As seis religiosas sequestradas no Haiti foram libertadas, mas “espiral de violência” no país continua
Procissão nas ruas da capital do Haiti. As mulheres e meninas correm um maior risco de ser alvo da violência dos gangues em Porto Príncipe. Foto de arquivo, via Vatican News
As seis irmãs da Congregação de Sant’Ana raptadas há uma semana por homens armados na capital do Haiti, Porto Príncipe, foram libertadas esta quinta-feira, 25 de janeiro, depois de muitos apelos, incluindo do Papa, para que tal acontecesse. Mas, no mesmo dia em que o sequestro destas mulheres terminava, no Conselho de Segurança da ONU eram apresentados dados preocupantes: ao longo do último ano, houve um aumento de 122% no número de vítimas diretas da violência de gangues. E a situação tem tendência a piorar.
Só em 2023, o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH, na sigla inglesa) documentou mais de 8.400 vítimas diretas da violência de gangues, incluindo pessoas mortas, feridas e sequestradas. De acordo com a representante especial do secretário-geral da ONU para o Haiti, María Isabel Salvador, 83% dos assassinatos e ferimentos ocorreram em Porto Príncipe. Neste momento, acrescentou, “as múltiplas crises prolongadas atingiram um ponto crítico”.
Maria Isabel Salvador explicou que os gangues realizam ataques em grande escala para controlar zonas importantes e continuam a recorrer sistematicamente à violência sexual nas suas áreas de controlo, colocando em risco, em particular, mulheres e meninas. A responsável alertou ainda que “a violência, a deslocação e a perda de meios de subsistência deixaram milhares de crianças vulneráveis ao recrutamento por parte dos gangues”.
Face a este cenário, a polícia nacional haitiana começou a manifestar sinais de desgaste, o que levou à diminuição da sua capacidade de combater a violência e manter a segurança.
Embora 795 novos recrutas sejam esperados em março após concluírem a formação, a lacuna de pessoal continua a ser preocupante, dado que cerca de 1.600 elementos deixaram as forças policiais em 2023, de acordo com dados recolhidos pelo BINUH.
María Isabel Salvador informou igualmente os membros do Conselho de Segurança sobre os preparativos em curso para o envio da Missão de Apoio à Segurança Multinacional do Haiti, que o órgão da ONU autorizou o Quénia a liderar.
No entanto, já esta sexta-feira, o Tribunal Superior de Nairobi anulou a decisão do Governo queniano de enviar agentes da polícia para o Haiti, alegando que a mesma “viola a Constituição e a lei e é, portanto, inconstitucional, ilegal e inválida”. Esta decisão deverá implicar a suspensão da tão esperada força multinacional para tentar conter o caos crescente no pequeno estado da região do Caribe.
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