Foi um dos últimos países a retirar a medida e vai ser um dos primeiros a voltar a implementá-la: as máscaras de protecção individual estão de volta aos hospitais e outros estabelecimentos de saúde em Espanha.
A medida começou por estar circunscrita a cinco regiões espanholas, que anunciaram que iam reintroduzir a obrigatoriedade de utilização das máscaras em estabelecimentos de saúde após o aumento nos casos de gripe e covid-19 durante a época festiva, um cenário que se repete em Portugal.
Em Valência, por exemplo, os hospitais pediram aos pacientes com sintomas, bem como aos profissionais médicos, familiares e amigos que estejam nas salas de espera que utilizem máscaras nos próximos tempos.
Pouco depois, a ministra espanhola da Saúde, Mónica García, anunciou que o Governo vai propor a generalização da medida a todo o país já na próxima segunda-feira, numa reunião com as autoridades regionais de saúde que terá como objectivo discutir o ponto de situação da circulação dos vírus respiratório pelo território espanhol. Nos Estados Unidos, a tendência é semelhante: pelo menos quatro estados restabeleceram a obrigatoriedade do uso de máscaras por causa do aumento de casos de covid-19, de gripe sazonal e de outras doenças respiratórias.
Por cá, a Direcção-Geral de Saúde recomenda o uso de máscara para os doentes com infecções respiratórias sempre que estejam em contacto ou próximo de outras pessoas, bem como a adopção do teletrabalho, nomeadamente nos primeiros cinco dias de sintomas ou após o diagnóstico de covid-19.
O PÚBLICO questionou a DGS sobre se está a considerar recomendar a obrigatoriedade desta ou de outras medidas de protecção face ao número crescente de casos de infecções respiratórias, mas não obteve ainda resposta.
Na opinião de Tiago Correia, professor de Saúde Internacional, o país não “aprendeu nada com as lições da covid-19” e a utilização de máscara já deveria ser mais do que recomendada nos estabelecimentos de saúde, já que o país está “há vários dias com uma mortalidade em excesso”.
No entanto, o especialista afirma que é difícil dizer se a utilização de máscara deve ser obrigatória ou apenas recomendada, visto não existir “enquadramento jurídico para a questão”. “Não temos uma lei que enquadre preocupações e emergências de saúde pública. Há um vazio na lei porque a lei de base da protecção civil que foi utilizada para as situações de alerta e de contingência não tem a menor adequação para as situações de saúde pública”, diz.
Para o investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT), a introdução de qualquer medida obrigatória — seja a vacinação, as máscara ou o teletrabalho — deveria estar enquadrada na lei.
“Uma medida obrigatória e de restrições em certos contextos representa um ataque às liberdades individuais, sim ou não? Se sim, justifica ser implementada para efeitos de protecção da população? É tão simples quanto isto, é uma questão jurídica. Agora, se me pergunta se é recomendável utilizar máscaras em contexto de saúde obviamente que digo que sim”, aponta Tiago Correia.
De acordo com o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), os hospitais já notificaram mais de 38 mil casos de infecção respiratória e mais de 6 mil casos de gripe nesta temporada de doenças de Inverno e a mortalidade por todas as causas está acima do esperado em pessoas com mais de 45 anos.
Na última semana de 2023, e apenas no universo de dados constante desse boletim, foram identificados 1472 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 1372 do tipo A e 49 do tipo B. Foram ainda detectados desde Outubro 118 casos de co-infecção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.
Foram reportados 36 casos de gripe pelas 21 unidades de cuidados intensivos (UCI) que enviaram informação a INSA. Dos doentes, 32 apresentavam doença crónica, 33 tinham recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas nove estavam vacinados (em seis casos a informação é desconhecida).
Crédito: Link de origem



Comentários estão fechados.