A Guarda Municipal da cidade do Rio de Janeiro (GM-Rio) recebeu no dia 24 de novembro os cônsules Pedro António dos Santos, de Cabo Verde e Mateus de Sá Miranda, de Angola, para uma participação especial na 4ª Edição da Semana Solene da Consciência Negra. O evento contou com diversas atividades para “celebrar a data em homenagem a Zumbi dos Palmares e de consciencialização sobre a importância da cultura africana para o Brasil, bem como de combate ao racismo, à discriminação, à exclusão e à desigualdade”.
Os cônsules participaram numa mesa de conversa sobre a Diáspora Africana, que é o tema do evento e se caracteriza pela imigração forçada de africanos durante o tráfico transatlântico de escravizados. A mesa também foi composta pela guarda municipal Nadia Marinho dos Santos, que é pós-graduada em Direitos Humanos e Relações Étnico-raciais e de Género e pelo guarda municipal Carlos Eduardo Madureira, como mediador. Ainda participaram no evento como convidados sete alunos e a presidente do Instituto Beija Flor, Selminha Sorriso.
Durante a conversa, os cônsules contaram parte da história das suas nações, falaram da relação com o Brasil e das trocas entre os países e também sobre racismo. Há 22 anos no Brasil, o cônsul de Cabo Verde, Pedro António, destacou que a questão racial não é tão acirrada no país dele como no Brasil e que ele teve que aprender mais sobre o tema, além de ter vivenciado o desafio do combate à discriminação na nossa nação. Já o cônsul de Angola, Mateus de Sá Miranda, sublinhou as contribuições do país africano para o Brasil.
“Sem os africanos, a nação brasileira não seria o que é hoje”, destacou este responsável num dos momentos da mesa.
Já a guarda municipal Marinho falou sobre os desafios para os operadores de segurança lidarem com o tema no dia a dia profissional, destacando que é necessário saber identificar o que é racismo, porque ainda há muita suavização e descaracterização do preconceito na nossa nação. Os três palestrantes destacaram a Educação como forma de se vencer o racismo e qualquer tipo de discriminação. Ao término do evento, o cônsul de Cabo Verde agradeceu o convite de Guarda Municipal e deixou um recado para as crianças presentes na plateia.
“Estar aqui na Guarda Municipal pela segunda vez é uma satisfação para mim. Eu saio de casa para cá e me sinto em casa quando chego aqui. Para as crianças, quero deixar um ensinamento: as raízes da educação são amargas, mas os seus frutos, maravilhosos”, concluiu o cônsul.
Durante a Semana da Consciência Negra foram realizadas diversas atividades de valorização da cultura africana, como a exposição fotográfica “Herança da Memória”, que fez uma releitura da Diáspora Africana, mostrando reis e rainhas que teriam chegado por vontade própria ao outro lado do Atlântico; um colóquio inter-religioso, com guardas municipais representando o candomblé, o protestantismo, o islamismo e a umbanda; apresentações especiais da Banda de Música da GM-Rio e também de guardas que são capoeiristas na tradicional Roda de Capoeira que aconteceu no dia 20 junto ao monumento de Zumbi dos Palmares e no Cais do Valongo, além do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab); e eventos no Ciep Brigadeiro Sérgio de Carvalho, em Campo Grande, e na Praça Susana Naspolini, em Realengo, na Zona Oeste da cidade.
“A nossa Semana Solene da Consciência Negra está ultrapassando os muros da Guarda Municipal e está chegando inclusive a instituições que são nossas coirmãs e que querem saber como estamos conseguindo fazer esse evento. A nossa resposta é que estamos realizando esse trabalho com carinho, conhecimento e muito respeito”, concluiu o chefe de gabinete da GM-Rio, inspetor regional José Pedro Filho.
Ígor Lopes
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