Bassó Pires: «Não podemos ser aquele país pequeno, que só vai para participar. Temos de ir para ganhar – Desportos de combate

Mentalidade ganhadora. É isso que o kickboxer português quer passar aos mais novos



Bassó Pires com João Diogo, o seu treinador


Depois de em 2021 ter competido pela Guiné-Bissau, o seu país natal, Bassó Pires participou na semana passada nos Mundiais de kickboxing WAKO com as cores de Portugal, o país que o acolheu em definitivo em 2014 – depois de muitos avanços e recuos na sua vida, como o próprio contou há dois anos ao nosso jornal. E foi mesmo da sua responsabilidade o único pódio conseguido no ringue, mercê da sua atuação numa caminhada que o próprio assumiu ter sido aquém do esperado.

Mesmo assim, ainda que ambicione mais, o atleta da KO Team espera que esta sua performance, e toda a sua história, sirva de inspiração e, também, que estes campeonatos sejam um ponto de viragem no nosso país. “Ter trazido a WAKO a Portugal é muito importante para que outros atletas acreditem. Esse é também um dos meus propósitos enquanto atleta. Mostrar que somos capazes, que temos valor e que vamos mostrar isso. Não é aquela história de ser um país pequeno, que só vai para participar. Temos de ir para ganhar. Temos de incutir essa mentalidade nos jovens, essa mentalidade vencedora. Foco-me no que consigo controlar, que são as minhas capacidades e performance. O resto é com Deus. É muito importante ter acontecido isto em Portugal”, admite.

Como também foi importante para o próprio a evolução notória que o próprio teve do Bassó de há dois anos para de hoje em dia. “Mudei muito enquanto pessoa e atleta. Há dois anos falhei não fisicamente, mas emocionalmente. Desta vez, nas meias-finais aconteceram coisas engraçadas, coisas que não consegui controlar, como a arbitragem, mas consegui não perder o controlo da minha emoção. Sinto que evoluí muito. É claro que gostaria de ter chegado mais longe, mas fico feliz por não me ter envolvido emocionalmente numa coisa que não consigo controlar, como a arbitragem. É uma aprendizagem. É um percurso, gostei bastante do processo. E estou muito grato”, explica.

Um título para o treinador

Orientado por João Diogo na KO Team, Bassó Pires assume que uma parte da sua tristeza por não ter conseguido o ouro passa também por não ter dado ao seu técnico essa conquista. “Queria dedicar o ouro ao meu treinador, que até hoje ainda não conseguiu ter um atleta medalhado de ouro. Gostaria de ser eu a dar-lhe essa felicidade e enchê-lo de orgulho. Ele batalha muito por nós, seria uma forma de demonstrar que o trabalho dele não é em vão. Os sacríficios que ele faz por nós… Não foi desta vez, mas o trabalho continua”, apontou.

Com uma certeza, aquilo que faz agora inspira e inspirará. “Tenho a certeza. Estou mesmo orgulhoso do meu percurso. Comecei tarde, mas estou num dos melhores campeonatos do mundo. Ter chegado onde cheguei, não tem como não inspirar. Estive no ringue como o número 1 do ranking. Ter estado lá e chegado onde cheguei. Não tem como não dar esperança e inspirar. Gostaria e acho que vai acontecer”.

Uma vida focada no kickboxing

Longe vão os tempos em que Bassó Pires tinha de conciliar os treinos com outra atividade profissional. Agora, o foco é total no kickboxing e é de forma curiosa que ao nosso jornal o atleta de 30 anos explica a sua vida. “Costumo dizer que sou atleta profissional de kickboxing e treinador em part time. O meu foco é ser atleta, tenha idade e vitalidade. Mas o que me sustenta é o ser treinador”, assume, detalhando depois aquilo que tenta transmitir nessa função, que passa por aulas de grupo 3 vezes por semana e ainda sessões de treino particulares.

“Procuro ensinar a modalidade aos atletas, mas também dar ensinamentos de vida. Acho que todos deviam fazer kickboxing. Porque dá para tudo. Não é por treinar todos os dias que vais ganhar. É como na vida. É tudo numa lógica de não desistir, a consistência leva-nos longe. Tudo o que é grande leva o seu tempo, não devemos ter pressa do processo, mas sim desfrutar dele. Não é fácil, mas também o difícil não é sinónimo de impossível. Não basta querer, tens de trabalhar. Quando caíres voltar a levantar-te. Ganhamos e perdemos. Tanto ganhando ou perdendo fica sempre uma aprendizagem. Perdi, aprendi. Ganhei, mas também aprendi. Importa é o que vais tirar dali”, finalizou.

Por Fábio Lima


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