Que a tecnologia transforma a vida das pessoas nós já sabemos, mas, indo um pouco além, é certo dizer que ela mudou completamente a maneira como as pessoas se conectam com as produções de conteúdo. O som é um dos principais exemplos disso: audiobooks, podcasts e smart speakers – os famosos assistentes por voz, como a Alexa e a Siri – provam com todas letras que estamos diante de uma nova ‘Revolução Vocal’.
Se pararmos para lembrar, há menos de 100 anos isso aconteceu com o rádio, quando, na década de 40, essa plataforma inovadora alterou toda a concepção da sociedade sobre o que era o áudio. Ou seja, também se tratava de uma ferramenta tecnológica como aquelas que vêm se destacando atualmente, assim como a população passou a ter um novo padrão de consumo.
Então, se em outra época as pessoas paravam para ouvir músicas, programas especiais e radionovelas naquelas mídias, hoje as plataformas digitais como o Spotify dão a oportunidade delas escutarem podcasts a qualquer momento do dia, adaptando esse hábito à rotina.
Portanto, uma vez que interagimos de um modo totalmente inédito com as novas tecnologias para consumir um conteúdo em específico, podemos afirmar com toda a certeza que estamos adentrando cada vez mais na revolução vocal. E as empresas estão querendo levar essa era a outro patamar.
Como os conteúdos de áudio vêm sendo desenvolvidos?
Já que os consumidores seguem buscando por conteúdos em áudio impulsionados por novas ferramentas emergentes, o mercado também acompanha as novidades que chegam ao horizonte. O próprio Spotify é um expoente disso: recentemente, a marca anunciou que vai usar a tecnologia Whisper, da OpenAI (desenvolvedora do ChatGPT), para traduzir e transcrever programas de podcast em diferentes idiomas.
E a plataforma não é a única empenhada em disponibilizar programas em outras línguas. Apenas para citar mais um caso, a PodcastOne trabalha com a companhia de Inteligência Artificial (IA) Rask AI com o objetivo de realizar a tradução de podcasts para o espanhol; o primeiro produto dessa categoria que foi traduzido por meio da parceria é a série de mistérios criminais ‘Bad Bad Thing’.
Inclusive, a IA também vai além da clonagem de vozes e já demonstrou ser uma grande aliada dos podcasters através de ferramentas como a Resound, que auxilia na edição desses conteúdos. A sua finalidade é automatizar as produções em áudio, permitindo que o usuário reduza os barulhos de fundo para ressaltar os diálogos e normalizar o volume das faixas automaticamente.
Isso sem falar da IA generativa, como o já mencionado ChatGPT, que pode auxiliar na criação de roteiros para gravações dos episódios. Um levantamento do The Podcast Host é prova disso, visto que foi feito a partir do banco de dados do chatbot, procurando entender os pontos que poderiam ser negativos para os ouvintes de podcast.
Dessa forma, na pesquisa foram extraídas percepções extremamente valiosas sobre o mercado, visando a melhoria das produções. A tecnologia da OpenAI indicou as apresentações prolongadas, anúncios e patrocínios excessivos, baixa qualidade de áudio, comportamento do host desalinhado ao público-alvo e falta de interação como os fatores que tornam um programa ruim.
São observações que servem como um norte para que criadores se atentem a pontos importantes e possam produzir um podcast de sucesso. O que está em jogo não são apenas alguns “insights bônus”, e sim recursos que mudam os rumos de um negócio, afinal, envolvem diretamente as tendências que estão chegando à sociedade neste exato momento.
Em outras palavras, é uma revolução. E, com todos esses personagens e soluções que fazem parte dela, não há dúvidas de que nos próximos anos o modo como entendemos o som e as nossas vozes será ainda mais cercado de inovações, impactando a forma como nos relacionamos, conectamos e consumimos conteúdos de áudio no dia a dia.
Por Marcio Brant, CEO e fundador da Wepod, maior produtora especializada em podcasts corporativos do Brasil.
Foto: Freepik
Crédito: Link de origem



Comentários estão fechados.