Capaz de produzir textos, imagens, sons, códigos computacionais ou outros tipos de conteúdo a partir de simples comandos dos seus usuários, a inteligência artificial (IA) generativa veio para ficar. Ela está no tradutor online que usamos para entender um texto em um site estrangeiro, no roteiro de viagem que pedimos ao ChatGPT, na imagem gerada pelo Midjourney que ilustra esta matéria e no deepfake viral que imagina o ator John Krasinski no papel do Capitão América no cinema.
Porém, ao mesmo tempo que essa tecnologia oferece um universo de possibilidades positivas, ela também tem sido usada para gerar fake news ou desenvolver cibercrimes. Em 2023, por exemplo, alunos de um colégio no Rio de Janeiro foram acusados de criar nudes falsos de colegas meninas, e integrantes do partido de Javier Milei compartilharam nas redes sociais um vídeo em que um suposto Sérgio Massa, adversário do atual presidente argentino quando ainda disputavam o cargo, usava cocaína. Na época, a equipe de Massa declarou que a gravação, cuja autoria ainda é desconhecida, havia sido feita com uma IA.
Frente a problemas como esses, governos ao redor do mundo têm discutido formas de regulamentar a inteligência artificial como um todo (isto é, além do tipo generativo). Mas especialistas entrevistados por GALILEU concordam que a grande solução para conviver bem com essa tecnologia está na educação dos usuários. “Se não estivermos preparados com o básico, vamos cair em deepfake. Vamos navegar em um mundo sombrio”, afirma Loren Spíndola, líder do Grupo de Trabalho de Inteligência Artificial e de Cibersegurança da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES).
A seguir, veja quatro dicas para conviver bem com a IA generativa.
1. Evite o overposting
Quanto menos fotos ou vídeos forem fornecidos a IAs generativas, menos realistas serão os clipes gerados por elas. Por isso, o ideal é compartilhar menos imagens suas nas redes sociais, e também manter suas páginas fechadas apenas para conhecidos.
O alerta serve especialmente para quem tem crianças. “A prevenção é sempre o melhor remédio nesses casos”, aponta a GALILEU a advogada Tainá Junquilho, professora de Tecnologia, Inovação e Direito no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e doutora em Direito com ênfase em Inteligência Artificial pela Universidade de Brasília (UnB).
2. Verifique links antes de clicar neles
O ideal é desconfiar até mesmo das URLs mandadas por conhecidos — afinal, seus pais, avós ou amigos podem ter sido hackeados. “Você precisa verificar se o link não é malicioso. Há várias plataformas para isso agora, como o virustotal.com”, sugere Rakesh Krishnan, pesquisador independente de cibersegurança e analista de ameaças online baseado na Índia.
O serviço citado pelo especialista, aliás, também analisa arquivos, domínios e IPs.
3. Não confie completamente nas LLMs
Embora plataformas como ChatGPT possam ser muito úteis para aperfeiçoar textos, resumir conteúdos, criar mensagens e até mesmo montar roteiros de viagem, elas também podem apresentar resultados cheios de erros de informação.
Por isso, revisar é essencial. “Você pode tirar ideias delas, mas não deve segui-las cegamente”, aconselha Krishnan. “Use seu bom senso.”
4. Cheque os fatos sempre
Vídeos, fotos e áudios falsos ficarão cada vez mais convincentes. Viu uma foto do Papa usando um casaco estiloso? Verifique se veículos jornalísticos e agências de notícias validaram a imagem. Se não foi comprovado, não compartilhe.
“A principal coisa que a pessoa comum deveria fazer é entender a responsabilidade que ela tem de não propagar informação falsa”, decreta Jonas Krause, doutor em Ciência da Computação pela Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, que tem trabalhado em seu próprio sistema de detecção de deepfakes no pós-doutorado.
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