PORTO PRÍNCIPE, Haiti — Gangues armadas atacaram nesta segunda-feira, 18, dois bairros nobres na capital do Haiti, em um tumulto que deixou ao menos 12 mortes. O episódio é o mais recente da onda de violência no país, agravada pela renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry. A violência relacionada às gangues provocou a fuga de 15 mil pessoas de suas casas no país.
Homens armados saquearam casas nas comunidades de Laboule e Thomassin antes do amanhecer, forçando os moradores a fugir enquanto alguns ligavam para estações de rádio pedindo ajuda policial. Os bairros haviam permanecido em grande parte pacíficos apesar de um aumento nos violentos ataques de gangues em toda Porto Príncipe, que começaram em 29 de fevereiro.
Um fotógrafo da Associated Press viu os corpos de pelo menos 12 homens espalhados pelas ruas de Pétionville, localizada logo abaixo das comunidades montanhosas de Laboule e Thomassin.
Multidões começaram a se reunir em torno das vítimas. Uma delas estava deitada de barriga para cima na rua, rodeada por um baralho de cartas espalhadas, e outra estava de bruços dentro de uma caminhonete conhecida como “tap-tap”, que funciona como táxi. Uma mulher em uma das cenas desabou e teve que ser segurada por outros após saber que um parente seu foi morto.
“Abuso! Isso é abuso!” gritou um haitiano que não quis se identificar enquanto erguia os braços e ficava perto de uma das vítimas. “Povo do Haiti! Acordem!” Pouco depois, uma ambulância chegou e seguiu pelo Pétionville, recolhendo as vítimas.
“Acordamos esta manhã e encontramos corpos na rua em nossa comunidade de Pétionville”, disse Douce Titi, que trabalha no escritório do prefeito. “A nossa não é esse tipo de comunidade. Vamos começar a trabalhar para remover esses corpos antes que as crianças comecem a passar a caminho da escola e os vendedores comecem a chegar.”
Mas para alguns, já era tarde demais. Um parente de uma das vítimas abraçou um menino próximo ao peito, com a cabeça virada para longe da cena.
Os ataques mais recentes levantaram preocupações de que a violência das gangues não cessaria apesar do primeiro-ministro Ariel Henry ter anunciado quase uma semana atrás que renunciaria assim que um conselho presidencial transitório fosse criado, uma medida exigida pelas gangues.
As gangues sempre se opuseram a Henry, alegando que ele nunca foi eleito pelo povo, enquanto o responsabilizam por aprofundar a pobreza. Porém, críticos das gangues as acusam de tentar tomar o poder para si mesmas ou para políticos haitianos não identificados.
Também na segunda-feira, a empresa de energia do Haiti anunciou que quatro subestações na capital e em outros lugares “foram destruídas e ficaram completamente disfuncionais”. Como resultado, grandes áreas de Porto Príncipe ficaram sem energia, incluindo a favela Cité Soleil, a comunidade Croix-des-Bouquets e um hospital.
A empresa disse que criminosos também apreenderam documentos importantes, cabos, inversores, baterias e outros itens.
Enquanto a violência das gangues continua sem controle, líderes caribenhos têm ajudado na criação de um conselho transitório. Originalmente, deveria ter sete membros com poder de voto. Mas um partido político no Haiti rejeitou o assento que lhes foi oferecido, e outro ainda está discutindo quem deve ser nomeado.
No front externo, o nvio de uma força policial queniana apoiada pela ONU para combater as gangues no Haiti foi adiado, com o país do leste africano dizendo que esperará até que o conselho transitório seja estabelecido.
Numa tentativa de conter a violência incessante, o governo do Haiti anunciou no domingo que estava prorrogando um toque de recolher noturno até 20 de março. /AP
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