A Unidade Operacional em Governação Eletrónica da Universidade das Nações Unidas (UNU-EGOV), instalada em Guimarães, quer passar a Instituto, um reconhecimento que implica um aumento da dotação financeira atribuída pelo Estado português.
A pretensão foi manifestada hoje publicamente pela diretora no decorrer de um visita do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, às instalações da UNU-EGOV, na zona de Couros.
Delfina Soares referiu que este passo está apenas dependente da «vontade política» do governo português.
«É preciso haver vontade política da equipa reitoral da UNU em Tóquio e do governo português. Do lado de Tóquio há esse desejo de converter a UNU-EGOV em Instituto, agora precisámos que do governo português haja a mesma vontade», disse a responsável, afiançando que esta unidade de investigação em Guimarães equipara-se a outros organismos ou centros de investigação da rede e está num «excelente caminho», contribuindo para a projeção do nome e da marca de Portugal na área da Governação Eletrónica no mundo.
Esta visita, na qual Augusto Santos Silva esteve acompanhado dos deputados André Coelho Lima (PSD) e Alexandre Quintanilha (PS), decorreu na sequência da aprovação na Assembleia da República do acordo suplementar assinado entre a Universidade das Nações Unidas e a República Portuguesa, que prolonga o acolhimento da Instituição em Portugal até ao final deste ano.
Participaram também o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, o presidente da CCDR-N, António Cunha, e o vice-reitor da Universidade do Minho para a Transformação Organizacional e Simplificação Administrativa, Luís Amaral
Depois da apresentação dos projetos, atividades e linhas de investigação da Unidade, Delfina Soares aproveitou para solicitar o apoio de todos os presentes no sentido de sensibilizar o governo a criar as condições para transformar a UNU-EGOV em Instituto.
UNU- EGOV promove Portugal
Aos jornalistas, a diretora referiu que a UNU-EGOV tem disseminado pelo mundo o nome e a imagem do país, sendo hoje uma Instituição reconhecida a nível da investigação, desenvolvimento de serviços e formação de funcionários públicos e governamentais, a nível da transição digital.
«Quando se fala com investigadores, com pessoas desta área relacionada com Governação Digital, elas imediatamente associam à cidade de Guimarães, não só a Portugal. Acho que este reconhecimento é uma mais-valia para Portugal», disse.
Nestes últimos anos, a nível externo, a Unidade tem trabalhado com Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa como S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, e países do Médio Oriente (Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos), para além outros organismos internacional. Em Portugal, tem colaborado com a Agência para a Modernização Administrativa, Universidade do Minho, Câmaras Municipais, Ministério da Justiça, etc.
Esta Unidade, criada em 2014, pertence à rede das Universidades das Nações Unidas, constituída por 13 Institutos, dos quais seis estão presentes na Europa. Tem como missão apoiar as Nações Unidas na transformação dos mecanismo de governação através da aplicação das tecnologias digitais. As UNU não recebem financiamentos das Nações Unidades, são os Estados que suportam a sua atividade que se assenta em quatro áreas: investigação, consultoria e assessoria, capacitação e criação de redes.
Diretora espera decisão do Governo
Questionada se o trabalho da UNU em Guimarães pode ficar em causa se não houver uma decisão política do governo até ao final do ano – altura em que termina o acordo – , a diretora garantiu que a Unidade não irá encerrar.
«Nós temos uma boa relação com o governo português e acreditamos que a República Portuguesa é uma entidade de bem e se nos acolheu até agora há essa intenção de continuar a acolher. A vinda do sr. presidente da Assembleia da República, que muito nos honrou, é para nós também um sinal, dá-nos alento», disse Delfina Soares, revelando que tem pedida uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros para debater esta questão.
A diretora espera que nesta reunião se comece a pensar se a UNU é para transitar para Instituto ou não, e na sua viabilização, ou seja, como é que as contribuições serão pagas.
«O que espero é que esse processo decorra tão rápido quanto possível, para não haver aqui nenhum interregno, nem haver nenhum elemento que possa afetar o nosso desempenho», disse.
Unidade Operacional em Governação Eletrónica, instalada na zona de Couros, tem contrato com o Estado português até ao fim do ano.
Delfina Soares referiu que a UNU-EGOV «não é um elefante branco», pois seus projetos nos últimos três anos geraram verbas 1.4 superiores ao valor recebido do governo português.
O ano passado, a UNU mais do que duplicou o número de investigadores, sendo a equipa atualmente constituída por 41 pessoas de 19 nacionalidades, entre investigadores e pessoal administrativo. Do total, 18 são portugueses.
Questionado sobre esta pretensão da UNU- EGOV passar a Instituto, o presidente da Assembleia da República respondeu que essa é uma questão do poder executivo, não legislativo. Contudo, Augusto Santos Silva reconheceu que esta Unidade «tem servido para fomentar ou incrementar a cooperação no âmbito dos PALOP» na área da Governação Eletrónica.
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