“Nós temos notado uma intensidade relativamente crescente na concentração de partículas”, constatou o cientista do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), sediado na ilha do Sal.
A bruma seca é constituída por poeiras do deserto do Saara, no norte de África, arrastadas pelo vento a grande altitude, por milhares de quilómetros, chegando a locais distantes, como Cabo Verde, onde reduz a visibilidade, condiciona a navegação aérea e marítima e pode causar problemas de saúde.
Os dias de bruma aconteciam sobretudo entre dezembro e janeiro, mas, gradualmente, nos últimos 30 anos, o registo tem-se alargado a outros meses e a áreas mais vastas, apontou Pimenta Lima.
O meteorologista refere que, por exemplo, na terça-feira, a visibilidade baixou para cerca de 1,5 quilómetros em quase todas as ilhas e que já terá havido dias ainda mais fechados este ano.
“São valores que impedem o bom funcionamento de muitos setores de atividade, a começar pelos transportes”, mas cujo grau de concentração de partículas também afeta a saúde, sobretudo ao nível do sistema respiratório.
O meteorologista disse à Lusa que, nos últimos três meses, Cabo Verde registou “uma temporada climatologicamente anormal”, com temperaturas muitas altas, vento pouco intenso e mar mais calmo do que o habitual, mostrando-se, por isso, preocupado com os indícios de mudanças climáticas.
Em declarações à Lusa, o presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB), Domingos Mendes Tavares, avançou que todas as instituições que fazem parte do sistema estão em alerta, mas que até agora não receberam nenhum pedido de ajuda.
A bruma seca cobriu o arquipélago na terça-feira e o Instituto Marítimo e Portuário (IMP) proibiu a saída ao mar dos botes, embarcações de pesca local e pequenas embarcações de boca aberta.
As ligações aéreas entre as ilhas também sofreram reprogramações ao longo do dia, com voos adiados para a noite, por forma a adequarem-se às variações de visibilidade.
O INMG prevê “melhoria das condições” meteorológicas a partir de quinta-feira.
Lusa
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