deixem de lado suas diferenças e atuem de forma imediata na aplicação dos acordos de governança de transição estabelecidos na semana passada”, disse nesta terça seu porta-voz, Farhan Haq.

Na segunda-feira, segundo um fotógrafo da AFP, foram encontrados 14 corpos em um bairro nobre de Porto Príncipe, onde os integrantes de uma facção estiveram realizando ataques desde o amanhecer.

EUA não descarta envio de forças ao Haiti 

A titular do Comando Sul dos Estados Unidos, general Laura Richardson, não descartou, nesta terça-feira (19), o envio de forças ao Haiti como parte de “uma solução internacional” para fazer frente à espiral de violência no país caribenho.

“Acredito que uma solução internacional, uma solução que também inclua a perspectiva do Haiti, é muito importante. Por isso não acredito que uma solução exclusiva dos Estados Unidos seja o caminho que devemos seguir”, afirmou a general durante um evento no grupo de reflexão americano Atlantic Council em Washington.

O governo do presidente Joe Biden tenta “fazer exatamente isso: trabalhar em uma solução internacional”, acrescentou.

Aos ser questionada se as forças americanas poderiam ser parte da solução internacional, Richardson respondeu: “Poderiam ser no fim das contas, não descartaríamos isso em nenhum momento”, levando em consideração “o que está acontecendo nesse país”.

“Estamos preparados se nos for solicitado por nossos Departamentos de Estado e de Defesa”, acrescentou.

O Quênia prometeu o envio de policiais para liderar uma missão internacional de segurança supervisionada pela ONU, mas o suspendeu até que se forme um conselho presidencial de transição, que dirigirá o país após a renúncia do questionado primeiro-ministro Ariel Henry.

O Haiti, que já sofria uma profunda crise política e de segurança, está mergulhado em um novo episódio de violência desde o início deste mês, quando diversas facções que controlam partes de Porto Príncipe uniram forças para atacar lugares estratégicos da capital.

A grave crise humanitária gera o temor de uma onda maciça de migrantes. Segundo Richardson, o Comando Sul, que cobre os países da América Latina exceto o México, também tem “uma ampla gama de planos de contingência” que vai sendo atualizada para fazer frente a uma possível migração em massa. “Estamos sempre preparados para isso”, declarou.

                

(AFP)

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.


Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Comentários estão fechados.