Abrantes | Olinda Sequeira reconduzida diretora da Escola Superior de Tecnologia (ESTA)

Olinda Maria dos Santos Sequeira foi reconduzida no cargo de diretora da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), polo do Instituto Politécnico de Tomar na cidade, num mandato válido para os próximos quatro anos.

A posse foi conferida em cerimónia na quinta-feira à tarde pelo presidente do Instituto Politécnico de Tomar, João Coroado, permanecendo a docente e investigadora à frente dos desígnios desta instituição de ensino superior para o quadriénio 2023-2026, após já ter estado no cargo durante um ano e meio.

A docente frisou que o principal papel passa por “ministrar formação e conhecimento, o que fazemos com qualidade, sendo os estudantes da ESTA reconhecidos pela sua competência no mercado de trabalho”.

“Temos estudantes muitíssimo bem posicionados profissionalmente, e alguns entrando-nos pela casa adentro todos os dias. Este é, sem dúvida, o melhor reconhecimento para todos os que trabalham na ESTA e também para todas as parcerias colaborativas com quem a ESTA mantém relações”, vincou.

Fazendo um balanço do seu primeiro tempo enquanto diretora da ESTA, a docente disse ter acontecido “muita coisa”, proferindo diversas iniciativas e participações, referindo não ter qualquer dúvida que “o balanço é muito positivo”.

Foto: IPT

Entre os anseios e objetivos para o novo mandato, a diretora aponta a expectativa por novas instalações, com projeto anunciado e aprovado para Alferrarede.

“As novas instalações como tenho vindo a dizer serão um benefício para todos, porque só assim se irá vivenciar a vida académica em plenitude (…) O espaço intelectual existe! Mas o espaço para nos debruçarmos de forma mais prática e incisiva nessa diversificação de oferta formativa. As instalações são uma coisa crucial e muito decisiva”, frisou, notando que ter os vários polos da escola “centralizados no mesmo espaço e com melhores condições” será algo “benéfico” para alunos, docentes e instituição em si.

Recorde-se que o projeto para a nova Escola Superior de Tecnologia de Abrantes do Instituto Politécnico de Tomar (ESTA-IPT) recebeu aprovação por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em maio do ano passado, dando luz verde para o investimento a rondar os 5 milhões de euros para concretizar esta obra pública. O dono de obra será a Câmara Municipal de Abrantes. O projeto incidirá na intervenção de reconversão de parte do edifício E9 (antigos pavilhões da CUF), integrado no conjunto edificado do Parque de Ciência e Tecnologia, em Alferrarede.

“Não sei se será possível que daqui a quatro anos já estejamos nas novas instalações”, disse, interpelando o presidente de Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, frisando que têm existido muitas reuniões e muita conversação sobre o assunto.

“É um fator decisivo para a competitividade da ESTA, e para a competitividade do concelho de Abrantes e da região, para o Médio Tejo, e ainda para ir mais além, porque penso que esta competitividade reflete-se sempre em termos nacionais e internacionais”, notou. “Garantidamente que um dos investimentos mais importantes que uma economia, seja local, regional ou nacional possa fazer, é na área da Educação”.

“A mesma é geradora de conhecimento e o conhecimento é cada vez mais o fator decisivo para o crescimento económico e crítico para competir na arena não só nacional, mas também internacional”, disse.

Foto: IPT

Na mesma medida, Olinda Sequeira relevou que as instituições de ensino superior situadas no interior representam para muitos jovens a oportunidade para prosseguirem estudos, mas que também cada vez mais se nota a procura destes politécnicos por alunos estrangeiros para se formarem.

Virando o seu discurso para o plano de ação para a ESTA, desde logo apontou o ensino, inovação pedagógica e desenvolvimento/diversificação da oferta formativa, sublinhando que pretende que a ESTA aumente o número de cursos de 2º ciclo (mestrados), permitindo que os estudantes possam prosseguir os estudos numa vertente mais especializada, em especial quando às licenciaturas de Cinema e de Comunicação Social, “onde ainda existe esta lacuna”.

O objetivo é fomentar a implementação de mestrados de cariz profissionalizante e que incorporem várias metodologias de ensino.

Outro objetivo passa por “desenvolver a oferta formativa de muito curta duração, como as micro-credenciações e pós-graduações, que devem ser preparadas de forma colaborativa com o tecido empresarial e não empresarial para responder a necessidades de atualização de competências profissionais”, crendo que a “necessidade de aprendizagem ao longo da vida é inevitável” no atual contexto.

Quanto à inovação pedagógica, a docente frisou ser “necessário compreender que os estudantes de hoje são diferentes dos estudantes de há 40, 30, 20 anos. O mundo assistiu a uma transformação tecnológica sem precedentes, que gerou novas formas de aprendizagem, que devem ser um incentivo no âmbito do processo ensino/aprendizagem e que constituem grande diversidade disponibilizada pela tecnologia de apoio ao ensino”, assumindo que este representa um “grande desafio a todos os professores porque têm de inovar na forma como ensinam”.

Além disso, enumerou diversos mecanismos e ferramentas do ensino atual que permite a internacionalização da oferta formativa, desde logo pelo ensino à distância, aulas síncronas e assíncronas, MOOC (curso online aberto).

Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA). Foto: IPT_

“Tem que haver esforço por parte do corpo docente da ESTA, para implementar na metodologia de ensino, na medida certa, a diversidade de ferramentas tecnológicas que estão ao nosso alcance (…) Não vale a pena falarmos de inovação pedagógica se a mesma não for acompanhada de uma reestruturação curricular – alvo de discussão aberta com a direção, diretores de curso, e também extensiva a todos os docentes”, indicou, insistindo que “é crucial motivar os estudantes a aprender, reduzir a taxa de abandono no ensino superior”.

A diretora fez menção a este novo fenómeno de abandono escolar com sendo “problema recente com que todas as instituições de ensino superior se estão a debater”.

“Por questões de organização do mercado, antes a oferta era muito inferior à procura. Hoje, a história inverteu-se e é por isso que temos de enfrentar e encontrar soluções para este novo fenómeno que em grande parte está associado ao desencantamento dos jovens com as estruturas curriculares com que se defrontam, entre muitas outras questões, e algumas delas do foro pessoal”, disse.

Destacou ainda a importância da mobilidade internacional de docentes e estudantes, como “ações de benchmarking” para a ESTA e para as outras instituições estrangeiras que a visitam. “Temos que ser cada vez mais uma escola superior de ensino conhecida e referenciada em termos internacionais, e isso faz-se em grande parte pela mobilidade internacional”, reconheceu.

Olinda Sequeira focou ainda áreas como a investigação aplicada, o desenvolvimento e a transferência de conhecimento, que integra o plano de ação do IPT, enquanto oportunidade de incrementar o desenvolvimento do conhecimento científico e também a investigação aplicada e a própria transferência de conhecimento para a região, numa ótica de aumentar as parcerias e sinergias com as empresas e entidades da região, falando na importância de promover “projetos colaborativos”, como é exemplo o trabalho feito com docentes da ESTA e o Tagusvalley – Parque de Ciência e Tecnologia.

A diretora, doutorada em Economia, defende que o ensino superior deve corresponder às necessidades do território, com o conhecimento desenvolvido no seio das instituições académicas a ser transposto para o mercado e aí ser colocado ao dispor e ao serviço da comunidade e do desenvolvimento do território, seja sob a forma de produto ou serviço, sendo comercializável ou não.

“A inovação é imprescindível para nós crescermos e para criar riqueza. Esta instituição é importante, a aposta na investigação aplicada é importantíssima, traz benefícios para todos, sobretudo para a nossa região e que depois se difundem e têm impacto no resto dos outros territórios”, destacou Olinda Sequeira.

Neste campo, a docente assume que a ESTA pode assumir um papel importante no que toca à implementação do Fundo de Transição Justa em Abrantes, participando na dinamização de projetos e iniciativas que visam mitigar e ultrapassar o impacto causado no território pelo encerramento da central a carvão da Central Termoelétrica do Pego. A mesma visão otimista tem relativamente ao facto de o concelho de Abrantes ter sido designado uma Zona Livre Tecnológica (ZLT).

“Temos que ser muito conscientes, mas penso que há abertura para nós termos uma papel importante nesta transição justa, e temos participado em várias reuniões e temos que saber aproveitar e temos que, de alguma forma, também nós ir nessa senda. (…) Para podermos beneficiar e toda a comunidade e termos um papel colaborativo, em associação, para trazermos mais-valias não só para a ESTA, mas para todo o território”, crê a responsável pela direção da instituição de ensino superior em Abrantes.

Defendendo uma “escola aberta a todos e para todos”, conforme frisou no discurso da sua primeira tomada de posse em 2022, a docente mantém essa ideia e daí a abertura para o estabelecimento de parcerias locais e regionais, a par da manutenção e aprofundamento da identidade e cultura institucional, dando continuidade aos eventos e projetos que são imagem de marca da instituição.

“É necessário termos mais atividades para a comunidade académica, e para o exterior. Os vários cursos que existem na ESTA podem e devem mobilizar-se”, desafiou, tendo ainda referido que aguarda a realização da Semana da ESTA como encontro com todas as áreas científicas da escola.

Salientando o papel “fulcral” da Associação de Estudantes no incentivo à participação dos alunos e integração de novos estudantes, não deixou de relevar também o papel do Conselho de Veteranos e as atividades promovidas para receção de novos alunos, que espera que continue e se reforce, e disse aguardar pelo retomar da ESTA Tuna.

O discurso de Olinda Sequeira foi fortemente aplaudido pela plateia, nomeadamente a comunidade educativa, que preenchia o auditório no salão da ESTA.

A diretora da ESTA – que tomou posse pela primeira vez no verão de 2022, sucedendo a Nuno Madeira, vice-presidente do IPT, que rendeu no cargo Sofia Mota enquanto diretor em substituição na ESTA nesse ano – é doutorada em Economia pelo ISEG, Universidade de Lisboa, e possui o Título de Especialista com provas públicas na área da Economia na área da Estratégia. É também investigadora na área da eficiência e produtividade das organizações com aplicação de técnicas de fronteira. Pertence ao centro de investigação – Smart Cities Research Center (CI2) do IPTomar.
Com artigos publicados em revistas internacionais com revisão por pares, é também revisora de artigos científicos para revistas internacionais, possuindo uma vasta experiência profissional na área de projetos de investimento, estratégia e empreendedorismo.
Na área do empreendedorismo tem coordenado vários projetos financiados e não financiados em estreita colaboração com as instituições da região. Foi diretora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do IPTomar. Desde 2012 que coordena o projeto Poliempreende, no qual participam todos os Institutos Politécnicos do país.

João Coroado, presidente do IPT, com Celeste Simão vereadora com o pelouro da Educação na CM Abrantes, Olinda Sequeira, diretora da ESTA, e o presidente da CM Abrantes e presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos. Foto: CMA

Por seu turno, o presidente do Instituto Politécnico de Tomar, João Coroado, desejou felicidades à diretora, referindo que assim ficou constituída a equipa de governo do IPT, com todas as direções das escolas superiores empossadas.

João Coroado deixou algumas ideias, nomeadamente que sem conhecimento não há inovação, e que há uma mais-valia da presença do ensino superior para a região sobre conhecimento, inovação, riqueza e qualidade de vida, tendo em vista o desenvolvimento do território do Médio Tejo.

Lembrando que a ESTA assinala os 25 anos da sua constituição em 2024, o presidente relevou que o IPT e a sua comunidade académica assumem importância na dinâmica e desenvolvimento do território, frisou a oportunidade provocada pelo Fundo de Transição Justa e por Abrantes ser considerada uma Zona Livre Tecnológica.

“Somos indispensáveis para que os fundos decorrentes dessas linhas possam efetivamente resultar em conhecimento, em inovação e decorrente dos mesmos, reter e atrair talento. Estas linhas programáticas sem dinamizarmos estes fatores provavelmente não serão totalmente usufruídas no sentido de estar a semear o que pode ser o futuro em termos de dinamismo e de riqueza e qualidade de vida na região”, crê Coroado.

Por outro lado, apontou que existe uma posição decisiva do IPT para a região e para Abrantes, aproveitando estas duas oportunidades, no sentido de criar “laboratórios profissionalizantes orientados para as necessidades dos estudantes que procuram o ensino superior”, mas também de “conferir novas competências e mais conhecimento aos concidadãos que sofreram o impacto do encerramento da central termoelétrica a carvão no Pego”, considerando assim que “o ensino superior é absolutamente crucial nesta demanda”.

O presidente do IPT considera que “conjuntamente, temos que aproveitar muito bem este Fundo de Transição Justa”.

A cerimónia contou com presença da comunidade do Instituto Politécnico de Tomar, reunida no auditório principal da ESTA, em Abrantes, bem como representantes das mais diversas entidades e instituições parceiras, nomeadamente a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, representada pelo presidente Manuel Jorge Valamatos, igualmente autarca da Câmara Municipal de Abrantes, e a vereadora com o pelouro da Educação, Celeste Simão.

Também presente esteve o primeiro diretor da ESTA e ex-presidente do IPT, Eugénio Almeida, juntamente com o vice-presidente do IPT, Nuno Madeira, e o grupo de pró-presidentes da instituição.


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