Lisboa Fashion Week abre com Arndes, DuarteHajime, Filipe Cerejo e Niuka Oliveira

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11 de out. de 2023

O primeiro dia da ModaLisboa À La Carte abriu com os desfiles do Sangue Novo, prosseguindo com os da Arndes, DuarteHajime, Filipe Cerejo e Niuka Oliveira, como uma degustação provada ao longo da noite. A noite de sexta-feira, 6 de outubro, foi assim inaugurada com o show de Niuka Oliveira, seguindo-se Filipe Cerejo.

Niuka Oliveira – primavera-verão2024 – Womenswear – Lisboa – Foto: Helena Osório

Niuka Oliveira: desfragmentação

Niuka Oliveira de São Tomé e Príncipe, formou-se em Design de Moda na Escola Artística e Profissional Árvore e no Modatex Porto. Ainda estudante, participou em vários concursos internacionais, tendo conquistado o 3.º lugar do austríaco Euroskills em 2021, e vencendo o prémio Tintex Textiles do concurso Sangue Novo da ModaLisboa, na edição de março passado.

Niuka apresentou a sua Perspective, “uma coleção que faz a reflexão das aprendizagens”, o que “passa pela desfragmentação de algumas ideias e dúvidas sobre a identidade”, pode ler-se no site da ModaLisboa, em Modalisboa.pt.

Filipe Cerejo: divindades híbridas

Por sua vez, Filipe Cerejo, conta com um percurso internacional, não obstante ter passado os primeiros tempos de dedicação à moda também no Porto. Logo partiu rumo a Londres, ingressando na Middlesex University, onde se licenciou em Design de Moda, em 2021, e trabalhou como Menswear Designer na ASOS. Em março de 2022, conquistou o prémio Polimoda do concurso Sangue Novo da ModaLisboa, que o levou a Florença onde tirou o mestrado em Collection Design na prestigiada escola de moda. 

Filipe Cerejo – primavera-verão2024 – Menswear – Lisboa – Foto: Helena Osório

Filipe falou-nos em primeira mão sobre a sua coleção de moda masculina Symposium, que se inspira no livro “Ragazzi”, uma obra de Helbig Konrad que retrata a beleza jovem e masculina. “A inspiração é uma parte interessante das coisas que me rodeiam pois sempre tive a necessidade de mostrar um bocado mais de mim e de ser mais confiante comigo mesmo, esse foi o ponto fulcral. Symposium (ou ‘O Banquete’ é, juntamente com o Fedro, um dos dois diálogos de Platão cujo tema principal é o amor, ndr), vem desse grupo de deuses gregos que se juntam numa reunião ou festa para celebrar o amor, a sensualidade.”

“Comecei por observar estas estátuas sem género, em que não se sabe bem se é homem ou mulher”, confessa ainda à FashionNetwork.com. “Tentei criar um pouco a ilusão dos materiais pois é também a minha identidade criar este burburinho do que é aquilo e do que é feito. Neste mestrado tive a possibilidade de trabalhar uma malha (geralmente é um ponto normal de jersey clássico e eu trabalhei em seda), para criar inovação na coleção. Então, todas as peças têm esta sofisticação e sensualidade, brilho, partindo de uma malha que não é vista geralmente daquela forma. Sustentável também porque os tons crus que aparecem nos cardigans e calções surgem na malha também de seda natural não tratada, no sentido que se algum dia a pessoa se quiser livrar da peça pode reciclá-la porque não tem tingimento”.

Filipe Cerejo – primavera-verão2024 – Menswear – Lisboa – Foto: Helena Osório

“As minhas peças são masculinas o que não quer dizer que não possam ser usadas de forma híbrida, por mulheres. Até mesmo o oversize dá a possibilidade de as pessoas vestirem as minhas peças confortavelmente, sem a preocupação se vai servir ou não.”

Nascido e criado no Porto, revela que a Invicta “está sempre nas minhas coleções. Reserva as minhas influências mais profundas que acabam por vir do meu background”. Apesar de estar a criar obra para o estrangeiro, quer continuar a apresentar moda para a Filipe Cerejo, seja no site em Filipecerejo.com, onde “vão estar disponíveis peças mais comerciais; ou em showroom, peças por encomenda, o que leva sempre três semanas a confecionar no sentido de não fazer uma produção gigante que vai para desperdício” conclui.

Arndes: liberdade criativa

A este desfile segue-se aquele da Arndes cuja mentora, Ana Rita de Sousa, também explicou o mote à FashionNetwork.com: “Não parto de nada específico, dou continuidade de uma coleção para as outras. É algo natural, não tenho nenhuma inspiração em concreto. Utilizei peles, Cupro, bastantes malhas e algodão. Tenho também muitos materiais de dead stock e peças em segunda mão. Todos os materiais que utilizei eram mesmo restos”, diz a designer do Grande Porto, cujo nome da marca, Arndes, “nasceu há anos de Ana Rita Nogueira de Sousa”, frisa.

Arndes – primavera-verão2024 – Womenwear – Lisboa – Foto: Ugo Camera

Formada em Design de Moda pelo Modatex Porto, em 2019, e já antes especialista em Realização Plástica de Espetáculo pela Escola Artística de Soares dos Reis, Ana Rita estagiou no atelier de Luís Buchinho, tendo vencido em 2021 o primeiro prémio do Sangue Novo, que lhe proporcionou também a ingressão no mestrado em Collection Design na Polimoda. 

Esta sua nova coleção, intitulada Freestyle, acaba por ser “um convite para explorar a liberdade criativa existente no mundo da moda sem pensar nas suas limitações”, lê-se em Modalisboa.pt. “Eu tenho alguma dificuldade em desfazer-me das minhas peças porque são todas únicas e ainda não pensei em vendê-las”, acrescenta por sua vez à FashionNetwork.com. “Eventualmente vai chegar um dia que as vou ter de vender, mas tenciono criar um momento para todas elas. É outra coleção das minhas coleções.”

DuarteHajime: a nova marca de Ana Duarte

Ana Duarte é uma ilustradora profissional, com cinco livros publicados. Nesta edição da ModaLisboa À La Carte, lança os novos estampados exclusivos da sua marca DuarteHajime cuja palavra japonesa Hajime, que significa “início”, acrescentou e revelou na edição de março passado da passerelle lisboeta. Teve já uma menção honrosa no concurso Sangue Novo, em 2016, e venceu o prémio C.L.A.S.S. Icon 2021, “para criativos visionários que combinam design, inovação responsável e comunicação”.

DuarteHajime – primavera-verão2024 – Womenwear-Menswear – Lisboa – Foto: Helena Osório

Esta sua coleção Arcade, evoca “um espaço interior que contém máquinas de jogos operadas a moedas”, tendo o desfile aberto precisamente com jogadores sentados na passerelle obcecados com os seus videojogos.

Os padrões nasceram com esta tendência que regressa aos centros arcade, no início dos anos 70, alertando para o “mundo em constante evolução, em que a Inteligência Artificial é agora parte das nossas vidas”, e inspirando-se “nos jogos 8-bit e na estética dos pixéis, onde os humanos ainda tinham controlo total sobre a tecnologia”, explica melhor a ModaLisboa. 
 

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