A Companhia algodoeira britânica Plexus Moçambique Limitada, em Cabo Delgado, encerrou actividades desde 2022, deixando numa situação de total abandono os trabalhadores com ordenados em atraso e uma divida que move um processo judicial desde Janeiro de 2023.
A informação consta num anúncio da 2ª Secção Cível do Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, de 12 de Janeiro do presente ano, decidindo que “da acção emergente de contrato de trabalho com processo ordinário nº 11/2022 – 2ª Secção, movida pelo autor Francisco da Camara Celyndo Rezenda, residente na cidade de Pemba, no bairro de Cimento e representado pelos seus mandatários judiciais, Fanito Salatiel e Hélio Veda, move um processo contra a Plexus Mozambique, Limitada, com sede na cidade de Montepuez”.
O Tribunal Judicial de Cabo Delgado, ainda notificou aos credores da PLEXUS, através de um documento datado de 05 de Abril, do ano em curso, para que apresentem as suas reclamações
Esta ação judicial surge depois de o Governo já ter anunciado, em maio, estar à procura de investimento para os campos de algodão ora abandonados pela companhia Britânica na Província de Cabo Delgado.
O tribunal divulgou uma tabela com as dívidas da Plexus conhecidas até ao momento, 95% das quais contraídas junto de quatro bancos: Moza Banco, BCI, Access Bank e Societe Generale. O Moza é credor de 197 milhões de meticais (2,7 milhões de euros), o BCI de 127 milhões (1,7 milhões de euros), o Access de 110 milhões (1,5 milhões de euros) e o Societe Generale de 58 milhões (813 mil euros).
Além dos bancos, estão identificados 3,4 milhões de meticais de salários que ficaram por pagar, sendo o resto da dívida identificada ao fisco e segurança social. No documento, a empresa britânica em justificação apontou os prejuízos provocados por ciclones e o impacto da violência armada em Cabo Delgado para justificar um desempenho financeiro em deterioração desde 2016 e o fim das operações em 2022.
Estima-se que cerca de 200 trabalhadores tenham ordenados em atraso e que 50 mil produtores de algodão e suas famílias em Cabo Delgado estejam desde 2022 com dificuldades para escoar a matéria-prima que até então entregavam à Plexus.
Em complemento ao anúncio feito em maio pelo ministro da Agricultura, Celso Correia, de que há contactos em curso para encontrar novos investidores, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, disse também este mês numa visita ao distrito de Montepuez, onde funcionava a sede da Plexus, que há diligências em curso para revitalizar o sector.
Uma das ferramentas será um concurso público que decorre para identificação de empresas interessadas e com capacidade técnica comprovada para o fomento da cultura de algodão no país.
De acordo com dados do seu site na internet, fora do campo de algodão, a empresa possui duas fábricas de descaroçamento com capacidade anual combinada de 60 mil toneladas métricas de algodão em caroço, uma vez que o algodão da Plexus de Moçambique é totalmente rastreavel.
Aurélio Sambo – Correspondente
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