Conservatório: Qualidade da Escola Profissional atrai alunos do país e de fora

Lídia Barata – 28/09/2023 – 8:00

Alentejo, Setúbal, Viseu e PALOP, são várias as origens dos alunos que antecipam a saída de casa dos pais para estudar música na cidade.

Direção quer dar as melhores competências a estes alunos

Para 17 vagas, a Escola Profissional de Música do Conservatório de Castelo Branco recebeu, neste que é o seu segundo ano de atividade, 70 candidaturas. Os alunos chegam de várias geografias, nacionais e além-fronteiras. Em comum, na bagagem trazem a procura da excelência musical e o desejo de aprender com os melhores.

João Pedro Delgado, diretor da Escola Profissional de Música do Conservatório, recorda que no ano passado “era o primeiro ano, era tudo novo e, mesmo assim, as coisas correram muito bem”. Chegaram logo “alguns alunos provenientes de outros pontos do país e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas este ano conseguimos apurar ainda mais a seleção de alunos. Escolhemos dentro de critérios que para nós são importantes, para ir de encontro também aos interesses dos parceiros institucionais. Temos de ter uma percentagem grande de alunos de Castelo Branco, para dar perspetivas futuras de formação em música para quem vive cá, mas, por outro lado, é importante receber alunos que vêm de outras cidades, porque é sinal que se sentem atraídos pela nossa escola e pela qualidade artística, técnica e pedagógica que oferece”.

Este fluxo também alimenta a economia local, “colocamo-los em residenciais, alugamos apartamentos, proporcionamos-lhes as refeições e tudo isso movimenta a economia, um investimento mensal muito grande para estarem cá o ano inteiro durante três anos”.

Além dos da casa, chegaram alunos do Crato, Alter do Chão, Moura, Sines, Viseu e Setúbal, “uma grande cidade, com alunos com muita qualidade que optaram por sair de casa dos pais e vir pela qualidade do nosso ensino e dos nossos professores, porque querem aprender e ter formação com o professor de violoncelo, de saxofone, de violino… ou seja, a qualidade do corpo docente levou as famílias a fazer o esforço de deixar vir os seus filhos para a nossa escola”. Há ainda um contingente de cinco alunos que vieram de Cabo Verde e Angola. No ano passado vieram de São Tomé e Príncipe.

João Pedro Delgado afirma que “a Escola Profissional de Música do Conservatório está a atrair pessoas de outras escolas, cidades e de muito longe para Castelo Branco”.

O ensino que aqui se pratica “transforma a vida de todos, mas ainda mais de quem vem de países com dificuldades de desenvolvimento económico e onde não há ensino de música, muito menos a este nível. Estão ligados a instituições de ensino ou religiosas onde há instrumentos, mas não há quem ensine”. João Pedro Delgado explica que “alguns vêm formar-se como quadros para voltarem aos seus países e poderem ensinar os miúdos e começar a ter uma dinâmica de ensino da música. Outros querem prosseguir estudos e o Profissional tem de se adaptar às necessidades e aspirações dos alunos. Temos aqui alunos de topo, cujo objetivo é a excelência musical internacional, pelo que quando terminarem aqui, vão ter uma capacidade tal, que serão capazes de ser admitidos em qualquer universidade do mundo. Onde forem à procura têm de ser admitidos e temos de lhes dar essa qualidade”.

No próximo ano letivo haverá as primeiras Provas de Aptidão Profissional. “Queremos convidar para júri professores das várias escolas do país e estamos convencidos que a nossa escola se ainda não for a melhor, será quase. E este não é um orgulho vazio, porque não estamos a vender ilusões aos nossos alunos, mas sim a responder à qualidade que eles procuram, porque estas provas não são por médias, mas pela qualidade que apresentam”. Levam daqui “uma experiencia de grande profundidade técnica e artística”.

 

TESTEMUNHOS Os alunos que chegaram estão confiantes e os do segundo ano reconhecem que valeu a pena a aposta, como é o caso de Tuliana Menezes, aluna de violoncelo, que chegou no ano passado, de Sines. “Tinha penado ir para a Covilhã, mas depois de ver a oferta da Escola, por sugestão do professor, escolhi Castelo Branco”, conta ao Reconquista. A saída de casa dos pais não foi a principal barreira, mas reconhece que o acolhimento que teve (alojamento, refeições) facilitou. Depois de concluir o curso pretende entrar na faculdade e fazer mestrado. “Quero ser professora de música, porque tenho de pensar na sustentabilidade financeira, mas sem deixar de continuar a fazer concertos”, apesar de ainda estar a acertar alguns pormenores.

mais longe chegou Lissa Varela, que teve aqui o seu primeiro contacto com a música. “Estava a estudar no 12.º ano em Cabo Verde, em Ciências Tecnológicas, mas já tinha ideia de vir estudar para Portugal, mas não pensava vir tão cedo. A minha mãe viu uma informação sobre esta Escola no Facebook e inscreveu-me. Quando percebemos que era a sério, consegui o visto da embaixada e vim”, recorda Lissa, revelando que aqui concretizou o seu sonho de criança. “Desde pequena queria aprender a tocar guitarra e aqui tive essa hipótese. Este foi o meu primeiro contacto com a música e está a correr muito bem. Novas pessoas, novos hábitos, mas os professores, os funcionários, todos me acolheram bem”. Quando terminar o terceiro ano “não sei se será o suficiente, mas se não for, vou pedir para ficar mais um ano, para depois entrar na universidade, porque quero levar a música para a minha vida toda”.

Mais hesitante esteve Tomás Fialho que só este ano decidiu deixar o Baixo Alentejo e rumar à Beira Baixa. Vem de Moura, onde toca saxofone na Banda Filarmónica Os Amarelos. “O meu professor estava ligado à música e foi ele que lhe indicou esta Escola. No ano passado achei ainda um pouco prematuro e fui para Ciências e Tecnologias, mas no fim do curso, cheguei à conclusão que queria mesmo era música, apesar de terminar com média de 17. E então este ano decidi vir. Sai de casa dois anos mais cedo que o previsto, mas a família apoia-me”. Em termos futuros, “quero ser músico profissional, continuando a tocar o saxofone”.

Atingir a excelência é o seu objetivo, tal como o da colega Joana Poupinha, violinista, que chegou de Setúbal. “O meu pai viu o anúncio deste curso profissional na internet e inscreveu-me. Eu estava no articulado, mas não estava a ter espaço, horas de estudo para seguir o que queria mesmo, que era a música. O Profissional é mais intensivo, mas aqui tenho horas de estudo e estudo acompanhado, o que também é importante”.

Daqui espera levar ferramentas que abram muitas portas, porque “a saída profissional que gostava era ganhar a vida a tocar. E se pudesse sair de Portugal, prosseguir estudos nos Países Baixos ou Alemanha”

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